Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Poster (Idade) - Por Socorro Moreira



Meu coração é um Planeta
sinalizado de lembranças,
encraterado de luas,
que se escondem


Corro em mundos paralelos
Eu e o meu "alter- ego”!


Chego à beira da significância,
e provo uma verdade,
que parece quente...
A ilusão, friamente
escapa dos meus sonhos
Fica em tela
num pisca-pisca constante


Não espero o que chega
Comemoro o vazio
que se alastra...


Um passarinho canta,
nas manhãs que não dormi
Xinga no seu canto,
o amor que não vivi!


Enrolada nos pensamentos,
Busco a luz, nas entrelinhas
Encontro a trilha dos teus passos


Você esteve comigo,
e eu não vi!

Características astrológicas do signo de Libra


Sétimo signo astrológico do zodíaco, situado entre Virgem e Escorpião e associado à constelação de Libra.

Seu símbolo é uma balança. Forma com Gêmeos e Aquário a triplicidade dos signos do Ar. É também um dos quatro signos cardinais, juntamente com Áries, Câncer e Capricórnio.

Com pequenas variações nas datas dependendo do ano, os librianos são as pessoas nascidas entre 23 de setembro e 22 de outubro.

Palavras chaves que definem o Libriano:
Justo, Equilibrado , Sociável , Indeciso , Melancólico, Excesso de Complacência.

Elementos:
Seu Signo é do Elemento Ar: é o Elemento da comunicação, da ligação. É ele que conceitualiza, relaciona, idealiza e explica o Universo. Utilizado corretamente ele dá a capacidade da palavra, o poder criador, leve e fluído do pensamento. Utilizado em excesso origina dispersão, nervosismo mental e uma comunicação errada, vaga e descontrolada.

Em signos do elemento Ar, o auto-conhecimento é atingido através da visão conceitual do mundo, da comunicação e dos relacionamentos.

Seu Signo é do Elemento Fogo: este Elemento expressa-se por atividade, energia e busca de conhecimento e identidade. A ação é o fator base do Fogo. Ele é o que ajuda a criação, dá vida e aquece quando moderado. E é poder que queima, destrói, seca e ofusca quando excessivo.

Sol em Libra: "Sou parte de uma relação".
A identidade espelha-se nos outros. Os relacionamentos têm de ser "de igualdade", sejam eles pessoais, sociais ou de negócios. É diplomático e sociável, mas também pode ser muito dependente e indeciso.

Interpretação:
Sociável. Busca de uniões e associações. Equilíbrio e comparação. Arte e música. Modesta e amigável, apresentam boa aparência. Detestam trabalhos mal feitos. Normalmente casam-se cedo.

"Palavra puxa palavra,
uma idéia traz outra,
e assim se faz um livro,
um governo,
ou uma revolução,
alguns dizem mesmo
que assim é que a natureza compôs
as suas espécies".

MACHADO DE ASSIS
1839 - 1908








Arte: Baptistão

Vitalinas- Por : Raquel de Queiroz



O Cruzeiro - 19 de setembro de 1959.
.
Vitalinas

“E tira o pó, Vitalina,
Bota o pó, Vitalina,
Môça velha não sai mais do caritó”

(cantiga popular)


Da Bahia para o Sul, pouca gente saberá o que é vitalina e o que é caritó. Caritó é a pequena prateleira no alto da parede, ou nicho nas casas de taipa, onde as mulheres escondem fora do alcance das crianças, o carretel de linha, o pente, o pedaçõ de fumo, o cachimbo. Vitalina, conforme a popularizou a cantiga, é a solteirona, a môça-velha que se enfeita - bota pó e tira pó - mas não encontra marido. E assim, a vitalina que ficou no caritó é como quem diz que ficou na prateleira, sem uso, esquecida, guardada intacta.

As cidades grandes já hoje quase desconhecem essa relíquia da civilização cristã, que é a solteirona, a donzela profissional. Porque, se hoje como sempre, continuam a exisitir as mulheres que não casam, elas agora vão para tôda a parte, menos para o caritó. Para as repartições e os escritórios e os balcões de loja, para as bancas de professôra, e até mesmo, Deus que me perdoe, para êsses amôres melancólicos e irregulares com um home que tem outros compromissos, e que não lhes pode dar senão algumas poucas horas, de espaço a espaço, e assim mesmo fugitivas e escondidas.

