Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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terça-feira, 15 de setembro de 2009

Águas de outro mar - por Caio Sílvio

Me encontro em intensa atividade particular. Para me redimir com o blog nesta passagem de um dia para outro, postei estra letra de uma música de Caio Sílvio e cantada por Amelinha. Um belo arranjo, um clima bem diferente daqui do sudeste. Quando me encontro nalgum morro de Paracuru, tenho a sensação de outros mares, de uma fronteira da terra, perto do Caribe ou alguma viagem pelos ventos, no luar através do universo das palhas do coqueiral. Este momento é muito especial, a fronteira que me ultrapassa o cotidiano e me faz amar ainda mais a Tereza. Ela desconfia, mas nem imagina quanto, só Paracuru pode isso representar.


Estar com você me faz despertar
Praias desertas, jandaias, noites de luar

Bronze na pele a me enfeitiçar
Te vejo toda molhada
Em águas de outro mar

Mar dos desejos do corpo, a flutuar
Nessas paisagens morenas e tontas de luar

Mares do sul, Tahiti, Paracuru
Essas paisagens morenas são feitas para amar

Tonto de amor vou te deixar
No verão eu volto a te encontrar

III Mostra BNB da Canção Brasileira Independente - Por : Tânia Peixoto

Foram cancelados três shows na Mostra da Canção Brasileira Independente.
Foram eles:

Conjunto Nossa Chama - Dia 16/09
Renato Brás - Dia 17/09
J Mendes e Grupo Retrilhos - Dia 18/09
A programação fica da seguinte forma:

III Mostra BNB da Canção Brasileira Independente
Dia 17, quinta-feira
19h Simone Guimarães (SP). 120min.
Dia 18, sexta-feira
18h30 Lifanco: Solto No Meio do Mundo. 60min.
Dia 19, sábado
19h30 Luis Carlos Salatiel: Contemporâneo 60min.
Dia 23 quarta-feira
18h30 Banda Sol na Macambira (CE) 60min.
19h50 Escurinho (PB). 60min.
Dia 24, quinta-feira
18h30 Abidoral Jamacaru (CE). 60min.
19h50 David Duarte (CE). 60min.
Dia 25, sexta-feira
19h Xangai (BA), Kátia de França (PB), Khristal (RN). 120min.
Dia 26, sábado
19h Kleber Albuquerque (SP), Selma Carvalho (PA), Carlos Carega (SC). 120min.

Quando a fé protege - Por :Armando Rafael- Foto : Heládio Teles Duarte

A fé no Padre Cícero, por parte de humildes nordestinos, é altamente vulnerável a críticas e ataques “contundentes” de pessoas que se julgam superiores a esses irmãos excluídos, cujo único patrimônio é a esperança de melhores dias.

Na 1ª Epístola aos Coríntios, versículos 20-21, São Paulo escreveu: “Onde está o sábio? Onde o erudito? Onde o argumentador deste mundo? Acaso não declarou Deus por loucura a sabedoria deste mundo? Já que o mundo, com a sua sabedoria, não reconheceu a Deus na sabedoria divina, aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura de sua mensagem”.

Já no Evangelho de Mateus, 5-1,12 constam as palavras de Jesus:

"Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o Reino dos Céus.

"Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados.

"Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a Terra.

"Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos.

"Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia.

"Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus.

"Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus.

"Bem-aventurados os que têm sido perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus.

"Bem-aventurados sois, quando vos injuriarem, vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. Alegrai-vos e exultai, porque grande é o vosso galardão nos Céus; pois assim perseguiram aos profetas que existiram antes de vós."


Texto de Armando Rafael
Foto de Heládio Teles Duarte

Um cardápio, quase inventado, mas comprovadamente legal !- Por Socorro Moreira


Hoje fui dar uma voltinha lá no Juazeiro pra descansar minhas teclas. Encontrei o Prof. Zé Nilton e, atropeladamente, trocamos algumas figurinhas. Para minha surpresa confessou que vem testando as nossas receitas. Justo hoje , que eu tive uma experiência engraçada na cozinha. Fiz dois pratos sem receitas , e deu certinho !
A primeira foi uma lasanha. E eu não tinha no armário a massa, aquela que a gente compra pronta. Mas eu precisava gastar o meu presunto, a minha mussarela, e a carne moída, que já estava temperadinha.
Fiz uma receita básica de panquecas : 1 ovo, 1 copo de leite , 1 copo de farinha de trigo e uma pitada de sal. ( 10 porções).
Preparei um molho vermelho, acrescentando à carne moída um pacote de molho de tomate com manjericâo; fiz o molho branco , o básico bechamel, no qual não deixo de acrescentar uma pitada de noz moscada, e substituir , às vezes, o creme de leite por uma colherada de requeijão light.
_ Ralei um queijinho, e fiz a montagem: molho de carne, panquecas abertas, presunto, molho branco, e fui alternando. Em todas as camadas salpiquei o queijo ralado. A última camada de panquecas foi coberta por mussarela, molho branco e o queijo do gratinado. Uns 15 minutos em forno pré-aquecido, e pronto. Minha secretária olhou pra mim espantada , e disse : como se inventa uma lasanha do nada ? Pois é , gente... Basta ter o básico, no armário.
Como já estava com a mão na massa fiz um bolinho para os diabéticos .

Bolo de Aveia com maças :

Tempo de preparo ( 10 min.)

- 2 xi de farinha de trigo
- 1 xi de aveia ( não precisa ser flocos finos)
- 3 ovos
-4 maças picadas
- 1 colher bem cheia de Becel
- 1 copo de leite desnatado
- 1 colher de chocolate
- canela
-1 xi de açúcar mascavo ou 1/2 xi de "tal e qual "

Método : bater o açúcar com a margarina e os ovos , até obter um creme clarinho. Acrescentar a farinha de trigo, a aveia, o leite, o achocolatado, canela , e as maças picadas. Forma untada e polvilhada. Forno quente. Tempo de forno : uns 20 a 25 min.

Mas não comam todo de uma vez. Esse bolo é um perigo para os compulsivos !

*A lasanha também pode ser substituída no molho de carne, por qualquer outro de sua preferência.

Socorro Moreira

Ciganos, "Os Filhos do Vento"

Ser Cigano

"Fogo, música, dança, alegria, sedução, paixão.
Ser cigano é percorrer esta estrada sem se prender a nenhuma estação.
Ser cigano é acender uma fogueira no próprio coração para dançar a vida com magia,coragem e paixão.

Ser cigano é brincar com fogo sem se queimar.
Ser cigano é beber vinho sem se embriagar.
Ser cigano é se apaixonar sem se aprisionar.

Ser cigano é sempre dançar sem, jamais tropeçar.
Ser cigano é cantar as palavras do seu coração com beleza, força e sedução.
Ser cigano é sempre estar atento para ver em que direção vai soprar o vento.

Ser cigano é nunca temer a liberdade do risco de viver.
Ser cigano é aceitar a vida como uma melodia que, como tudo, tem seu princípio, meio e dia.
Ser cigano é saber seduzir, sem se seduzir pela própria sedução.

Ser cigano, enfim é ser humano e brilhar assim mesmo."


