Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Crepúsculo - Domingos Barroso


Minha vida inteira
de sobressaltos
e silêncio.
Alma saltitante
sobre brasas
e cascas de ovo.
Cicatrizes,
joelhos ralados,
olhos por destino
sempre lacrimosos.
Os objetos comovem-se
com meus espasmos,
com minha baba mediúnica.
O ventilador corcunda
tenta arrancar suas hélices quebradas
em oferenda à minha solidão.
A escrivaninha curva-se aos meus pés
e puxa as cutículas das minhas unhas tortas.
Louvo-me a mente ínfima,
sujeito-me ao espanto do cotidiano:
ó ventilador corcunda,
ó submissa escrivaninha.

Para o meu amigo oculto - Socorro Moreira


Até o dia 6 de janeiro de 2010 , terei um amigo secreto por dia. Ele ficará oculto, até que alguém o descubra.

Inicio a brincadeira com um afeto antigo. Amigo das minhas emoções. Artista de múltiplos talentos.Às vezes penso, que é nordestino de nascimento.
Toca vários instrumentos; pinta até o sete; dança na corda bamba , e com a ponta dos pés faz acrobacias . Seu nome é composto , mas seu apelido parece nome de macaquinho.
Quem o conhece, o identifica !

Atenção !
Quem quiser entrar na brincadeira ,basta copiar o modelo, e entrar em ação.

Mundo Pequeno - Manoel de Barros

Mundo Pequeno
do livro “O Livro das Ignorãças” – ed. Civilização Brasileira.

I
O mundo meu é pequeno, Senhor.
Tem um rio e um pouco de árvores.
Nossa casa foi feita de costas para o rio.
Formigas recortam roseiras da avó.
Nos fundos do quintal há um menino e suas latas
maravilhosas.
Todas as coisas deste lugar já estão comprometidas
com aves.
Aqui, se o horizonte enrubesce um pouco, os
besouros pensam que estão no incêndio.
Quando o rio está começando um peixe,
Ele me coisa
Ele me rã
Ele me árvore.
De tarde um velho tocará sua flauta para inverter
os ocasos.

II
Conheço de palma os dementes de rio.
Fui amigo do Bugre Felisdônio, de Ignácio Rayzama
e de Rogaciano.
Todos catavam pregos na beira do rio para enfiar
no horizonte.
Um dia encontrei Felisdônio comendo papel nas ruas
de Corumbá.
Me disse que as coisas que não existem são mais
bonitas.

IV
Caçador, nos barrancos, de rãs entardecidas,
Sombra-Boa entardece. Caminha sobre estratos
de um mar extinto. Caminha sobre as conchas
dos caracóis da terra. Certa vez encontrou uma
voz sem boca. Era uma voz pequena e azul. Não
tinha boca mesmo. “Sonora voz de uma concha”,
ele disse. Sombra-Boa ainda ouve nestes lugares
conversamentos de gaivotas. E passam navios
caranguejeiros por ele, carregados de lodo.
Sombra-Boa tem hora que entra em pura
decomposição lírica: “Aromas de tomilhos dementam
cigarras.” Conversava em Guató, em Português, e em
Pássaro.
Me disse em Iíngua-pássaro: “Anhumas premunem
mulheres grávidas, 3 dias antes do inturgescer”.
Sombra-Boa ainda fala de suas descobertas:
“Borboletas de franjas amarelas são fascinadas
por dejectos.” Foi sempre um ente abençoado a
garças. Nascera engrandecido de nadezas.

VI
Descobri aos 13 anos que o que me dava prazer nas
leituras não era a beleza das frases, mas a doença delas.
Comuniquei ao Padre Ezequiel, um meu Preceptor, esse gosto esquisito.
Eu pensava que fosse um sujeito escaleno.
- Gostar de fazer defeitos na frase é muito saudável, o Padre me disse.
Ele fez um limpamento em meus receios.
O Padre falou ainda: Manoel, isso não é doença,
pode muito que você carregue para o resto da vida um certo gosto por nadas…
E se riu.
Você não é de bugre? – ele continuou.
Que sim, eu respondi.
Veja que bugre só pega por desvios, não anda em estradas -
Pois é nos desvios que encontra as melhores surpresas e os ariticuns maduros.
Há que apenas saber errar bem o seu idioma.
Esse Padre Ezequiel foi o meu primeiro professor de
gramática.