De qualquer forma, elas já não se sentem nem são consideradas um refugo, uma excrecência, aquelas a quem ninguém quis e que não têm um lugar seu em parte nenhuma.

Pela província, contudo, é diferente. Na próvíncia os preconceitos ainda são poderosos, ainda mantêm presa a mulher que não tem homem de seu (o “homem de uso”, como se chama às vezes ao marido...) e assim, na província a instituição da titia ainda funciona com bastante esplendor. E o curioso é que raramente são as môças feias, as imprestáveis, as geniosas, que ficam no caritó. Às vezes elas são bonitas e prendadas, e até mesmo arranjadas, com alguma renda ou propriedade, e contudo o alusivo marido não apareceu. Talvez porque elas se revelaram menos agressivas, ou mais ineptas, ou menos ajudadas da família na caçada matrimonial?

A gente as conhece mocinhas, botões de flor cheios de esperança e de graça adolescente. Que pele, que dentes, que cabelos, que cintura! Por uns anos se deixa de vê-las, e então quase não se as conhece mais - ressequidas ou obesas, azêdas, beatas. Fazendo crochê ou se especializando em outras coisas igualmente inúteis, ressentidas, solitárias, queixando-se de imaginários achaques, e tão semelhantes ao tipo caricatural da solteirona pintado nos livros e nos palcos, que até parece escolheram o modêlo e o copiam com exemplar fidelidade.

Falta de homem? Bem, é um dos motivos. Na próvíncia os homens emigram muito. E para onde emigram, casam. Depois, também contribuiu para a existência das solteironas a reclusão mourisca que muito pai ainda costuma impor às filhas môças. Cobra que não anda não engole sapo. Aí, por estas províncias além ainda existe muito pai carrança que só deixa a filha sair para ver a Deus ou aos parentes, e assim mesmo muito bem acompanhada. Reclusas, as meninas vão ficando tímidas, e dentro de um pouco, já são elas próprias que se escondem com cerimônia dos estranhos.

Depois, - parece incrível - mas o egoísmo das mães também contribui. Uma filha môça, no interior, não é, como na China, uma praga dos deuses. É, ao contrário, uma auxiliar barata e preciosa, a ama-sêca dos irmãos menores, a professôra, a costureira, o “descanso da mãe”. E então as mães, para não perderem a ajudante insubstituível, se associam aos pais no zelo exagerado, traindo a solidariedade do sexo por outra mais imperiosa, a solidariedade na exploração.

Menina de cidade, passeando de lambreta, morando nos cinemas, mal sabe como é dura a sorte da mocinha de interior. Nas famílias mais pobres, então! De pequenina, sete a oito anos, já recebe um irmão menor para criar, e o uso é que o crie completamente, assumindo tôda a responsabilidade, como se a própria mãe o fôra. Fazer mingau, banhar o menino, balançá-lo para dormir, atendê-lo à noite (inclusive nas doenças), carregá-lo. Às vezes são tão pequeninas que não podem com o irmão nos braços e por isso inventaram o uso de o carregar no quadril, e têm delas que ficam tortas, só do pêso permanente que levam do lado direito durante tôda a infância. Também das meninas é a obrigação de trazer água para casa; e, quando os irmãos crescem, são elas que lhes lavam e engomam a roupa e cozinham a comida. Nas famílias mais pobres elas também vão para o roçado, junto com os homens de casa, limpar de enxada. E o sinal de que uma família tem môça muito mimosa e de bom trato, é dizer-lhe que ela não sabe o que é enxada. Mas apanhar feijão e algodão tôdas apanham, mesmo as de luxo.

E, enquanto isso, que faz a mãe? A mãe dá conta da obrigação de Eva, e bota filhos no mundo, regularmente, um por ano. Doze, quinze, dezesseis, vinte. Escangalhadas por tanta maternidade, pelos partos mal assisitidos, aos trinta anos já são umas megeras, sem carnes e sem dentes, e passam a vida acocoradas no batente da porta ou à beira do fogo, fumando cachimbo, enquanto o feto lhe cresce nas entranhas, e as meninas trabalham.