Aiyan Zahck

Os ciganos fazem parte de uma etnia de cultura própria, rica, já que por variadas razões encontram-se dispersos por todo o mundo, tendo passado, em suas andanças, por diferentes países, legando e enriquecendo a sua cultura. Uma pequena parcela, hoje em dia, ainda é nômade, mas a maioria, como no caso dos ciganos do Rio de Janeiro, é semi-nômade e sedentária. Segundo Arthur R. Ivatts, sociólogo, educador britânico e assessor da Comissão Consultiva para a Educação dos Ciganos e Outros Nômades, a concentração maior desse povo fica na Europa, ou seja, da população mundial cigana, mais ou menos a metade é residente na Europa, sendo que dois terços na Europa Oriental, e, parte reside ainda, no norte e no sul da África, no Egito, na Argélia e no Sudão. Nas Américas, o contingente está distribuído dos Estados Unidos à Argentina, tendo uma maior concentração no território brasileiro.

Devido ao modo de vida cigano, é difícil calcular o número exato deles, mas, segundo Ivatts, em 1975, sem contar com a Índia e o sudeste asiático, os ciganos eram, em média, cerca de sete a oito milhões em todo o mundo.


Quanto ao termo cigano, é genérico, assim como índio, ou seja, dentro dessa etnia existem subdivisões e, nelas, existem famílias que fazem das tradições uma cultura própria de acordo com o subgrupo ao qual pertencem. No Brasil, mais particularmente no Rio de Janeiro, existem dois grandes grupos de ciganos: o Rom e o Calom.



O grupo Rom é mais disperso, pois, devido a sua origem extra-Ibérica, é encontrado no mundo todo, da União Soviética à Argentina. São os considerados ciganos autênticos e tradicionais
Os ciganos do grupo Calom situam-se, na Espanha — particularmente em Andaluzia, onde existe a maior concentração de calons — em Portugal, na África do Norte e no sul da França, são os chamados ciganos Ibéricos. Há muitos anos, alguns desse grupo foram deportados ou emigraram para as Américas, existindo, assim, uma grande parte desses ciganos no Brasil.

Diferenciam-se dos rons ( Romá) pelo aspecto físico, dialeto e costumes. Sua maioria encontra-se nômade. o termo rom significa cigano para qualquer cigano, pois calom, como são conhecidos os ciganos Ibéricos, é o dialeto utilizado por estes desde a época da repressão na Espanha e em Portugal. O Romanês ou Romani, língua mundial cigana, traz a palavra rom significando homem, cigano e marido.


Origens
Há uma lenda cigana, passada por gerações e gerações, que diz que o povo cigano foi guiado por um rei no passado e que se instalaram em uma cidade da Índia chamada Sind onde eram muito felizes. Mas em um conflito, os muçulmanos os expulsaram , destruindo toda a cidade. Desde então foram obrigados a vagar de uma nação a outra…

Outras informações sobre as origens dos ciganos foram obtidas através de estudos lingüísticos feitos a partir do século passado. A comparação entre os vários dialetos que constituem a língua cigana, chamada romaní ou romanês, e algumas línguas indianas, como o sânscrito, o prácrito, o maharate e o punjabi, permitiu que se estabelecesse com certeza a origem indiana dos ciganos.


A razão pela qual abandonaram as terras nativas da Índia permanece ainda envolvida em mistério. Parece que eram originariamente sedentários e que devido ao surgimento de situações adversas, tiveram que viver como nômades. Segundo outra lenda, narrada pelo poeta persa Firdausi no século V d.C., um rei persa mandou vir da Índia dez mil Luros, nome atribuído aos ciganos, para entreter o seu povo com música.

É provável que a corrente migratória tenha passado na Pérsia, mas em data mais recente, entre os séculos IX e X. Vários grupos penetraram no Ocidente, seja pelo Egito, seja pela via dos peregrinos, isto é, Creta e o Peloponeso. O caráter misterioso dos ciganos deixou uma profunda impressão na sociedade medieval.


Mas a curiosidade se transformou em hostilidade, devido aos hábitos de vida muito diferentes daqueles que tinham as populações sedentárias.
A presença de bandos de ex-militares e de mendigos entre os ciganos contribuiu para piorar sua imagem. Além disso, as possibilidades de assentamento eram escassas, pois a única possibilidade de sobrevivência consistia em viver às margens das sociedades. Os preconceitos já existentes eram reforçados pelo convencimento difundido na Europa que a pele escura fosse sinal de inferioridade e de malvadeza.

Os ciganos eram facilmente identificados com os Turcos porque indiretamente e em parte eram provenientes das terras dos infiéis, assim eram considerados inimigos da igreja, a qual, condenava as práticas ligadas ao sobrenatural, como a cartomancia e a leitura das mãos que os ciganos costumavam exercer. A falta de uma ligação histórica precisa a uma pátria definida ou a uma origem segura não permitia o reconhecimento como grupo étnico bem individualizado, ainda que por longo tempo haviam sido qualificados como Egípcios.

A oposição aos ciganos se delineou também nas corporações, que tendiam a excluir concorrentes no artesanato, sobretudo no âmbito do trabalho com metais. O clima de suspeitas e preconceitos se percebe na criação de lendas e provérbios tendendo a por os ciganos sob mau conceito, a ponto de recorrer-se à Bíblia para considerá-los descendentes de Caim, e portanto, malditos (Gênesis 9:25).

Difundiu-se também a lenda de que eles teriam fabricado os pregos que serviram para crucificar Cristo (ou, segundo outra versão, que eles teriam roubado o quarto prego, tornando assim mais dolorosa a crucificação do Senhor).

Dos preconceitos à discriminação, até chegar as perseguições. Na Sérvia e na Romênia foram mantidos em estado de escravidão por um certo tempo; a caça ao cigano aconteceu com muita crueldade e com bárbaros tratamentos. Deportações, torturas e matanças foram praticadas em vários Estados, especialmente com a consolidação dos Estados nacionais.

Sob o nazismo, os ciganos tiveram um tratamento igual ao dos judeus: muitos deles foram enviados aos campos de concentração, onde foram submetidos a experiências de esterilização, usados como cobaias humanas. Calcula-se que meio milhão de ciganos tenha sido eliminado durante o regime nazista.

Atualmente, os ciganos estão presentes em todos os países europeus, nas regiões asiáticas por eles atravessadas, nos países do oriente médio e do norte da África. Na Índia existem grupos que conservam os traços exteriores das populações ciganas: trata-se dos Lambadi ou Banjara, populações semi-nômades que os “ciganólogos” definem como “Ciganos que permaneceram na pátria”.



Nas Américas e na Austrália eles chegaram acompanhando deportados e colonos; sucessivamente estabeleceram fluxos migratórios para aquelas regiões. Recentes estimativas sobre a consistência da população cigana indicam uma cifra ao redor de 12 milhões de indivíduos.
Deve-se salientar que estes dados são aproximados, pois na ausência de censos, esses se baseiam em fontes de informação nem sempre corretas e confirmadas. Na Itália inicialmente o grupo dos Sintos representava uma grande maioria, sobretudo no Norte; mas nos últimos trinta anos esse grupo foi progressivamente alcançado e às vezes suplantado pelo grupo dos Rom provenientes da vizinha antiga Iugoslávia e, em quantidades menores, de outros países do leste europeu.Na Itália meridional já estava presente há muito tempo o grupo dos Rom Abruzzesi, vindos talvez por mar desde os Balcãs.

