Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

16 a 19/12, EM CRATO: ARMAZÉM DO SOM NO CENTRO CULTURAL DO ARARIPE


ARMAZÉM DO SOM
Apresenta:

- 16/12/09 (Quarta) -
Trotski
Glory Fate

- 17/12/09 (Quinta) -
Liberdade e Raiz

- 18/12/09 (Sexta) -
Cabruêra

- 19/12/09 (Sábado) -
CHICO CESAR

Local: Largo da RFFSA - 21h

Estamos com fome de amor ... - Arnaldo jabor - Colaboração de Edmar Cordeiro Lima




Estamos com fome de amor...
(JORNAL O DIA! Arnaldo Jabor)

O que temos visto por ai ???
Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes.

Com suas danças e poses em closes ginecológicos, cada vez mais siliconadas, corpos esculpidos por cirurgias plasticas, como se fossem ao supermercado e pedissem o corte como se quer... mas???

Chegam sozinhas e saem sozinhas...
Empresários, advogados, engenheiros, analistas, e outros mais que estudaram, estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos...
Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dancer", incrível.

E não é só sexo não!

Se fosse, era resolvido fácil, alguém dúvida?
Sexo se encontra nos classificados, nas esquinas, em qualquer lugar, mas apenas sexo!
Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho, sem necessariamente, ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico na cama ... sexo de academia . . .

Fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçadinhos,
sem se preocuparem com as posições cabalisticas...
Sabe essas coisas simples, que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.
Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção...
Tornamo-nos máquinas, e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós...
Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada nos sites de relacionamentos "ORKUT", "PAR-PERFEITO" e tantos outros, veja o número de comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra viver sozinho!"
Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários, em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis, se olharmos as fotos de antigamente, pode ter certeza de que não são as mesmas pessoas, mulheres lindas se plastificando, se mutilando em nome da tal "beleza"...

Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento, e percebemos a cada dia mulheres e homens com cara de bonecas, sem rugas, sorriso preso e cada vez mais sozinhos...
Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário...
Pra chegar a escrever essas bobagens?? (mais que verdadeiras) é preciso ter a coragem de encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa...
Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia isso é julgado como feio, démodê, brega, familias preconceituosas...

Alô gente!!! Felicidade, amor, todas essas emoções fazem-nos parecer ridículos, abobalhados...

Mas e daí? Seja ridículo, mas seja feliz e não seja frustrado...
"Pague mico", saia gritando e falando o que sente, demonstre amor...
Você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta mais...

Perceba aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, ou talvez a pessoa que nada tem haver com o que imaginou mas que pode ser a mulher da sua vida...
E, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois...
Quem disse que ser adulto é ser ranzinza ?

Um ditado tibetano diz: "Se um problema é grande demais, não pense nele... E, se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele?"
Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo, assistir desenho animado, rir de bobagens e ou ser um profissional de sucesso, que adora rir de si mesmo por ser estabanado...
O que realmente, não dá é para continuarmos achando que viver é out... ou in...
Que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo, que temos que querer a nossa mulher 24 horas, maquiada, e que ela tenha que ter o corpo das frutas tão em moda, na TV, e também na playboy e nos banheiros, eu duvido que nós homens queiramos uma mulher assim para viver ao nosso lado, para ser a mãe dos nossos filhos, gostamos sim de olhar, e imaginar a gostosa, mas é só isso, as mulheres inteligentes entendem e compreendem isso.

Queira do seu lado a mulher inteligente: "Vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois, ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida"...

Porque ter medo de dizer isso, porque ter medo de dizer: "amo você", "fica comigo", então não se importe com a opinião dos outros, seja feliz!

Antes ser idiota para as pessoas que infeliz para si mesmo!

Amigo secreto:

Mais que secreto,
escondido.
Há décadas eu não te vejo.
Que me conheces, duvido!
Mas, pelo gongo da memória,
te salvo,
(saúdo)
secreto amigo!
Assis

CARROSSEL DA VIDA por Rosa Guerrera


Gira o carrossel
no trole da vida...
sacode feridas,
aumenta o escarcéu.