* * *

Aliás, me desviei das vitalinas. Porque essas meninas muito pobres quase sempre acham marido. As titias proliferam com abundância é na classe dos remediados e dos meio-ricos. Não que a môça nestes grupos esteja sujeita a uma escravidão menor. Apenas o trabalho é menos duro nas casdas onde se pode pagar uma empregada, ou onde se tem aquela outra mártir doméstica, - a menina que de garôta se tomou para “criar”. A que chama os patrões de “padrinhos”, pequena escrava para quem a Princesa Isabel nunca exisitiu. A primeira que acorda, a última que dorme, não há serviço, por pior, que não lhe imponham, nem direito, por menor, que lhe reconheçam. Para dormir tem uma rêde armada a um canto, come às pressas na cozinha o resto das panelas, veste a roupa velha das meninas da casa e lá um vestido de chita nova, nas festas. Essas, contudo, embora raramente se casem, (ou fujam e “se percam”), pois as madrinhas desviam qualquer pretendente no susto de perderam a cativa, depois de mulheres feitas quase nunca realizam a figura da vitalina guardada no caritó. De escravas que foram quase sempre se transformam em tiranas, assumem a direção da casa quando a senhora envelhece e as môças indolentes não a disputam. Viram-se na Dindinha, na Mãe-Titó, na Tia-Bá, eminência negra ou parda em cujas mãos capazes fica pràticamente entregue o govêrno da família.

* * *

Não sei o que dirá disso a moral tradicional, mas creio que, felizmente, a existência da vitalina, mesmo na província, já anda perto do fim. A instituição da “môça livre” ou da “mulher de carreira”, segundo os modelos da América e da Europa, já tão bem copiada no Rio e em São Paulo, é uma tentação muito grande. Qual a môça que tendo possibilidade de viver do seu emprêgo, no seu próprio apartamento, onde, se lhe falta o aconchego do marido, restam sempre os consolos da liberdade, qual a môça que escolherá viver de favor em casa do irmão, sob a tirania da cunhada?

Será um mal a substituir outro, dirão. Pois bem nenhum sairá dessa nova liberdade. A isso não respondo, que não sei: o que posso dizer é que será, de qualquer jeito, um mal muito menos melancólico.

O Cruzeiro on line é um trabalho de preservação histórica do site Memória Viva

Comunicado Vila das Artes

III CONFERÊNCIA DE CULTURA

A Prefeitura Municipal de Fortaleza, através da Secretaria de Cultura (Secultfor), convida para a III Conferência Municipal de Cultura, onde será discutido Gestão e Institucionalidade da Cultura, refletindo sobre o fortalecimento da ação do Estado e da participação social no campo da cultura.

Faça parte desta construção coletiva de políticas públicas para a cultura de Fortaleza. Dia 1 de outubro, a partir das 14h, na Casa Amarela Eusélio Oliveira, Avenida da Universidade, 2591, Benfica.

Programação

Dia 01 de outubro
14h - Sistema Municipal de Fomento à Cultura – a proposta de Fortaleza.

Debatedores: Márcio Caetano (Secretário Executivo de Cultura de Fortaleza) e Alexandre Cialdini (Secretário Municipal de Finanças).

16h30 - Gestão e Institucionalidade da Cultura (Sistemas Nacional, Estaduais e Municipais de Cultura, Planos Nacional, Estaduais, Municipais, Regionais e Setoriais de Cultura e Sistemas de Informações e Indicadores Culturais).

Debatedores: Fred 04 (compositor e cantor da banda Mundo Livre S/A, foi do Conselho Municipal de Cultura do Recife e é assessor especial da Secretaria de Cultura do Recife) e representante do Ministério da Cultura (MinC).