VI
Toda vez que encontro uma parede
ela me entrega às suas lesmas.
Não sei se isso é uma repetição de mim ou das lesmas.
Não sei se isso é uma repetição das paredes ou de mim.
Estarei incluído nas lesmas ou nas paredes?
Parece que lesma só é uma divulgação de mim.
Penso que dentro de minha casca
não tem um bicho:
Tem um silêncio feroz.
Estico a timidez da minha lesma até gozar na pedra.

Amigo Secreto


Amigo secreto ou também Amigo oculto, é uma brincadeira tradicional das festas de fim de ano (Natal e Ano-Novo). É comum entre colegas de trabalho, de escolas, e de familiares.

Acredita-se que a brincadeira venha dos povos nórdicos. Porém, é também uma brincadeira de costumes e tradições de povos pagãos. A brincadeira se popularizou no ano de 1929, em plena depressão onde não tinha dinheiro para comprar presentes para todos se fazia a brincadeira para que todos pudessem sair com presentes.

A brincadeira ocorre da seguinte forma: Cada participante tira um papel com o nome de outro participante, e não deve contar a ninguém quem é. No dia da brincadeira, através de dicas, os outros tentam adivinhar, quem é. Quando isso ocorre, há troca de presentes. Quem recebe o presente é o próximo que dá as dicas, e assim sucessivamente.

Recentemente, ficou popular no Brasil o amigo chocreto, amigo de chocolate ou amigolate, que tem as mesmas regras do amigo secreto, porém a diferença é que os presentes podem ser apenas chocolates. Por conta disso também em alguns lugares é realizado durante o período da Páscoa.

O "amigo da onça" ou inimigo oculto ficou comum principalmente entre colegas de trabalho. Como já diz o nome, no amigo da onça, não se dá presentes, faz-se apenas brincadeiras para aquela pessoa que foi sorteada, dando a ela algo que ela não goste, ou tem de se dar um presente sem utilidade nenhuma para seu sorteado.

Existe também o "amigo caneca", comum no começo do ano, no qual cada um dá uma caneca que lembre a pessoa sorteada.

Amigo Secreto Chinês
Nessa proposta objeto é o presente e não o amigo.

Estipula-se um valor para o presente e cada participante compra um presente, sempre tendo em mente que ele pode vir a ficar com o presente ao final. O presente deve estar embrulhado de forma a impedir que os participantes saibam o conteúdo da embalagem. Para iniciar o jogo sorteiam-se números para cada um dos participantes. Por exemplo, se 15 pessoas estiverem participando, números de 1 a 15 serão distribuídos para os participantes.

Aquele que sortear o número 1 será o primeiro a pegar algum dos presentes. O número 2 terá o direito de pegar o presente da mesa ou “roubar” o presente do número 1. Caso isso aconteça, o primeiro terá o direito de escolher outro presente da mesa. E assim vai seguindo: o terceiro pode escolher o presente do primeiro ou do segundo ou o da mesa.

O jogo termina quando o último número (nesse caso, o 15) escolhe o presente da mesa ou, se preferir roubar de alguns dos participantes, escolhe o presente de qualquer um dos números. Nesse caso, o último azarado será obrigado a pegar o presente da mesa, não importa qual for. Uma regra importante: cada pessoa poderá trocar o presente somente uma vez.

Essa versão também é conhecida como "Desapego"

Amigo Secreto "Elefante Branco"
É uma variante do Amigo Secreto Chinês.

Estipula-se um valor mínimo e um máximo para o presente (ou não), e este deve ser embrulhado em alguma embalagem que não seja possível saber qual o conteúdo (ou para enganar, como por exemplo uma toalha posta em uma embalagem de garrafa de vinho; mas ele também pode ser deixado à mostra, essa parte da regra é opcional).