Há homens gritando,
bebendo chorando...
Crianças sujando
o berço a mamar.
Mulheres vadias
vendendo paixões,
cachaça e limões
num bar a cheirar.
Há gosto de podre
na água da chuva
e a lua viúva
se esconde a gozar.
Há homem e mulher
num canto da rua.
Ela quase nua
ele a delirar.
Há beijo roubado
há beijo escondido
E beijo vendido
Em mesa de bar .

Gira o carrossel
No trole da vida
Sacode as feridas
Aumenta o escarcéu
E eu quase tonta
no louco girar...
Sou mais uma poeta
no mundo a rolar.

IDENTIDADE (I) - por Ana Cecília S.Bastos



E se não há frequência via satélite para captar os teus sinais?
Como reconhecer o teu sentimento que não é nomeado em
imagem e som?
Como ser
Ana Cecília

Corujinha Baiana deseja...


A Vendedora de Laranjas – Por Carlos Eduardo Esmeraldo

As lembranças vez por outra entram em ebulição na minha cabeça. Agora relembro que nos primeiros meses de 1961, Mãe Zarena, a minha bisavó torta, bastante idosa, adoeceu. Ela era a segunda mulher do meu bisavô e irmã de Santana, sua primeira mulher, minha bisavó pelo lado paterno, que faleceu no inicio de 1900. A vigília em torno do leito da enferma era constante. Os seus descendentes diretos e indiretos se revezavam nas orações pela recuperação da sua saúde. Como era de se esperar, ela faleceu. Foi numa manhã de uma segunda feira. Aguardávamos seus dois filhos, que residiam no Rio de Janeiro.

Enquanto o velório ocorria na sala de jantar no interior da casa, eu e o primo José Esmeraldo Gonçalves sentávamos no peitoril da janela da fachada e apreciávamos o movimento das pessoas que passavam pela Rua Dom Quintino. De repente chegou uma vendedora de laranjas, postou-se na soleira da porta e com voz aguda e cortante, gritou a todo pulmão: “Quer comprar laranjas? Olhe a laranja de primeira!” Como ninguém lá de dentro da casa respondia e nem nós, a vendedora insistia: “Quer comprar laranja?...” Repetiu essa cantilena várias vezes, até que uma das minhas primas, bastante autoritária, veio até a porta recriminar a vendedora: “Fale baixo! Respeite o sentimento das pessoas dessa casa. Aqui morreu a dona da casa. Não está vendo que é um velório?” Ao ouvir a reprimenda, a vendedora gritou mais forte ainda: “Morreu, morreu, quer comprar laranjas? Estou vendendo minhas laranjas. Quer comprar laranjas?” E saiu Rua Dom Quintino acima, resmungando e descompondo minha prima. Até hoje a frase dessa vendedora de laranja virou para mim um refrão que eu sempre repito, quando alguma coisa não dá certo ou não têm mais jeito: “Morreu, morreu quer comprar laranjas?”

Por Carlos Eduardo Esmeraldo


Vaga-lumes - Socorro Moreira





Lua nova
noite escura
estrelas do solo
piscam pro destino
Beiram estradas
que nunca terminam
Brincam no asfalto
sem pensar na sina
Desconhecem o sol
Desconhecem cores
Mata e céu...
É por lá que morrem!

Caçando luzes
eu me perco sempre
Sempre me dispersa
este vôo ausente...
Pouso breve,
como um beijo tímido
Pouso leve,
um olhar que afaga.

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Nos pequenos comas


Nada parece existir...
Com exceção dos próprios sonhos.

Quando desperto, procuro teus recados
Uma palavra de mimo, um sorvete no verso...

Silêncio de uma ponte quebrada é quase mortal
É um Deus nos acuda...
É medo do recomeço, sem a estrela principal.

Natal - Olavo Bilac

Jesus nasceu. Na abóbada infinita
Soam cânticos vivos de alegria;
E toda a vida universal palpita
Dentro daquela pobre estrebaria...

Não houve sedas, nem cetins, nem rendas
No berço humilde em que nasceu Jesus...
Mas os pobres trouxeram oferendas
Para quem tinha de morrer na cruz.

Sobre a palha, risonho, e iluminado
Pelo luar dos olhos de Maria,
Vede o Menino-Deus, que está cercado
Dos animais da pobre estrebaria.

Não nasceu entre pompas reluzentes;
Na humildade e na paz deste lugar,
Assim que abriu os olhos inocentes
Foi para os pobres seu primeiro olhar.