A foto do dia : Casamento de Carlos e Magali- Por : Socorro Moreira


Eles nem precisam entrar no túnel do tempo. Eles souberam segurar a felicidade (in)comum.
37 anos de casados : três filhos, três noras e netos.
Se toda união fosse desse jeito, ninguém precisaria viver solteiro. Mas tem a mão de Deus nisso tudo. O amor dos dois foi abençoado nas alturas. O amor bem tratado não muda : floresce e espalha sementes. Quando eles chegam no Cariricaturas , a gente sente a energia amorosa , que os envolve, e dela nos beneficiamos !
.
Soneto Do Amor Total
Vinicius de Moraes
.
Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.

Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.

Nada Não

O fogo não cessa,
o pavio não treme.

Minha tosse salva
apenas meus pulmões.

Teimo em queimar papel
na boca do fogão.

Chego a encostar a tocha
na mangueirinha do gás.

Digo a mim mesmo
que é brincadeira -
ninguém sairá ferido.

E o vento consome as fagulhas -
azuis, vermelhas e uma alma perdida.

FRASES - DEUS (AUTOR DESCONHECIDO)



A verdade da vida

1 - 'Deus não escolhe
pessoas capacitadas, Ele capacita os
escolhidos.'


2 - 'Um com Deus é
maioria.'


3 - 'Devemos orar
sempre, não até Deus nos ouvir, mas até que
possamos ouvir a Deus.'


4- 'Nada está fora
do alcance da oração, exceto o que está fora
da vontade de Deus.'


5- 'O mais importante
não é encontrar a pessoa certa, e sim ser
a pessoa certa.'


6 - 'Moisés gastou:
40 anos pensando que era alguém; 40 anos
aprendendo que não era ninguém e 40 anos descobrindo o que Deus
pode fazer com um NINGUÉM.'


7 - 'A fé ri das impossibilidades.'


8 - 'Não confunda
a vontade de DEUS, com a permissão de DEUS.


9 - 'Não diga a DEUS
que você tem um grande problema. Mas diga
ao problema que você tem um grande DEUS.'


Um Desafio Para Você:

Isto é apenas um simples
teste...
Se você ama a Deus
e não tem vergonha de todas as coisas
maravilhosas que Ele tem feito por você:

CONFIE E AQUIETA-TE!

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E segundo o mestre indiano SAI BABA:
"Quando a mente se retira do mundo exterior, a língua também se silencia. Todos os outros sentidos acompanham essa condição. Esse é o silêncio genuíno.”

E é ai (nesse silêncio genuíno) que surge a oportunidade de OUVIR DEUS EM SUA CONSCIÊNCIA METAFÍSICA

Ludovic Careme - Vai quem pode ...!


16 a 21 de Outubro, no Parque da Luz em São Paulo.

Efígie - Por : Rosa Catarina


Meu pai deu adeus...
Livrou-se do cansaço dos anos
E da sua consciência abstrata.
Semeou o bem, não plantou desenganos.
Mas sua imagem ficou:
Na memória da estante da sala,
Onde está seu tesouro:
Os livros que tanto citou;
Hoje seu maior legado,
Que uma traça banqueteou.
Ficou na memória da quina da mesa,
Na cadeira do canto da varanda,
Nos retos caminhos que trilhou
E nas horas da minha saudade.
Meu pai deu adeus...
E eu, aceno chorando.

Rosa Catarina – Cadeira Nº 37 Patronesse Ruth Alencar Leão

Ela é esposa do Fausto Guimarães (Ex-Diretor do Colégio Diocesano do Crato).
Esse casal está preso à cultura do Cariri há 4 décadas.
Residem em Fortaleza , mas mantém uma casa para temporadas , no Bairro do Grangeiro.


Foi com muita honra e alegria que registramos a inclusão , ROSA CATARINA , na lista de colaboradores do Cariricaturas. Esperamos doravante ter acesso à sua obra poética , e à sua amizade, claro !


Seja bem vinda , querida !


Abraços do Cariricaturas

Soldadinho do Cariri - Por : Heládio Teles Duarte


SOLDADINHO do CARIRI (antilophia dokermanni ) , cujo o habitat é exclusivo das nascentes do pé-de-serra de Arajara-Caldas - Crato. A espécie corre risco de extinção, devido a exploração desordenada de nossas águas. A foto foi feita de uma reprodução artística do meu nobre colega Alexandre Callou, cujo o hobby é a preservação da fauna e flora caririense.