Todos os presentes são deixados à mostra (na mesa, no chão, etc) e é escolhida uma pessoa para começar. A pessoa escolhida vai até o lugar onde os presentes estão expostos e pega um qualquer, com a proibição de pegar o próprio presente. Com o presente em mãos, a pessoa sorteia o amigo secreto na hora e dá dicas para os outros participantes adivinharem.

O ponto forte do Elefante Branco é que ninguém sabe, até certo ponto, o que está dando e para quem. É tudo definido só na última hora. É feito, geralmente, entre famílias grandes (por causa da variedade maior dos presentes), no Natal ou Ano Novo.

Muitas pessoas ficam em dúvida sobre como dizer "Amigo secreto" em outros idiomas. Em inglês se diz Secret Santa, em espanhol Amigo invisible (ou Amigo secreto como no português), e em alemão Wichteln
É de costumes entre familiares fazerem pequenas brincadeiras com as pessoas sorteadas, por exemplo usar um fato marcante da vida da pessoa, ou uma parte engraçada do seu perfil.
*ESTAMOS BRINCANDO DE AMIGO OCULTO .
Participantes : Colaboradores e leitores do cariricaturas.
Escolha o seu amigo , e encontre o seu jeito de com ele se comunicar.
Sem sorteios. Escolha por intuição !

Joaquim e Miguel - O retrato da TERNURA

Para o vovô Joaquim
MIGUEL

Uma criança
um livro
um amor
uma canção
esse são os sonhos
que buscamos.

A esperança renasce
nesse aroma de jasmim
ou de alfazema...
Miguel
música nas palavras
de um poema,
anjo inscrito
com alegria
nas estrofes do coração.

Texto por Claude Bloc
.

O que restou dos nossos pensamentos libertários? por José do Vale Pinheiro Feitosa

Fui assaltada por dois bandidos de bicicleta na praia do Flamengo. É lamentável ele agirem como fossem donos da rua em plena luz do dia.” Ninguém lê uma frase como essa sem emoção. Raramente analisará seu conteúdo. Buscará além do fato narrado. Exemplo, como funciona a cabeça de quem disse a frase.

Num destes programas jornalístico da TV aberta vi uma matéria sobre a nova moda do automobilismo. Falo do GPS: você ainda terá um para o mesmo trajeto de ida e retorno de casa para o trabalho. Aliás, o GPS apenas servia para reforçar outra idéia: a realidade da pirataria e seus riscos. E aí surge o mesmo personagem da frase anterior que até pode ser você.

Era uma senhora, na verdade bem moça, como estas heroínas independentes, que têm “pensamento próprio”, ganham seu dinheiro e têm seu carrinho. Depois de atingir o pico da vida, compram um GPS e assumem aquela fala de uma canção do Billy Blanco: “Não fala com pobre, não dá mão a preto, não carrega embrulho./ Pra que tanta pose doutor?/ Pra que esse orgulho?

Pois falava a senhora sobre os perigosos do “GPS pirata”: poderia me levar para o interior de uma favela. E quem iria pagar o risco dela no meio daquela subumanidade? Qual vampiro que suga a vida das pessoas em suas telas de Cristal Líquido. Jamais perdoaria a possibilidade que os “piratas”, através de um “GPS”, tramassem as vias tortas pelas quais iria chegar bem no meio das ruas de uma favela qualquer. Especialmente destas que derrubam helicópteros.

Os dois casos são a pirataria do pensamento televisivo na mente desta classe média bem posta pelo grande poeta Patativa do Assaré: está no purgatório, entre o céu e o inferno. Quando era para todos crescerem, aprenderem a pensar com liberdade, pois têm a convivência diária com a realidade social, política, cultural e material do mundo. Abdicam de tudo e se tornam ventríloquos de uma mídia efetivamente a serviço da ideologia de classe. A classe dominante, consciente de que é preciso criar ódio contra pobres para que as classes médias jamais os tenham em humanidade e a eles se juntem noutra ordem social, política e material possível.

O assunto é vasto como dizia o poeta: mundo, mundo, vasto mundo, se eu não me chamasse Raimundo, seria uma rima, não seria uma solução. É vasto, mas há tempo de retornar aos termos da primeira frase.