Língua
A língua cigana (o romani) é uma língua da família indo-européia. Pelo vocabulário e pela gramática, está ligada ao sânscrito. Fazendo parte do grupo de línguas neo-indianas, é estreitamente aparentada a línguas vivas tais como o hindi, o goujrathi, o marathe, o cachemiri. No entanto, eles assimilariam muitos vocábulos das línguas dos países por onde passaram.


Religião
Os ciganos, ao deixarem a Índia, não carregaram suas divindades. Eles possuíam na sua língua apenas uma palavra para designar Deus (Del, Devel). Eles se adaptaram facilmente às religiões dos países onde permaneceram. No mundo bizantino, tornaram-se cristãos. Já no início do século XIV, em Creta, praticavam o rito grego. Nos países conquistados pelos turcos, muitos ciganos permaneceram cristãos enquanto que outros renderam-se ao Islã. Desde suas primeiras migrações em direção ao Oeste eles diziam ser cristãos e se conduziam como peregrinos.
A peregrinação mais citada em nossos dias, quando nos referimos aos ciganos, é a de Saintes-Maries-de-la-Mer, na região da Camargue (sul da França).



Dia 24 de maio foi proclamado o Dia Nacional do Cigano.


Fontes:

http://www.artefolk.com.br/index.php/2009/sobre-os-ciganos/
http://www.culturacigana.com.br/man/cult_credo.asp

Imagens: Google




INFINITAS DIMENSÕES DA SAUDADE - Por Emerson Monteiro

Nisso desaparece aquela coisa de juízo de valor, ou de meros impulsos ardilosos dos caçadores de pecado detrás das portas, nas adolescências seculares que precederam a luz elétrica, cenas que nutriam ausências apressadas de consciência em pânico, nisso de viver os sentimentos avassaladores da alma, que nos espreitavam os primeiros amores, nas dobras inevitáveis da estrada...
E quando menos se esperava, fenômenos meteorológicos de forte sofreguidão arregaçavam janelas e invadiam a sala da frente da calma e lá nos víamos escolhidos pelos cantos, em trajes menores, fastio a dominar o sentimento, frio esquisito na boca do estômago ao menor sinal da presença do invasor matreiro, atualidade e voz embargadas, quando ouvia um som tremendo dentro, nagente, sede e fome devorando as próprias entranhas, isso de assistir filmes de amor, ler romances largos, de aventuras secretas, marcas feridas no seio em brasa do coração irresponsável...
Vendaval infinito de possibilidades desses que sacolejam as bases da realidade, ritmo febricitante desnorteando passos do por si só já vacilante, redemoinhos varrendo terreiros, arrancando árvores e roupas de varais coloridos, nas telas do Cine Moderno às 4h da tarde, em sábados divinais... Claros movimentos semelhantes a tumultos planetárias de finais de era, conseqüências inimagináveis das histórias guardadas no íntimo, suadas, escondidas na inocência original.
Bom, esses espasmos imprevisíveis do misterioso sentimento sujeitam pessoas e coisas, livres das previsões, a consultar peregrinos do motivos que provocam-lhes tamanhas alterações de pulsações em tão diminutos territórios, sob o impacto ambiental de inúmeras envergaduras, a permitir perguntas insistentes, libertas e escravas e avassaladoras de circunstâncias, na audácia que se estabelecem nas praças de guerras bem defronte da porta principal – comandantes em chefe do regimentos a indicar dedo acusadores de encontro a peitos doloridos de prisioneiros, quais inquisidores nas salas de tortura, com a frases recorrentes na ponta da língua, no velho remorso embalsamado em forma de ameaça:
- Até onde chega o direito humano de amar e, em conseqüência, viver todas as contradições da paixão, contudo evitando pagar os tributos além da sobrevivência do ser na saudade?
Em poucas e noutras palavras, quais as fronteiras da emoção? Em que estação fatal depositaram os humanóides seus trastes guardados no baú das boas lembranças e que não pretendem sofrem com isso as sobretaxas do desespero, nas barreiras alfandegárias do percurso vida? Quantos laços de amabilidade caberão em um único tórax?
Resumindo, caro leitor, e, por favor, me espere só mais um pouco, responda comigo: É possível amar sem limite, ainda que se acha o benefício da dúvida, eximindo-se da culpa atroz de seguir adiante com a trilha rumo à eternidade?
Quantas normas imperam fatídicas no arcabouço dos tempos que, em certas horas, apresentam nítida confusão entre querer e poder, dentro do berro cardíaco das animosidades em luta ciumentas?... Amar com gesto simples, palavra doce e versos acetinados, gritados aos quatro ventos nas amplificadoras da mágoa dorida nos murmúrios de antigamente, inconsolados murmúrios de Maysa em letras de Dolores Duran? Quantas, meu amigo e minha amiga?... Quantas?...

Para os leitores ainda adolescentes - Um dos vídeos preferidos do meu sobrinho - Achei bárbaro ! ( Socorro)

Azul mistério - Por: Socorro Moreira


Lá fora o mundo é mar
Meu olhar pula
Avista tudo de forma turva
Faço conta dos anos
Cumpridos e não vividos
Faço contas nas tardes compridas
É vermelho o meu saldo de agonias
É azul o mistério dos meus dias!
Foto de Socorro Montoril

A Ilíada de Homero - minha submissão , e confissão !- Por Socorro Moreira


"A Ilíada (do grego Iλιάς, Ilias) é um poema épico grego e narra uma série de acontecimentos ocorridos durante o décimo e último ano da Guerra de Tróia. O título da obra deriva do nome grego de Tróia, Ílion.

A Ilíada e a Odisséia são comumente atribuídas a Homero, que acredita-se ter vivido por volta do século VIII a.C. na Jônia ( lugar que hoje é uma região da Turquia), e tratam-se dos mais antigos documentos literários gregos a sobreviverem aos nossos dias. Porém, até hoje se debate a existência desse poeta e se os dois poemas foram compostos pela mesma pessoa.

A Ilíada é composta de 15.693 versos em hexâmetro dactílico, que é o formato tradicional da épica grega. Hexâmero é um verso composto de seis sílabas poéticas e dactílico faz alusão ao ritmo do poema, composto de uma sílaba longa e duas breves, já que o grego (e o Latim) não possuem sílabas tônicas, e sim breves e longas.