Heládio

As Histórias dos Outros – II: O Feitiço – por Carlos Eduardo Esmeraldo

Amadeu de Carvalho Brito era nosso vizinho do Sítio Pau Seco e muito amigo de nossa família. Casou-se com uma prima e afilhada de meus pais, que ficou órfã aos 12 anos, tendo ido residir em nossa casa. Isto muitos anos antes do meu nascimento.
Amadeu era sobrinho do grande historiador cearense José Carvalho e de seu irmão Pio Carvalho, um contador de muitos “causos”, e ele próprio outro contador de inúmeras histórias engraçadas, relatadas pelo seu filho, Cel. José Ronald Brito no livro “Um Relato Familiar”.
Numa dessas histórias, ele nos revela uma das muitas aventuras de Pedro Vicente, um conhecido “motorista de praça” do Juazeiro, que inventava impossíveis e imaginárias façanhas.
Segundo um dos relatos de Pedro Vicente, quando ele era novo, fez uma viagem ao Maranhão. Por lá, apaixonou-se doidamente por uma bela morena maranhense. Por esse motivo não desejava mais voltar para o Ceará. Um amigo que Pedro Vicente conhecera naquele estado, avisou-lhe sobre a família daquela moça, toda ela ligada a feitiços. Então Pedro Vicente, após muito pensar, encontrou uma fórmula de se livrar da moça feiticeira e assim retornar ao Juazeiro. Disse-lhe que desejava casar e precisava ir ao Juazeiro para preparar os papeis. Dito e feito: a desculpa colou com goma arábica. Na saída, a noiva toda solícita lhe preparou um delicioso prato com galinha frita e farofa, para que ele comesse na viagem. Durante a viagem, Pedro Vicente, após muita resistência, decidiu não comer daquela iguaria. Era comer e voltar, dizia ele. Ao chegar à divisa do Maranhão com o Piauí, Pedro Vicente atirou a bandeja com a galinha frita e a farofa no Rio Parnaíba.
Anos depois, encontrou-se com o amigo maranhense no Juazeiro e, este lhe contou, que três dias após a saída de Pedro Vicente do Maranhão, chegou na casa da noiva um tremendo jacaré de mais de dois metros de comprimento.

Adaptado por Carlos Eduardo Esmeraldo de "Estórias de Amadeu" in “Um Relato Familiar” de J. Ronald Brito, Editora ABC - 1997, pág.73

Águas passadas movem os meus moinhos - Por Socorro Moreira




Eu tinha um amigo que adorava mulheres das pernas tortas. E dizia isso cheio de razão :
" Imagine o enrosco dessas pernas no meu corpo. Encaixe perfeito! "
- E as minhas panturrilhas humildemente, se encolhiam.
Estávamos no Amazonas. Os meninos tomavam cerveja em latinhas, salpicadas de sal e limão. Claro que eu ia de "Baré", e o tira gosto era Tucunaré. Tempo infernal e celestial. Chuvas diárias nas tardes. Banhos nas calçadas, no meio do mundo... Um mambembe coletivo, atiçado e resfriado.
Terra aonde a lepra se espalhava.
- Cuidado menino, com beijo de língua; com mordiscadas na orelha... (Cuidado para não engolir coisas alheias).
E o tempo quebrava o relógio. A estrada era selva, e o rio navegável. Exuberância, nos passeios de lancha (50 HP). De uma margem para outra, nem se tivesse olhar de lince, ou pescoço de girafa. Só se via água e céu. Um mar nublado, sem ondas, sem turmalina, mas tinha a beleza das garças.
Nas noites, imperava o carimbó. às vezes, um violão mineiro...!
Num grupo de dez, eu era apenas só!
Cansados das caças, fretamos um avião para gastar dinheiro no "Selton" de Porto Velho. Os meninos esticaram o vôo até Letícia, na Colômbia, atrás de Old Parr e "Saco Roxo".
Eu fiquei num salão de beleza, pintando os cabelos de vermelho.
Naquela noite, nos banqueteamos, depois de três meses, com filés ao molho madeira.
Digestiva foi a Discoteca. Sons de Tina Turner - Dancing Days. Uns remelexos soltos, e ao mesmo tempo presos, nas meias de lamê.
Benditas diárias, que nos davam chuva, rio, peixe, castanhas e algumas mordomias.