Se ao invés de colocar “bandidos” a dona da frase tivesse dito, “pessoas”, não haveria como enunciar a frase seguinte (nos dois casos são mulheres). Pois é aí mesmo que existe o efeito ideológico: as ruas estão cheias de bandidos à luz do dia. E como estão cheias de bandidos, ou melhor, foram tomadas por eles, existem duas ações complementares: refugiem-se nos shoppings com segurança privada e aparelhem a segurança pública para uma guerra de retomada das ruas. Uma guerra contra quem? Contra pretos, pobres, favelados, prostitutas, gays, comunistas, drogados e todo dia um novo item será acrescido na lista da mídia.

Pensar por si pode ser difícil. Pode até inaugurar outro mundo em que este cubículo chaveado não mais seja necessário. Inclusive pode fazer nascer em a idéia que a vida é algo maior do que este peso consumista que se tornará nada no segundo da morte. Pode até levar para o vasto mundo do pensamento humano e suas tramas milenares para trás e para frente. Conquistar a era, aquela que faz de hoje a revisão do passado e a estimativa do futuro.

E agora ? - Por Socorro Moreira


O retiro que se indefine, encharca-se de uma preguiça nostálgica. As distâncias vão instalando valas ... Os abismos aprofundam-se. Nossas próprias águas avoluma-se , e nos asfixiam.
Olho para o céu ... Esse tempo nublado me deixa careta, e desapaixonada.
Meu amor platônico auto-deletou-se !
Meu amor virtual dorme antes e depois de mim.
Meus afetos reais ocupam-se dos seus dramas pessoais ...Não tocam, se entocam !
A casa de janelas abertas ferrolha a sua porta. A vida consome-se lenta e corrosivamente. O tempo arranca meu velho papel de parede, num vendaval insubmisso. Pesam-me os pensamentos, e essa virada do tempo.
Caras desmotivadas e assaltadas por todas as angústias do mundo, impostam as suas máscaras. Alegria sem eco, tristeza sonora, como um disco arranhado , pinga em gotas , conta gotas ...Lágrimas da Terra.
Sinto que o os mensageiros de todas as novas estão a caminho. As mudanças aleatórias virão ! Esse aperto no peito explodirá um jeito verde de enxergar a vida.
São poucas horas de um novo 23 de Novembro.
Casa silenciosa , abandonada pelas baratas, pessoas e paixão. Meus tamancos zuadam pela escada interna .Passeiam nos recantos selados e desmemoriados. Lá fora a cidade corre. Meus templos são as calçadas ... Empoçadas , espelham um céu e um momento gris.
Vou e volto para os algodões verde - água dos meus lençóis desarrumados pelo tormento dos sonhos. Pernas cruzadas, olhar embaçado ...
Quando a minha energia voltar vou inverter a posição das telas do meu quarto, polir as lembranças, inocentá-las de todas as dores, retirar essa energia senil .
É confortável o silêncio do corpo. O meu silêncio só abre a boca, quando encara a vida , e sente-se feliz !
E agora ?
Sinto a tristeza do mundo espalhada nas diversas fantasias. Ela é única !
Nosso riso quebra a gravidade do assunto.Tudo em ordem, apesar do caos.
Normalmente preciso do tempo , algum dinheiro, umas horas de pensamento , e um mãos à obra com entusiasmo e energia.
Estou sempre reaprontando a vida.Expurgando coisas, substituindo-as.
Ando com vontades de viajar de Várzea Alegre à Portugal. Uma parada no Rio ou São Paulo ...Quem sabe um espetáculo , no teatro Rival ?
Descer em Congonhas, esticar até Guarulhos ... Ou pegar o avião Recife X Lisboa , por um fado , e um pastel de nata.
Um dia será! Um dia próximo, pra costurar meu amor rasgado.
Fase de realocação dos meus mandatos.
Enxugo meu coração, enxugo a casa, e com todas as águas puxadas à rodo , hidrato meus sonhos. Meus amores estão de férias , de licença-prêmio , aposentados .
Solta , corro à toa ...Ninguém me chama !
Bom dia natureza chapante ! Bom dia pé de serra , que o meu olhar eleva e canta !
Chegou Novembro . O mês mais caloroso do ano !
E antes de fechar esta página , faço um último reclame :
- Até dezembro, meu dono !