Resumo dos Cantos
Canto I: É o décimo ano da guerra de Tróia. Aquiles e Agamémnom se desentendem devido a disputa sobre uma jovem cativa
Canto II: Odisseu impede uma revolta e os gregos se preparam para um ataque a Tróia.
Canto III: Páris desafia Menelau para um duelo, propondo decidir o destino da guerra. Menelau vence, mas Páris sobrevive, salvo por Afrodite.
Canto IV: O pacto é quebrado pelos troianos e a guerra recomeça.
Canto V: Diomedes realiza grandes prodígios, ferindo Afrodite e Ares.
Canto VI: Heitor retorna à Tróia para pedir que se tente apaziguar Afrodite. Encontra-se com esposa e filho e retorna à batalha junto de seu irmão Páris.
Canto VII: Heitor duela com Ajax. A luta empata, interrompida pela noite.
Canto VIII: Os deuses se retiram da batalha.
Canto IX: Agamémnom tenta se reconciliar com Aquiles, mas este recusa.
Canto X: Diomedes e Odisseu saem em missão de espionagem e atacam o acampamento troiano.
Canto XI: Páris fere Diomedes, e Pátroclo fica sabendo da desastrosa situação grega.
Canto XII: Retirada grega até as naus.
Canto XIII: Poséidon se apieda dos gregos e os motiva.
Canto XIV: Hera adormece a Zeus, permitindo a reação grega.
Canto XV: Zeus acorda e impede que Poséidon continue interferindo. Os troianos retomam a vantagem no combate.
Canto XVI: Pátroclo pede a armadura a Aquiles e permissão para entrar na luta. Aquiles concede, porém Pátroclo é morto por Heitor.
Canto XVII: Há uma disputa pelo corpo e armadura de Pátroclo. Heitor fica com a armadura e Ajax com o corpo.
Canto XVIII: Aquiles fica sabendo da morte de Pátroclo, e sua mãe lhe providencia uma nova armadura.
Canto XIX: Aquiles, de armadura nova e reconciliado com Agamémnom, se junta à guerra.
Canto XX: Batalha furiosa, da qual participam livremente os deuses.
Canto XXI: Aquiles chega aos portões de Tróia
Canto XXII: Aquiles duela com Heitor e o mata. A seguir, desonra seu cadáver, arrastando-o ao acampamento grego.
Canto XXIII: Pátroclo é velado adequadamente
Canto XXIV: Príamo pede o cadáver do filho e Aquiles, comovido, cede. Heitor é devidamente velado em Tróia.

Temas na Ilíada
Corpo de Heitor sendo levado de volta à Tróia – Alto relevo romano em mármore, detalhe de um sarcófago Embora a Ilíada narre uma série de acontecimentos da guerra de Tróia e se refira a uma série de outros, seu tema principal é o ciclo da ira de Aquiles, da sua causa ao seu arrefecimento. Isto fica claro logo na primeira linha do poema. A palavra grega mēnin, ira, é a primeira do poema, cuja famosa primeira linha é “Menin aeide, Thea, Peleiadeo Aquileos“. Em português seria “Ira canta, Deusa, Peléio Aquiles” ou, adaptando, “Cante, Deusa, a ira do filho de Peleu, Aquiles”. Através da consumação dessa ira, é tratada a humanização do herói e semideus Aquiles, sempre conflitado por sua dupla natureza, filho de deusa e homem, portanto mortal.

A questão da escolha entre valores materiais, como a segurança e a vida longa e valores morais, mais elevados, como a glória e o reconhecimento eterno é tratada na escolha com que Aquiles se defronta: lutar e morrer jovem, e ser lembrado para sempre, ou permanecer seguro e ser esquecido.

A soberba de Aquiles contrasta grandemente com a sobriedade de Heitor, também grande herói, que não busca a glória como Aquiles, mas luta pela segurança de sua família e de sua cidade, e a preservação de suas raízes troianas.

A guerra e suas conseqüências também é tema central na Ilíada, sendo ricamente retratada.

A condição humana é magistralmente trabalhada por Homero, mostrando os dilemas mortais, as interferências de instâncias superiores e suas conseqüências, personificadas nos deuses que tomam partido.

Amizade, honra e muitos outros temas abstratos também fazem parte da obra, compondo um belo painel da alma humana o que é, sem dúvida, uma das qualidades que tem determinado a longieviedade da narrativa homérica na cultura universal. "



* Fonte : trecho de uma matéria do Prof. Daniel Duclós.

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- A primeira vez que ouvi falar sobre a Ilíada de Homero foi numa aula de Dr. Zé Newton. Acho que cursávamos a primeira série ginasial. Achei o assunto fascinante , contado por ele, mas quando fui fazer pesquisa na biblioteca da então faculdade de Filosofia, desisti ! Era densa demais para a minha pouca idade, e pareceu-me insuportavelmente cansativa. Ah, como me arrependo de não ter insistido, naquela leitura ventilada pelo mestre !
Dias depois , ele lia nossas redações, sem identificar os nomes ( acho tão ético! rs), e comentava os erros gerais. Os meus foram ditos... E ele fez uma observação que nunca esqueci : " essa aluna tem lido muitos livros antigos ! " Naquele tempo, e até hoje, trocávamos a literatura universal por sub-literatura, condensada nos romances de amor , que nem sempre eram de Machado de Assis.
Quando Zé do Vale escreveu Cratíadas , achei o máximo, e pensei : esse cara teve a coragem de ler A Ilíada, na sua íntegra. Não foi aluno do Dr. Zé Newton , mas era filho do Prof. José do Vale. Quando lhe pedi que postasse no Cariricaturas aquele texto, ele até estranhou , mas atendeu ao nosso pedido. Eu te parabenizo , Zé do Vale ! Cratíadas é o teu certificado de todas as horas dedicadas ao estudo e às grandes leituras.
Mas, e agora, papagaio velho aprende a falar ? Quero ler todos os cantos, ainda ... como se fossem contos da nossa Bisaflor. Será se consigo ?
Ilíada é o meu desafio. O meu abecedário faltante.
Quando quero escrever, falta-me tantos subsídios , e eu só me conformo porque dessa falta não morro de solidão.
A maioria das pessoas sentem mais do que conseguem dizer..

Socorro Moreira


*Acho que Carlos Esmeraldo, Emerson, Claude, Zé Flávio, Corujinha , Melgaço ,Armando , Everado, Assis, Ana Cecília, Zé Nilton, Roberto, João Marni, Stela,etc ...Também leram Ilíada !

Parabens para Carlos


Carlos,parabens por mais um ano de vida plena e feliz.
Deus ,na sua infinita bondade,cubra-lhes de bençãos.
abraços Joao Marni e Fatima

Construtivismo - Piaget


Jean Piaget , nasce em 9 de agosto de 1896, em Neuchâtel (Suiça). Morre em 16 de setembro de 1980, em Genebra (Suiça).


Faz-se juz mencionar em primeiro instante o pensamento de Piaget: sua abordagem é construtivista principalmente porque nos ajuda a pensar o conhecimento científico na perspectiva da criança ou daquele que aprende. O seu estudo é principalmente centrado em compreender como o aprendiz passa de um estado de menor conhecimento a outro de maior conhecimento, o que está intimamente relacionado com o desenvolvimento pessoal do indivíduo.

Piaget chama de epistemologia a sua teoria do conhecimento porque está centralizada no conhecimento científico. E também de genética porque, além de atentar-se no como é possível alcançar o conhecimento - ele estuda as condições necessárias para que a criança (bebê) chegue na fase adulta com conhecimentos possíveis a ela. Disto, surge o termo em Piaget epistemologia genética ou psicogenética.

A teoria psicogenética desperta nos educadores enormes interesses devido a vários fatores, como:

descreve as características do pensamento sensório-motor, pré-operatório, concreto e formal;

apresenta uma análise sistemática da gênese das noções básicas do pensamento racional (espaço, tempo, causalidade, movimento, lógica das classes, lógica das relações, etc.) ;

aborda como se dá o desenvolvimento e aprendizagem ;

explica como se dá assimilação e acomodação conflito cognitivo.