Evoquei todas as águas, nas quais já me molhei.
Bendisse a vida, umedeci a pele - folha seca da cegueira.
Agora posso fechar os olhos, e viver o que deixei passar.
Posso na vida, também adiantar o olhar.
Buscar-me, buscar-te...
Entregar alma em mãos... Confiar!
Socorro Moreira

Amigos verdadeiros - Por : Rosa Guerrera


Muitas são as pessoas que passam nas nossas vidas. Poucas e raras as que permanecem na nossa lembrança e no nosso coração. Não importa o tempo em que alguém fica no nosso espaço, mas o que de lindo e verdadeiro nos proporciona.Conheço algumas pessoas assim , que se sentam ao nosso lado no trem da vida e sem nenhum outro propósito vai ocupando um lugar especial na nossa trajetória. Emanam uma espécie de luz num sorriso ou num olhar, retratando na humildade traços de um caráter forte,.moderador,hospitaleiro e verdadeiro. Conhece todas as canções que gostamos, já leu os nossos livros preferidos, sabe ouvir as nossas verdades , mas expor também suas opiniões .Sabe vivenciar acertos e erros, momentos de sucesso e de desânimo , e encara não como sensação de vitória a vaidade de ter apontado claramente nossos defeitos mas a alegria de ter tentado nos fazer melhor . São pessoas que fazem de pequenos minutos, grandes momentos, e que sabemos perfeitamente que irão ocupar para sempre uma cadeira cativa no nosso coração. Tenho um grande respeito por essas pessoas e a elas que hoje estão sentadas ao meu lado nesse trilhar ou nesse labirinto chamado vida , eu dedico esse texto, em agradecimento a companhia que pode até amanhã não existir, mas que no momento me revela um eterno enquanto viver.

rosa guerrera
foto de Tresa Abath

Petits Choux - Receita da Mamy


Uma amiga um dia me pediu uma receita fácil, prática e que fosse muito utilizada entre os meus. Uma pessoa do Diário do Nordeste estava resgatando essas prendas culinárias em meio às famílias e assim, fui entrevistada e "intimada" a também executar a dita receita dos Petits Choux para essa ocasião. Fiz tudo direitinho, dispus tudo sobre a mesa e fui fotografada junto com a receita... (com vergonha e tudo).
Hoje disponibilizo todo o processo para o Cariricaturas e para todos os que têm apreciado essas coisinhas culinárias que Socorro e eu aqui deixamos...

Ingredientes:

100 gramas de manteiga ou margarina
2 pitadas de sal
150 gr. de farinha de trigo
4 ovos
Queijo ralado (aproximadamente 50 gramas )
¼ de litro de leite ou água

Modo de fazer:

Ferver o leite ou a água e, quando este(a) estiver fervendo, retirá-lo(a) do fogo. Juntar, então, a manteiga ou margarina e, a seguir,despejar a farinha de trigo toda de uma vez. Mexer até unificar a mistura. Levar essa mistura ao fogo baixo até a massa soltar da panela. Tirar a massa do fogo e adicionar 4 ovos inteiros, um a um, batendo bem a cada vez. Adiciona-se, então, o queijo ralado e, a seguir, dispõe-se a massa em colheradas sobre um tabuleiro (assadeira) untado com margarina.



Levar ao forno quente até dourar levemente e servir quente.

Balas de Café - Receita tão antiga, quanto a minha infância.


Ingredientes:
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3 copos de açúcar
1 copo de café
1 copo de leite
3 colheres (sopa) de mel
1 colher (sopa) de manteiga
1 colher (sopa) de farinha de trigo
1 gema

Preparo:
Misture todos os ingredientes e leve ao fogo até tomar ponto de bala, para perceber o ponto coloque um pouquinho de doce num
pires com água fria, se o doce der ponto ou seja, ficar durinho estará pronto para ser despejado sobre uma pedra de mármore e enrolado em forma de bolinhas.