Invasão do luar - por Socorro Moreira


Minha poesia é pretenciosa
Inventa um Natal em Novembro
Pede emprestado , o olhar de Claude
Mistura-se na argila da estrada,
pisa em folhas brancas da saudade.
Na argamassa das palavras
constrói barracos de papel...
Desarrumada nos cipós e calhas
pede inclusão na paisagem .
No escuro que o luar invade
esconde a timidez ,
ilumina de falas, a casa.



Falta querosene na lamparina da sala
O fogão de lenha queima,
gravetos catados,
na beira da alma .
Meu quintal tem um balanço,
onde brinco com meus sonhos;
minha rede sempre armada,
tem no vento um aliado...
Quando ele chega,
abro a janela da vida ,
e canto uma moda antiga
pra que as estrelas se encantem,
e me apanhem com seu brilho.



Recado de Papai Noel

Sou da Família Cariricaturas. Neto de Walda Arraes, companheira de infância, colega de uma época, e amiga de todos os tempos da tia Socorro Moreira.
Trago um lembrete pra vocês. Tá na hora de começar a enviar suas cartinhas , pedindo presentes ao Papai Noel. Tenho certeza que ele já incluiu na sua rota , o Cariricaturas.
E tem mais... Vocês não vão fazer a brincadeira de Amigo Oculto ? Pois então ... É super legal !
Deixem o email , nos comentários dessa postagem , e recebam o nome sorteado.
Alimentem a amizade com brincadeiras carinhosas e criativas !
Eu já escolhi minha amiga de todos os dias : Vovó Walda !

Pensamento para o Dia 23/11/2009


“Os seres humanos não podem compreender o Absoluto sem forma e sem atributos. Os Avatares (Encarnações Divinas) surgem na forma humana para permitir à humanidade experimentar o Sem Forma em uma forma que seja acessível e útil. Um Avatar assume a forma que seja benéfica e dentro do alcance dos seres humanos. Um esforço deve ser feito para entender a natureza da divindade. É somente quando Deus vem na forma humana que os seres humanos podem ter a completa oportunidade de experimentar e desfrutar do Divino.”
Sathya Sai Baba

Adoniran Barbosa


João, sétimo filho de Fernando e Ema Rubinato, imigrantes italianos de Veneza, que se radicaram em Valinhos. A verdadeira data de nascimento de Adoniran foi 06/07/1912, que foi "maquiada"para que ele pudesse trabalhar ainda menino.

Muda-se para Jundiaí, SP, e começa a trabalhar nos vagões de carga da estrada de ferro, para ajudar a família, já que só conseguia ser convencido a frequentar a escola pela vara de marmelo empunhada por D. Ema. É entregador de marmitas, varredor etc. Em 1924, muda-se para Santo André, SP. Lá é tecelão, pintor, encanador, serralheiro, mascate e garçon. No Liceu de Artes e Ofícios aprende a profissão de ajustador mecânico. Aos 22 anos vai para São paulo, morar em uma pensão e tentar ganhar a vida. O rapaz João Rubinato já compõe algumas músicas. Participa do programa de calouros de Jorge Amaral, na Rádio Cruzeiro do Sul e após muitos gongos, consegue passar com o samba Filosofia, de Noel Rosa. O ano é 1933 e ele ganha um contrato passando a cantar em um programa semanal de 15 minutos, com acompanhamento de regional. Em 1933 passa a usar o nome artístico de Adoniran Barbosa. O prenome incomum era uma homenagem a um amigo de boemia e o Barbosa foi extraído do nome do sambista Luiz Barbosa, ídolo de João Rubinato.