Em princípio os educadores seguidores da teoria psicogenética acreditavam que a psicologia e a epistemologia genética possuíam a chave para solucionar, se não todos, pelo menos alguns dos problemas educacionais mais importantes. Porém mais adiante os educadores decepcionaram-se ao verificar que, na prática educacional, os resultados são surpreendentemente pequenos em relação aos esforços despendidos. Isto talvez devido a teoria genética ser de difícil compreensão e também pela forma como essa teoria foi colocada nas escolas, com objetivo de análise dos problemas relacionados a educação. Mesmo assim, a visão piagetiana vem sendo usada e discutida nos meios educacionais.

Na teoria piagetiana, o sujeito (aluno) é um ser ativo que estabelece relação de troca com o meio-objeto (físico, pessoa, conhecimento) num sistema de relações vivenciadas e significativas, uma vez que este é resultado de ações do indivíduo sobre o meio em que vive, adquirindo significação ao ser humano quando o conhecimento é inserido em uma estrutura – isto é o que denomina assimilação. A aprendizagem desse sujeito ativo exige sempre uma atividade organizadora na interação estabelecida entre ele e o conteúdo a ser aprendido, além de estar vinculado sua aprendizagem ao grau de desenvolvimento já alcançado.

As questões fundamentais abstraídas pelos educadores, quando estes inteiraram-se com a obra de Piaget, para elaborarem suas metodologias, diz respeito ao processo ensino-aprendizagem. Importante aqui destacar as questões do desenvolvimento e aprendizagem. Piaget defende a idéia que, antes da aprendizagem, é necessário o desenvolvimento das funções psicológicas. Ou seja, ao preparar determinada aula (conteúdo específico), o professor deve estar consciente sobre o estágio de desenvolvimento que o aluno se encontra.

Como já mencionado, pela teoria piagetiniana, os seres humanos somente conhece a realidade atuando sobre ela, por isto ele estabelece intercâmbio com o meio mediatizados pelos esquemas de ação e pelos esquemas de representação. Os esquemas de ação podem ser compreendidos como os primeiros reflexos (sugar, pegar entre outros), que a criança tem; além de incluir tudo o que é generalizado numa determinada ação. Por outro lado, os esquemas de representação só tornam possíveis quando a criança adquiriu a função semiótica, ou seja, capacidade de distinguir entre significante e significado - ela passa a representar suas ações, situações e experiências através destes esquemas.

É através dos esquemas de ações e representações que as crianças entram em contato com o meio, cada objeto novo as crianças tentam encaixá-las em seus esquemas. É graças aos esquemas que podemos interpretar, dar significado ao meio tornando-o possível apreendê-lo. Num ponto de vista da aprendizagem, conclui-se que a capacidade dos seres humanos para aprender com experiência depende dos esquemas que utilizam para interpretá-la e lhe dar significado. Enquanto, para o processo ensino aprendizagem a capacidade do aluno aprender depende não somente do ensino, mas também das formas ou estruturas de pensamento que ele predispõe para assimilar o ensino, ou seja, depende do nível de competência cognitiva do aluno.

Em Piaget, o mecanismo da equilibração tem um jogo duplo de assimilação e de acomodação e depois, busca permanente de equilíbrio entre a tendência dos esquemas para assimilar a realidade e a tendência contrária para se acomodar e modificar-se para atender às suas resistências e exigências. Este é o motor do desemvolvimento cognitivo humano, as trocas com o meio e o sujeito resultando estado sucessivo de equilíbrio mutável, separados por fases mais ou menos duradouras de desequilíbrios e de busca de um novo equilíbrio.

Ainda é objetivo dessa escola de acordo com as contribuições de Piaget a importância concedida as características do indivíduo que aprende, uma vez que com ela se descentrava enfoque que se colocava as ciências, os conteúdos, como único elemento digno de consideração.

Ao contrário do ensino tradicional, em que o indivíduop é considerado ¨tábua rasa¨o qual a escola precisa enche-lo de conteúdos. A visão que Piaget tem sobre o sujeito que possui conceitos - não científico, ou seja, os chamados conceitos espontâneos que lhe permite entender a realidade e relacionar-se com ela. À medida em que esta relação vão sendo estabelecida com a realidade, o indivíduo desenvolve conceitos espontâneamente durante o processo da própria experiência da criança. Levar isto em consideração implica a escola ver o aluno com experiências importantes, como ponto de partida para formação dos conceitos científicos, sendo possível o desenvolvimento deste último tão somente quando os conceitos espontâneos da criança tem alcançado um nível determinado, próprio do começo da idade escolar.

A idéia acima defendida encaminha nos a outro elemento importante da escola nessa teoria que enfatiza o interesse pelo desenvolvimentodas operações concretas e das operações formais, como autêntica capacidade do indivíduo progredir. Dessa forma, as teorias pedagógicas influidas pelo construtivismo genético em consolidação de ditas operações faz uso de trabalho sistemático de procedimentos adequados.

Os processos de instruções que as crianças recebem na escola ampliam suas estruturas de pensamento em forma de pensamento mais elevados próprios da formação de conceitos científicos.

Biliografia :
Coll, César. Piaget, o construtivismo e a educação escolar: onde está o fio condutor? In: Substratum: Temas Fundamentais em Psicologia e Educação, v.1, n.1 (Cem Anos com Piaget). Porto Alegre, Artes Médicas, 1997. p.145-164.
Bassedas, E. Aprender e ensinar na educação infantil. Trad. Cristina M. Oliveira. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.
Coll, C et al. O construtivismo na sala de aula. 3o ed. São Paulo: Ática, 1997.
Coutinho, M.T.C & Moreira, M. Psicologia da Educação 6o ed. Belo Horizonte: Lê, 1998.
Galvão, Izabel. Henry Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento humano. 4a ed. Petrópolis: Vozes, 1998.
Wadsworth, B. Inteligência e afetividade da criança na teoria de Piaget. 2a ed. São Paulo: 1993.

Pensamento para o Dia 15/09/2009


“Desapego, fé e amor – esses são os pilares sobre os quais a paz assenta. Desses, a fé é decisiva, pois sem ela toda a disciplina espiritual é inútil. Somente o desapego pode tornar efetiva a disciplina espiritual; o amor é o que conduz a pessoa rapidamente a Deus. A fé nutre a agonia da separação de Deus, o desapego a canaliza ao longo do caminho de Deus, e o amor ilumina o caminho. Deus lhe concederá o que você precisa e merece; não há necessidade de pedir e nem razão para se queixar. Esteja contente. Nada pode ocorrer contra Sua vontade.”
Sathya Sai Baba

Viva Cazuza ! - Um dos grandes poetas MPB


"Agenor de Miranda Araújo Neto, mais conhecido como Cazuza, (Rio de Janeiro, 4 de abril de 1958 – Rio de Janeiro, 7 de julho de 1990) foi um cantor, compositor e poeta brasileiro que ganhou fama como o vocalista e principal letrista da banda Barão Vermelho. Cazuza é considerado um dos melhores e mais importantes compositores da música brasileira. A parceria com Roberto Frejat é criticamente aclamada como uma das melhores do rock brasileiro. Dentre as composições famosas junto ao Barão Vermelho estão "Todo Amor Que Houver Nessa Vida", "Pro Dia Nascer Feliz", "Maior Abandonado", "Bete Balanço" e "Bilhetinho Azul".