Sugestão para o paladar - Por Socorro Moreira


Um dos pratos mais práticos e fáceis de fazer é Almôndegas. Entretanto custei muito a aprender. Elas se desmanchavam , no cozimento. Não sei porque nunca indaguei os experientes. Até que minha mãe contou o segredo ...Tão simples !
Preparar o molho à parte. Quando estiver fervendo, deitar as almôndegas.
Acompanha bem o puré de batatas, arroz branco ou macarrão.
Ingredientes
1 dente de alho amassado
1 tomate sem pele e sem sementes picado
Sal e orégano a gosto
1/2 cebola ralada
1/2 xícara de chá de aveia em flocos
300 g de carne moída
(Altenativa : 500 gr de carne moída para um pacote de creme de cebola.)

Modo de Preparo :
Junte 300 g de carne moída, 1/2 cebola ralada, 1 dente de alho amassado, 1/2 xícara de chá de aveia em flocos, tomate e tempere com sal e pimenta do reino a gosto
Misture bem
Modele as almôndegas tomando como porções 1/2 colher sopa
Coloque-as em uma assadeira untada, regue com azeite e deixe até dourar
Retire as almôndegas e enfeite com folhas de alface

Você também pode cozinhá-las, coloque 1 lata de molho de tomate pronto em uma panela com 1/2 xícara de água
Cozinhe por aproximadamente 20 minutos com panela tampada e mexendo sempre, com cuidado para não desmanchar as bolinhas . Finalize com cheiro verde batidinho.

Bom apetite

Ricordami - Milton Dias

Há alguns anos ganhei de Luciano Lira de Macêdo (falecido) um livro de Milton Dias - escritor-cronista cearense - no momento em que fazíamos a escolha de textos meus para serem publicados na revista literária da SOBRAMES - (SOCIEDADE BRASILEIRA DE MÉDICOS ESCRITORES). Comecei a paginar o livro "Relembranças" e passei os olhos aos saltos pelo texto RICORDAMI. De imediato fiquei encantada com o lirismo a beleza e a leveza do pensamento do autor.
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Hoje procurando um aquivo antigo em meus alfarrábios virtuais, me deparei com o tal texto que eu havia digitado na época.
.
Partilho com vocês algumas coisas sobre Milton Dias e lhes ofereço o texto para um dia de plena alegria.
Para Milton, a crônica, tinha feição moderna e publicava sua criação em jornais ou revistas, para, depois, ter uma seleção impressa em livro. Concentrava-se num acontecimento diário ( os movimentos da cidade, a paisagem urbana, uma cena lírica, um ser, um objeto, um fenômeno natural etc) em introspecções (o estar-no-mundo, os sentimentos, os sonhos, o país da infância) ou em motivos encomiásticos dentre outras coisas.
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Sua crônica, portanto, habita entre a poesia e conto: implicando sempre a visão pessoal, subjetiva, ante um fato qualquer do cotidiano, a crônica estimula a veia poética do prosador; ou dá margem a que este revele seus dotes de contador de histórias.
Eis o texto :

Ricordami
(Milton Dias)

LEMBRA TE de mim quando ao primeiro. anúncio do dia, na hora silenciosa do alvorecer, as árvores paradas, o céu sem nuvem, o tempo, sem cor, uma ave solitária, voltando da noite, cortar o teu caminho

Lembra te de mim quando, em meio aos teus fazeres, uma palavra te ressuscitar minha presença antiga e te disser que a distância, o espaço e o tempo são bem fracas, abstratas convenções para os que se amam.

Lembra te de mim quando, à luz do longo crepúsculo da tua terra, um sino te chamar para a prece: cochicharás aos ouvidos de Deus a oração inédita, exclusiva e poderosa pelos que se encontraram e se perderam. Então pedirás por nós.

Lembra te de mim, uma hora antes da boca da noite, quando te devolveres ao balcão da janela que outrora nos acolhia e testemunhava palavras simples de ternura, que tomavam, nas nossas bocas, a força das verdades eternas.

Lembra te de mim, quando a madrugada de repente te acordar estremunhada e te roubar o sonho da presença e te trouxer o pesadelo do que é.