Em 1934 compõe com J. Aimberê, a marchinha Dona Boa que venceu o concurso carnavalesco organizado pela Prefeitura de São Paulo, no ano seguinte. O sucesso dessa música levou-o a decidir casar-se com Olga, uma moça que namorava já há algum tempo. O casamento durou pouco menos de um ano, mas é dele que nasce a única filha de Adoniran: Maria Helena. Em 1941 foi para a Rádio Record, onde fez humorismo e rádio-teatro, e só sairia com a aposentadoria, em 1972. Foi lá que criou tipos inesquecíveis como Pernafina e Jean Rubinet, entre outros. Sua estréia no cinema se dá em 1945 no filme PIF-PAF. Em 1949 casa-se pela 2ª vez com Matilde de Lutiis, que será sua companheira por mais de 30 anos, inclusive parceira de composição em músicas como Pra que chorar? e A Garoa vem Descendo.
Seu melhor desempenho no cinema, acontece no filme O Cangaceiro, de Lima Barreto, na Vera Cruz. Compõe inúmeras músicas de sucesso, quase sempre gravadas pelos Demônios da Garoa. As músicas Malvina e Joga a Chave foram premiadas em concursos carnavalescos de São Paulo. Destacam-se Samba do Ernesto, Tem das Onze, Saudosa Maloca, etc.

Em 1955 estreou o personagem Charutinho, seu maior sucesso no rádio, no programa História das Malocas de Oswaldo Molles. Participou também, como ator, das primeiras telenovelas da TV Tupi, como A pensão de D. Isaura. O reconhecimento, porém, vem somente em 1973, quando grava seu primeiro disco e passa a ser respeitado como grande compositor. Vive com simplicidade e alegria. Nunca perde o bom humor e seu amor por São Paulo, em especial pelo bairro do Bixiga (Bela Vista), que ele, sem dúvida, consegue retratar e cantar em muitas músicas suas. Por isso, Adoniran é considerado o compositor daqueles que nunca tiveram voz na grande metrópole.

A lembrança de Adoniran Barbosa não reside apenas em suas composições: temos em São Paulo o Museu Adoniran Barbosa, localizado na Rua XV de Novembro, 347; há, no Ibirapuera, um albergue para desportistas que leva seu nome; em Itaquera existe a Escola Adoniran Barbosa; no bairro do Bexiga, Adoniran Barbosa é uma rua famosa e na praça Don Orione há um busto do compositor; Adoniran Barbosa é também um bar e uma praça; no Jaçanã existe uma rua chamada "Trem das Onze"...

Adoniran deixou cerca de 90 letras inéditas que, graças a Juvenal Fernandes (um estudioso da MPB e amigo do poeta), foram musicadas por compositores do quilate de Zé Keti, Luiz Vieira, Tom Zé, Paulinho Nogueira, Mário Albanese e outros. Está previsto para o dia 10 de agosto o paulista Passoca (Antonio Vilalba) lançar o CD Passoca Canta Inéditas de Adoniran Barbosa. As 14 inéditas de Adoniran foram zelosamente garimpadas entre as 40 já musicadas. Outra boa notícia é que entre os primeiros 25 CDs da série Ensaio (extraídos do programa de Fernando Faro da TV Cultura) está o de Adoniran em uma aparição de 1972.

A gravadora Kuarup nos brinda com um presente especial: um CD com a gravação de um show de Adoniran Barbosa realizado em março de 1979 no Ópera Cabaré (SP), três anos antes de sua morte. Além do valor histórico, o disco serve também para mostrar música menos conhecidas do compositor, como Uma Simples Margarida (Samba do Metrô), Já Fui uma Brasa e Rua dos Gusmões.

© 2008 SampaArt


Sathya Sai Baba




Baghavan Sri Sathya Sai BabaBaghavan Sri Sathya Sai Baba, pseudônimo de Sathya Narayana Raju é um guru indiano. É considerado por muitos como um Avatar (encarnação numa forma humana de um ser divino). O próprio Sai diz ser a segunda de uma tríplice encarnação: teria sido Shirdi Sai Baba, e futuramente será Prema Sai Baba. Nasceu em 23 de novembro de 1926, numa pequena vila no sul da Índia, chamada Puttaparthi, no estado de Andhra Pradesh. Ele reside lá ainda hoje, recebendo milhares de visitantes do mundo inteiro em sua comunidade espiritual (ashram), chamada Prasanthi Nilayam, que significa "Morada da Paz Suprema" (shanti=paz, pra=suprema, nilayam=morada).

UM OÁSIS NO DESERTO – MARTHA MEDEIROS

MEDEIROS, Martha. Um Oásis no Deserto, Revista O Globo-RJ, 22 de novembro de 2009, p. 28.