Cazuza tornou-se um dos ícones da música brasileira do final do século XX. Dentre sucessos musicais destacam-se "Exagerado", "Codinome Beija-Flor", "Ideologia", "Brasil", "Faz Parte Do Meu Show", "O Tempo Não Pára" e "O Nosso Amor A Gente Inventa".

Cazuza também ficou conhecido por ser rebelde, boêmio e polêmico, tendo declarado em entrevistas que era bissexual. Ele foi o primeiro artista brasileiro a declarar publicamente ser soropositivo e sucumbiu à doença em 1990, no Rio de Janeiro."

Esse comentário merece ficar no aberto - De Olívia para Dona Almina Arraes

"Dona Almina Arraes, eu li uma reportagem no Jornal Diário do Nordeste e me identifiquei bastante com os motivos que a levaram a entrar no mundo da Informática. Parabéns!
Meu nome é Olivia, tenho 57 anos e passei vários olhando para um computador sem coragem para enfrentá-lo, até que decidi, aprendi e, mesmo digitando com um dedo por limitações da Esclerose Múltipla,escrevi o livro : "Para Maiores de 40! Ou Menos!" que é um manual de Informática para as pessoas que têm dificuldades de aprender. Gostaria de ter contato com a senhora." (Olívia)

Parabéns também pra Olívia !
Precisamos todos, o mundo precisa, de exemplos como o de vocês .

Casa onde nasceu Vicente Leite - Por Emerson Monteiro


Carlos Gomes - Um gênio musical do Brasil



"Maior gênio musical do Brasil, Carlos Gomes, já consagrado na Itália, com O Guarani e outras óperas, foi, porém, injustiçado e sofreu campanhas de sabotagem de artistas estrangeiros no Rio de Janeiro, o que muito o agastou e abateu. Lauro Sodré deu-lhe as mãos e levou-o para Belém, onde lhe arranjou emprego artístico que lhe assegurou vida digna. Viveu o resto da vida na capital paraense, onde sucumbiu a 16 de setembro de 1896. "
*Um dos últimos retratos de Antônio Carlos Gomes.
- A ópera o Guarani é a cara do Crato antigo.Aliás, nem tão antigo. É a cara do meu tempo de menina , quando eu tinha dois pares de avós, pais, e uma enciclopédia de sonhos, ainda no limbo.
Uma música que parecia sair da Bárbara de Alencar, e se alastrar, na amplificadora, por todas as ruas do Crato. Era o sinal do adormecer. Naquela hora, talvez 22:00 h , a cidade virava céu, lua e estrelas , e o som pelas calhas das casas, adormecia o seu povo.
Eu lembro de um Crato à luz de velas ou candeeiros ao som de O Guarani .
(Vale lembrar também "A lenda do Beijo" de R.Soutullo )

Socorro Moreira

Só pra recordar ... - Foto de Heládio Teles Duarte


Um recanto esperando a nossa Alice , que ainda vive no país das maravilhas.
Aqui , Bisaflor pode chegar, pois já juntei o "cariricriaturas " pra ouvir suas histórias .
No mundo do faz -de- contas tem uma ponte para o mundo -das- realizações.
Imagino que, depois dessa salinha, tem varanda com armadores pra gente embalar as dores;tem também fogão de lenha pra gente esquentar o chá; depois, lá no quintal , debaixo da mangueira , vamos aspirar o mundo , divertindo a vida, enquanto seu lobo não chega.
E numa ciranda maneira, vamos cantar cantigas de roda , deixar a infância voltar .

*Adorei o termo usado por Carlinhos , irmão de Ana Cecília : Cariricriaturas !


Socorro Moreira

Ismael Silva - Por : Norma Hauer


Foi ali em Niterói, em Jurujuba que ISMAEL SILVA nasceu em 14 de setembro de 1905.
Mas aos 3 anos veio com sua família morar no Estácio e, graças a isso, se tornou um dos maiores sambistas dali; ao lado de Nilton Bastos, Mano Edgard , Mano Rubem...fundou a primeira escola de samba, em 1928, a Estácio de Sá.
Aos 15 anos compôs seu primeiro samba e, aos 20 (1925) teve sua primeira gravação:"Me faz Carinho", por Cebola, sambista da época.
Nesse ano, as gravações ainda eram mecânicas e as mais famosas eram realizadas pela Casa Edson. Eram "abertas" com uma voz dizendo:"disco da Casa Edson-Rio de Janeiro" e entrava a abertura, com poucos instrumentos.
Francisco Alves, que "de longe" sentia o que era bom, e já era um nome popular, sendo o primeiro a gravar pelo sistema elétrico, aproximou-se dos "bambas" do Estácio e propôs gravar seus sambas, desde que seu nome aparecesse como co-autor.
Ismael aceitou e surgiram seus primeiros sucessos, como a regravação de "Me Faz Carinho";"Não é bom Falar";"Se Você Jurar"... Francisco Alves é desculpado por essa atitude(até com Noel ele fez "parceria", como nos sambas "Não Tem Tradução", P'ra Esquecer" e alguns outros) . Ismael aceitou,mas em uma entrevista que ele deu a um órgão do qual não me recordo o nome, ele contou essa história; disse que na época achou ótimo porque, como sambista pobre, não teria como aparecer nas vozes dos cantores então famosos. E Francisco Alves era o mais famoso então.

Em 1944, Ismael encontrava-se em dificuldades financeiras e compôs um samba de nome "Antonico", dando-o para Alcides Gerardi gravá-lo. Era uma auto-história, visto que o "Nestor" ali descrito era o próprio Ismael. O "Nestor" estava precisando de ajuda e contava com o "Antonico". Esses eram os "famosos" dos anos 30, 40 e 50, não enriqueciam com suas músicas e ainda tinham de cedê-las ou pedir auxílio para sobreviver com elas. Principalmente se fosse negro e sambista.
Depois da entrevista em que Ismael contou sua odisséia, ele foi convidado(em 1964) a gravar dois LPS :"O Samba na Voz do Sambista" e "Ismael Canta Ismael".
Na mesma ocasião, Carlola e D.Zica criaram o restaurante "Zi-Cartola", na Rua da Carioca e convidaram Ismael para ali se apresentar. Foi bom para ele, que estava meio esquecido, mas não foi tão bom porque durou pouco.

Ismael foi para São Paulo, sendo homenageado na Bienal do Samba, naquela cidade.

Em 1973 no Teatro Paiol,de Curitiba Ricardo Cravo Alvim lançou o espetáculo "P'ra Você Jurar", uma de últimas apresentações de Ismael em público.

No momento em que estou escrevendo, ouço o programa "Minha Terra, Nossa Gente", que Luiz Vieira apresenta na Rádio Carioca - AM, 70 khz, de 2ª a 6ª feiras, das 6 às 8 da manhã e que está homenageando Ismael Silva.