Lembra te de mim defronte ao mar. E lhe ouvirás o mesmo acalanto que nos embalou ao sol da minha terra e escutarás os mesmos cantos de esperança que se afogaram e viraram gemidos e o fizeram mais verde e mais profundo.

Lembra te de mim à subida da montanha, quando as plantas mais tenras se curvarem à tua passagem e as rosas te saudarem com o mesmo gesto de antiga cortesia.

Lembra te de mim quando a lua, professora de solidão, te ensinar, o poeta que se fez intérprete da realidade irrecorrível: "uma só pessoa nos falta, o mundo todo está despovoado."

Lembra te de mim quando a nossa grata canção voltar ao teu pensamento, repetindo palavras banais que contavam uma ingênua estória de amor.

Ó lembra te de mim, Amada, quando eu me for definitivamente. E à hora do sol pôr canta por mim, por ti, por nós, a balada derradeira do desencontro.

Foto-vitrine - Onde estão as cores?

(Foto de Heladio Teles Duarte)

O que há por trás das letras
Que te escrevem impunemente?
O que há por trás dos sonhos
Que espalho inutilmente?

E sob os versos nos caminhos
Onde as flores versejam
O ócio do tempo,
O que há?

Onde estão as cores
da tua natureza triste
e o caminho que leva
até onde tu estás?
.
Texto por Claude Bloc

Desafio - Leia e participe !!! - Cariricaturas



Observe a foto , e aventure-se a entrar em seu domínio, em sua essência...

Socorro e eu (Claude) sempre temos em mente que a interatividade entre amigos que colaboram e/ou passeiam pelo nosso Cariricaturas é algo que certamente torna o contato e o convívio neste espaço muito mais prazeroso. Essa interatividade pode acontecer de várias formas. Usamos as trovas bem nos primeiros dias do Cariricaturas, mas agora veio-nos uma nova idéia para provocar e desafiar os demais.

Hoje o desafio é o seguinte: será postada uma foto e você, colaborador e/ou amigo é convidado a escrever nos comentários a sua impressão ou o sentimento que lhe causa esta foto.

Acreditamos que seja esta uma forma de interagirmos como num bom papo, numa boa prosa.
Não deixe de participar. Sua presença é ouro.

(Uma simples frase, uma trovinha, um mini-texto estas são formas de colaborar)
Vamos lá ! "mão na massa"!
Estamos esperando! Ei, cadê você?

Respostas ao desafio ( Pérolas nos bastidores) - Cariricaturas


(Foto- desafio)

Socorro Moreira disse...

A luz é quente
O amor transparente
.
O ser iluminado
fica invisível ,
na janela do quarto
.
Céu iluminado
esconde o maltrato
- a cidade e o por-do-sol
se misturam.

Mente flash
Água parada
Rubro negro
Índico blue
Orla miragem

Volátil tempo
Instante arte
Tocha laranja
Onde , o lamento ?
Reza o olhar, quando sente !

Maria Amélia Castro disse...

Reflexo fenomeno fisico,luz,
mistura de tudo onde podemos atraves da nossa retina
imaginar todos os degrades do amarelo.

Corujinha Baiana disse...

Nuances matinais,
agoniza a noite.
Na cidade,
cimento e aço.
-Amanhece!

Nuances vespertinas,
é o ocaso.
Na cidade,
cimento e aço.
-Anoitece!

É o "nascer"
e a "morte" da Estrela.

Aurora - é o início.
Crepúsculo - nem sempre é agonia.
Crepúsculo - uma nova noite.
Aurora - um novo dia.

- E a Vida recomeça!

Ângela Lôbo disse...

Olha, é como o verão
Quente o coração
Salta de repente
Para ver
A menina que vem...

(Marcos e Paulo Sérgio Valle)

Claude Bloc disse...

Eis que se fecha o ciclo
Dia-noite
Noite-dia
O contínuo desnudar do tempo.

Eis que nascem as luzes
Dia-noite
Noite-dia
O sol beijando a fronhas da lua

E nos reflexos,
a vida em pleno cio
Dia-noite
Noite-dia