...Cheguei do Marrocos há poucos dias, um país encantador, com uma biodiversidade de tirar o fôlego...tudo estupendo, mas seco. Ainda assim, engolindo areia, fui surpreendida várias vezes por alguns oásis que quebravam o jejum.

...Aterrisei de volta ao Brasil e entre notícias de um apagão inexplicável e de um escândalo mais inexplicável ainda por causa de uma reles minissaia que gerou teses sociológicas, preferi me ater a essa história do garoto saxofonista [um garoto aparentando ter uns 19 anos resolveu improvisar um pocket show usando uma esquina da cidade como palco: a cada vez que o semáforo fechava, ele se posicionava na frente dos carros e tocava um saxofone por um minuto] que fazia shows de um minuto no agito das ruas, silenciando os buzinaços com sua música. Pensei: também é um oásis.

O que não falta por aí são pessoas com vidas desérticas, pensamentos viciados, gente presa em calabouços e respirando por aparelhos, sem dedicar um minuto, um minutinho que seja por dia, a criar seu próprio oásis. Os nossos podem ser tão numerosos quanto os que eu encontrei naquelas paisagens marroquinas em tons de terracota, em que já não se distingue o que é cor original ou desbotado, uma estética da solidão que tem sua beleza e força, mas que clama por um pouco de oxigênio.

As pessoas dizem que a tecnologia, que deveria servir para agilizar o nosso trabalho e liberar mais tempo para o lazer, está, ao contrário, produzindo ainda mais trabalho e mais estresse. A culpa não é da tecnologia, que, pelo que sei, ainda não tem cérebro, mas de seus usuários, que deveriam pensar mais em vez de entrarem na paranóia de preencher cada hora do seu dia com atividades produtivas, ignorando a produtividade que também há num encontro entre amigos, num cinema, numa caminhada, na audição de um disco, na meditação, num fim de semana longe da cidade, na leitura de um livro, num passeio de bicicleta, num namoro, no desprezo à lógica e no respeito aos acasos. Esses são os verdadeiros oásis, ao contrário dos oásis fabricados, como, por exemplo, restaurantes da moda onde não se come bem nem se ouve ninguém.

O saxofonista no meio da rua nada mais fez do que ofertar à vida opaca um toque de verde.

Marlene - por Norma Hauer


Foi no dia 22 de novembro de 1922 que ela veio ao mundo,na cidade de São Paulo, recebendo o nome de Vitória Bonaiutti de Martino, mas ficou conhecida em todo o Brasil com o nome de MARLENE, que adotou, lembrando a artista alemã, que brilhou no cinema americano Marlene Dietrich.

Depois de passar vários anos interna no Colégio Batista de São Paulo, aos 13 anos já se apresentava na "Hora do Estudante", na Rádio Bandeirantes daquela cidade. Também ali, estreou na Rádio Tupi (em 1940), vindo depois para o Rio de Janeiro, onde atuou nas Rádios Globo, Mayrink Veiga e, por fim Nacional, onde fez sua estréia no Programa César de Alencar.

Em disco, estreou gravando "Swing no Morro" e "Ginga, Ginga, Moreno", em 1946, mas foi cantando com o conjunto "Vocalistas Tropicais" que conheceu seu primeiro sucesso:"Coitadinho do Papai".
Daí para centenas de gravações foi um passo.
Como um registro do dia a dia do trabalhador carioca, gravou dois grandes sucessos "Lata-D'Água" e "Zé Marmita".

Apesar de haver estreado na Rádio Nacional no Programa César de Alencar", foi no de Manoel Barcelos que se firmou e onde começou a rivalidade entre ela e Emilinha Borba provocada por suas fãs que chegavam a brigar por elas, enquanto as duas
gravaram juntas a música de Peterpan (cunhado de Emilinha) "Eu Já Vi Tudo".

Houve interesse da Rádio em manter a rivalidade, pois isso lotava seu auditório nos dias daqueles programas.

Nas eleições para Rainha do Rádio, promovida pela famosa Revista do Rádio, onde , em anos diferentes as duas foram eleitas, é que a coisa "pegava fogo".