Está sendo executada a música "Nem é Bom Falar", na voz do próprio Ismael. O que não dá para entender é que nesse samba, que Ismael gravou em um de seus LPs, de 1964, ele modificou a letra da 2ª estrofe, misturando-a com a da 4ª. Afirmo isso, porque na gravação original de Francisco Alves, feita em 1930, o final da 2ª estrofe dizia;
"Se não eu acabo, dando p'ra gritar na rua:
Oh, eu quero uma mulher bem nua".

A 4ª estrofe dizia:
Ela deu o fora, foi morar lá na Favela,
Oh, e eu não quero saber mais dela.

Ismael "misturou" as estrofes e começou a 2ª normalmente, mas na parte final acrescentou a 4ª. Ficou uma miscelânia. Se em 1930 ele podia falar em "mulher nua" por que não o pode em 1964? Seria conseqüência da "revolução"(?) de 64 ? .Jamais saberemos.
Ismael faleceu em 14 de março de 1978, seis meses antes da data em que completaria 73 anos.


Norma Hauer

PALESTRA MEMORIAL

CONVITE

Os ANJOS SOLIDÁRIOS – CEVEMA convidam V. Sa. e os membros dessa Instituição a se fazerem presentes em palestra sob o tema de “Paz, Solidariedade e Caridade”, a ser proferida por Nando Cordel, às 19 h do dia 24 de setembro de 2009, no auditório do Memorial Padre Cícero, bem como em um “show” beneficente com Nando Cordel e Fábio Carneirinho, que ocorrerá no dia 25 de setembro, a partir das 20h, na Aplausu’s Casa de Shows, em Juazeiro do Norte, com ingressos equivalentes a 2 kg de alimentos não perecíveis (Postos de troca: CEVEMA, Rádio Vale, e Aplausu’s – Juazeiro do Norte e VEREDA Motos – Crato).

Carlos e Magali - Eternos namorados !



"Carlos é o meu eterno namorado, que a todo instante só me dá amor, carinho, alegria e felicidade. É um ser humano maravilhoso que só tem bondade no coração. Sabe perdoar e trata a todos, com muita justiça, principalmente os mais humildes. Todo dia eu agradeço a Deus por ter me dado este precioso presente para a minha vida. Peço também a que Deus continue derramando suas graças sobre nosso matrimonio, para que o nosso amor cresça cada vez mais e possamos transbordar toda esta felicidade para os outros. " (Magali)

Lúcio Alcântara vem a Crato lançar o livro “O Cariri”

O Ex-governador Lúcio Alcântara estará em Crato na próxima 5ª feira, dia 17, oportunidade que lançará – às 19:00h, no Instituto Cultural do Cariri – a 2ª edição do livro “O Cariri: seu descobrimento, povoamento, costumes” escrito pelo médico-historiador Irineu Pinheiro. A obra foi reeditada pela Fundação Waldemar de Alcântara. Este livro, editado em 1950, cuja edição se encontrava esgotada narra o descobrimento e o povoamento de um dos mais característicos trechos do Nordeste brasileiro, o Cariri.
Na ocasião serão ainda lançados os livros abaixo, todos editados pela Fundação Waldemar de Alcântara:

“Algumas origens do Ceará”, de Antônio Bezerra, um trabalho de investigação documental sobre as origens do Ceará;

Scenas e typos - de Rodolpho Theophilo - inspirado por sua trajetória de vida e pela literatura, Rodolfo Teófilo traça, através de onze histórias, um perfil minucioso do Ceará e do cearense;

Miscellanea histórica ou collecção de diversos escriptos de J.Brígido - de João Brígido - o livro contém escritos de João Brígido sobre o Padre Gonçalo Ignácio de Loyola Albuquerque Mello Mororó, Coronel João de Andrade Pessoa Anta, Feliciano José da Silva Carapinima, Luiz Rodrigues Chaves, Coronel José Antonio Machado, Francisco Bento Maria Targino, Genealogia dos Partidos do Ceará, A Guerra Civil no Sul do Ceará, Eleição do Conde Belford e Pinto Madeira, Reputação do Sr. Paulino Nogueira e o Ceará Holandês.

Para a solenidade V.Sa. e família estão sendo convidados.

Feliz Aniversário, Carlos Eduardo !!!

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Cá estamos para os festejos. O Bolo está pronto, a mesa posta. Só nos resta esperar pelos convidados.
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Logo vai entrar pela porta o casal Magali e Carlos Eduardo. Sorrisos nos lábios, alegria no coração ... e o coração "ti-ri-ri-co- paco-paco!"

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Convidados chegando aos poucos. Muita gente. Carinho no peito, amizade na alma... e o coração "ti-ri-ri-co- paco-paco!"

Magali organiza a festa. Socorro faz os quitutes. Claude convida os amigos. Edilma fotografa e ornamenta... e o coração "ti-ri-ri-co- paco-paco!"


Cheiro de festa no ar. Filhos e netos chegando. Risadas pelos recantos... e o coração "ti-ri-ri-co- paco-paco!"

"Ti-ri-ri-co- paco-paco!" - "ti-ri-ri-co- paco-paco!"
O primeiro pedaço é de Magali, não se esqueça ... Quantas emoções!!!
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A eis-nos todos reunidos num só abraço:
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edcor
Assis Lima
lupeu lacerda
Cariricaturas
Carlos Rafael Dias
Zélia Moreira
Chagas
Roberto Jamacaru
Magali de Figueiredo Esmeraldo
Glória Pinheiro
Amanda Teixeira
Poesia da Luz
Herminia Rachel Saraiva
jflavio
Nicodemos
elmano rodrigues pinheiro
Cláudio Teixeira
Maria Amélia Castro
Vera Barbosa
Pachelly Jamacaru
Ana Cecília S. Bastos
Jayro F. Starkey
João Marni
Euripedes
A. Morais
Corujinha Baiana
Bernardo Melgaco
Antonio Sávio
Armando Rafael
Socorro Moreira
Prof. Zé Nilton
Dihelson Mendonça
Kaika Luiz
Anita a vida é bela
Dimas de Castro e Silva Neto
Liduina Belchior
Marcos Vinícius Leonel
Cabelos de Sansão
heladio
Emerson Monteiro
Everardo Norões
José do Vale Pinheiro Feitosa
Ângela Lôbo
Domingos Barroso
rosa guerrera
Carlos Eduardo Esmeraldo
Cesar Augusto
Joaquim Pinheiro
Nilo Sergio Monteiro
Claude Bloc
Stela Siebra Brito
Edilma


Veio todo mundo. Todo mundo veio!
Desejamos a você, Carlos Eduardo.
Um FELIZ ANIVERSÁRIO!
Muitas Bênçãos!
e o coração "ti-ri-ri-co- paco-paco!"

Agatha Christie - A Rainha do Crime


Todo mundo já ouviu falar de Agatha Christie, a mais famosa autora de livros policiais de todos os tempos. Inglesa, nascida em 1890, foi cognominada a “Rainha do Crime” e publicou cerca de 300 obras, entre romances de mistério, poesia, peças para rádio e teatro, contos, documentários, uma autobiografia e seis romances que não são romances policiais e que foram publicados sob o pseudônimo de Mary Westmacott.