Emilinha , admirada por marinheiros e fuzileiros, foi cognominada "Favorita da Marinha". Marlene não fez por menos: era a "Favorita da Aeronáutica".

Depois que o rádio perdeu sua força, Marlene continuou em atividade, participando da primeira montagem de a "Ópera do Malandro", de Chico Buarque (1979-80),de show na Sala Funarte(1984) de programa na Rádio MEC(entre 1987 e 90) e de "shows" no Canecão(1995), no Teatro Rival(2002) e na Cinelândia (2004). 13:59 (11 horas atrás) Norma
MARLENE -2-
Em 2007 voltou à Rádio Nacional para gravar um DVD com músicas de seu repertório, incluindo "Geni" de Chico Buarque.

Marlene, no início de sua carreira esteve em Paris onde cantou no Olimpia com Edith Piaff, que a apreciou como cantora internacional.

Aqui é só um pequeno resumo para lembrar a carreira de Marlene, que foi e ainda é coberta de louros,tanto que houve haverá várias homenagens a ela pelo seu aniversário.
Ontem (dia 21) foi realizada um exposição de fotos dela e, principalmente, de seu encontro com Edith Piaff, em Paris.

Ainda ontem foi homenageada no programa "Onde canta o sabiá", que Gerdal dos Santos apresenta na Rádio Nacional.

Hoje, ela será homenageada por Jorge Goulart e Roberto Barbosa (neto de Orestes) na Igreja São José e N.Sra.das Dores, no Andaraí..

Hoje não se discute quem é a "maior": Marlene ou Emilinha.
As duas se igualaram no tempo áureo do rádio.

Hoje uma é saudade e a outra está na "terceira idade". Ambas tiveram seu valor e penso que, completando com a Estrela Dalva de Oliveira, as cantoras foram o grande alicerce do rádio.
Exatamente por causa dessas rivalidades.

Villa Lobos - por Norma Hauer


Ele era um gênio..
Esse gênio nasceu aqui no Rio de Janeiro em 5 de março de 1887 e faleceu há exatos 50 anos, no dia 17 de novembro de 1959.

Iniciou seu interesse pela música ao se relacionar com os “chorões” das primeiras décadas do século passado.
Fez parte de um grupo seleto no qual se destacavam Ernesto Nazareth;Eduardo das Neves; Catulo da Paixão Cearense; Anacleto de Medeiros...
Em 1905 fez sua primeira viagem ao Nordeste, de onde trouxe algumas canções folclóricas, interessando-se pelo assunto folclore.
Por sugestão de Ernesto Nazareth compôs alguns batuques.

Seguindo sua carreira como compositor, compôs inúmeras “bachianas”, inspirado nas obras de J.S.Bach.
Sua obra foi muito vasta, compondo Sinfonias; Quartetos; Aves Maria; Suítes (destacando a Suíte Infantil e Suíte Brasileira) e vários outros gêneros musicais.

Sua importância foi capital no movimento da Semana de Arte Moderna, de 1922, em São Paulo.

Há muito o que se falar sobre Villa Lobos, mas quero registrar aqui o que Villa Lobos representou para a juventude de minha geração.

Exigente, as professoras chegavam a temê-lo ; se um aluno errava mesmo um simples compasso, ele perguntava quem ensinara aquilo errado. Era um gênio e não imaginava que existiam pessoas comuns, com erros comuns.

Certa vez em uma apresentação no Estádio do Vasco da Gama, onde eram realizados eventos no dia 7 de setembro, ele, perante a multidão que assistia à apresentação de seu "Canto do Pajé", de longe, percebeu um erro na distribuição dos sons e acusou as professoras, considerando-as incapazes. Elas eram professoras, não eram regentes.

Os espetáculos eram dignos do talento de Villa Lobos e as crianças, apesar de terem medo dele, gostavam de participar.

Nunca me esqueci desses espetáculos, dos quais poucas vezes fiz parte.

Hoje temos, além do Teatro Villa Lobos a Escola de Música Villa Lobos, na qual minha neta estudou violino, fazendo hoje parte de uma pequena orquestra livre.

Como todos os gênios, ele partiu, mas sua obra ficou.