Seus livros venderam mais de dois bilhões de exemplares, tornando-a a autora mais publicada de todos os tempos em qualquer idioma, somente ultrapassada pela Bíblia e por Shakespeare. Traduzida em mais de cem línguas, morreu em 12 de Janeiro de 1976 e criou tipos célebres como o detetive belga Hercule Poirot, cheio de maneirismos; e a idosa Miss Marple que, a pretexto de observar passarinhos com seu binóculo termina vendo mais do que deve e assim soluciona os crimes.
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Agatha Christie é autora da peça A ratoeira (The Mousetrap), que estreou em Londres em 1952 e continua em cartaz, ininterruptamente, até hoje, constando do Guiness como a peça em cartaz há mais tempo em toda a história.
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O melhor livro de Agatha Christie, talvez seja sua Autobiografia, que ela terminou de escrever em 1965, aos 75 anos. É possível, lendo este livro, conhecer a vida de uma jovem na Inglaterra vitoriana, e a escritora nos leva, através do seu relato, a compartilhar da sua infância em Torquay, e depois da sua adolescência, sua primeira viagem a Paris, a paixão pela música e pelo piano, o desejo de tornar-se uma cantora lírica, os namoros, o gosto pelas caminhadas, pela natação, e pelo surf, que praticava com o marido Archibald Christie nas praias da África do Sul e depois no Havaí, na sua primeira grande viagem de volta ao mundo. É divertido imaginá-la, alta e magra, de pé nas imensas pranchas havaianas, vestida com aqueles maiôs vitorianos cheios de folhos e babados que iam até os pés.


Agatha e Max

O seu segundo marido foi o arqueólogo Sir Max Mallowan, 14 anos mais jovem que a escritora, com quem se casou em 1930 (ela com 40 e ele com 26 anos). Suas viagens juntos contribuíram com material para vários de seus romances situados no Oriente Médio. Em tom divertido ela dizia que uma das vantagens de ser casada com um arquóelogo é que quanto mais velha se fica, mais o interesse dele aumenta.
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Na sua auto-biografia, Agatha Christie compartilha com o leitor o seu processo de criação e o desgosto por não ter feito sucesso como escritora de romances não-policiais. Na verdade, era difícil e estranho para ela se assumir “escritora”, já que não considerava os livros policiais como verdadeira literatura. Mas foi com eles que alcançou o sucesso e até hoje deleita o mundo com suas histórias de crimes e mistérios.
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Um fato curioso é que talvez o maior mistério de sua vida tenha ocorrido em 1928 na vida real quando, depois da morte de sua mãe e separação do seu primeiro marido, triste e deprimida, ela sumiu por 12 dias. Depois de uma mobilização intensa da polícia à sua procura, e quando as autoridades já estavam pensando que teria sido assassinada, Agatha Christie apareceu, jamais tendo revelado o que aconteceu nos dias em que esteve sumida.
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Adaptado do texto de: clotildetavares.files.wordpress.com/2009/06/
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Carro-de-boi : uma justa aposentadoria - Foto de Dr. Heládio


Passamos pelas coisas sem as ver,
As marcas ficam pela estrada
Passamos pelo mundo sem viver
Olhamos para trás não há mais nada

Desce a noite, vem o dia
Seguimos incertos o destino
Desce a boiada rasgando o chão
Desce o carro de boi rangendo lento
Despertando a vida e os amores

Desce a tarde pela encosta
E o sol vai tecendo as matizes
O verde vai se desnudando
E o som no vale despertando.

Morre o silêncio na ladeira
Nas costas da noite azulada
A lua branca vai surgir
Acima da chapada encantada.

Enfim chega a noite, a madrugada
desfiando o nosso corolário
Vamos dormir extenuados
De nossa lida desse dia
.
Se alguém chama por nós
não respondemos,
se alguém nos pede amor
estremecemos,
E lá se vai toda uma vida:
Nosso secreto abecedário.
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Foto: Dr. Heládio Teles Duarte
Texto: Claude Bloc
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Em cima da serra. - Por Claude Bloc

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A casa de Manuel Dantas no alto da Serra Verde
( a partir de minhas reminiscências)


Hoje subo a serra, com o peito aflito e o pensamento afoito. Quantas vezes percorri o tempo naquela ladeira?

Lá morava Seu Manuel Dantas, um dos fiscais da fazenda, e sua prole. Doze filhos. Dona Hermínia que era a candura em pessoa, foi para mim, enquanto viveu, uma dessas mães que a gente adota na infância. Era pra lá que eu queria fugir quando pequena. Subindo a ladeira. Indo ao encontro de minha imaginação infantil. Lá se comia “pão de milho” – o cucus feito de milho moído até virar massa e cozido no vapor em cuscuzeira de barro - e ovo frito ou torresmo. Isso para mim era o símbolo da liberdade, a ausência da obrigatoriedade de costumes franceses: comer verduras e legumes nas refeições.

Pois um dia, fiz uma trouxinha com o lençol do berço de Dominique e algumas roupas de que eu gostava e, assim, tentei escapulir para me arranchar na casa de Seu Manuel. Antes, porém de conseguir meu intento, fui flagrada por mamãe tentando pular o muro, visto que eu achava que se saísse pelo portão não caracterizaria uma fuga. Imaginativa, portanto!

Creio que eu devia ter uns sete para oito anos, nessa época. Era inquieta. Queria viver. Aventurar-me. E Dominique, mais nova, era “impingenta” e enredava todos os meus “mal-feitos” a mamãe sempre repetindo meu nome no final do discurso: “mamãe, Claude me bateu, Claude!”. Era chata, a menina. Lá em Seu Manuel havia muita gente. Teria como preencher meu dia sem ter que aguentar aquela fiscalização da Dominique, sempre nos meus calcanhares.

Depois desse episódio frustrado, segui o curso de minha vida sempre convivendo com essa gente. Por toda minha infância e adolescência era de praxe, nas férias, fazer guisados embaixo de um frondoso pé-de-juá que ficava no terreiro da casa dos Dantas. Seu Manuel preparava um ambiente acolhedor com paredes de palha trançada e estacas ou forquilhas para armar redes, punha uma mesa rodeada de tamboretes, radiola com discos de vários sanfoneiros e a comida passava pelo capote e terminava em peba, galinha, “bacurim”, enfim, uma mesa farta, sem dúvida. De tarde a música troava. O chão de terra batida era aguado para diminuir a intensidade da poeira fina do barro vermelho. A gente dançava até o anoitecer...

Agora a casa de Seu Manuel foi destruída. Ele e Dona Hermínia estão lá em cima de prosa com seu Hubert e Dona Janine. Os filhos estão dispersos pelo Cariri, dois em São Paulo. Mundinha que passou a vida lá em casa cuidando primeiro de Dominique, depois de Bertrand, mora em Crato e sempre a vejo e visito. Tem a sua própria prole.

A serra, na Serra Verde, apagou-se. Pouca gente passa por lá. A alegria da gente ficou presa nessas lembranças, nesses sorrisos musicais que ecoaram pelos vãos da serra. E como disse, hoje subo a serra com o peito aflito e o pensamento afoito.
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Texto e desenho a mão por Claude Bloc
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