No entanto, os reis da terra, pecadores,
Seguindo a estrela que ao presepe os guia,
Vem cobrir de perfumes e de flores
O chão daquela pobre estrebaria.

Sobem hinos de amor ao céu profundo;
Homens, Jesus nasceu! Natal! Natal!
Sobre esta palha está quem salva o mundo,
Quem ama os fracos, quem perdoa o mal,

Natal! Natal! Em toda a natureza
Há sorrisos e cantos, neste dia...
Salve Deus da humildade e da pobreza
Nascido numa pobre estrebaria.

Repassando convite


Jane Austen


Jane Austen (16 de Dezembro de 1775 - 18 de Julho de 1817) foi uma escritora inglesa proeminente, considerada por alguns como a segunda figura mais importante da literatura inglesa depois de Shakespeare. Ela representa um exemplo de uma escritora cuja vida sem grandes sobressaltos em nada reduziu a estatura da sua ficção. .

Suas Obras :
Lady Susan (1794, 1805)
Razão e Sensibilidade (Sense and Sensibility) (1811)
Orgulho e Preconceito (Pride and Prejudice) (1813)
Mansfield Park (1814)
Emma (1815)
Abadia de Northanger (Northanger Abbey) (1818) póstumo
Persuasão (Persuasion) (1818) póstumo
Sir Charles Grandison (sua única peça teatral, escrita provavelmente em 1791 ou 1792 e publicada somente em 1980)

Os irmãos Grimm



Na tradição oral, as histórias compiladas não eram destinadas ao público infantil e sim aos adultos. Foram os irmãos Grimm que as dedicaram às crianças por sua temática mágica e maravilhosa. Fundiram, assim, esses dois universos: o popular e o infantil. O título escolhido para a coletânea já evidencia uma proposta educativa. Alguns temas considerados mais cruéis ou imorais foram descartados do manuscrito de 1810.

O Romantismo trouxe ao mundo um sentido mais humanitário. Assim, a violência presente nos contos de Charles Perrault, cede lugar a um humanismo, onde se destaca o sentido do maravilhoso da vida. Perpassam pelas histórias, de forma suave, duas temáticas em especial: a solidariedade e o amor ao próximo. A despeito dos aspectos negativos que continuam presentes nessas histórias, o que predomina, sempre são a esperança e a confiança na vida. É possível observar essa diferença, confrontando-se os finais da história de Chapeuzinho Vermelho em Perrault, que termina com o lobo devorando a menina e a avó, e em Grimm, onde o caçador abre a barriga do lobo, deixando que as duas fiquem vivas e felizes enquanto o lobo morria com a barriga cheia de pedras que o caçador ali colocou.

Os Contos de Grimm não são propriamente contos de fadas, distribuindo-se em:

Contos de encantamento (histórias que apresentam metamorfoses, ou transformações, a maioria por encantamento);
Contos maravilhosos (histórias que apresentam o elemento mágico, sobrenatural, integrado naturalmente nas situações apresentadas);
Fábulas (histórias vividas por animais);
Lendas (histórias ligadas ao princípio dos tempos ou da comunidade e onde o mágico aparece como "milagre" ligado a uma divindade);
Contos de enigma ou mistério (histórias que têm como eixo um enigma a ser desvendado);
Contos jocosos (humorísticos ou divertidos).
A característica básica de tais narrativas (qualquer que seja sua espécie literária) é a de apresentar uma problemática simples, um só núcleo dramático. A repetição, ou reiteração, juntamente com a simplicidade de problemática e da estrutura narrativa, é outro elemento constitutivo básico dos contos populares. Da mesma forma que a simplicidade da mente popular, ou da infantil, repudia as estruturas narrativas complexas (devido à dificuldade de compreensão imediata que elas apresentam), também se desinteressam da matéria literária que apresente excessiva variedade, ou novidades que alterem continuamente as estruturas básicas já conhecidas.

Essa reiteração dos mesmos esquemas na literatura popular-infantil vai, pois, ao encontro da exigência interior de seus leitores: apreciarem a repetição de situações conhecidas, porque isso permite o prazer de conhecer, por antecipação, tudo o que vai acontecer na história. E mais, dominando, a priori, a marcha dos acontecimentos, o leitor sente-se seguro interiormente. É como se pudesse dominar a vida que flui e lhe escapa.

Vários críticos afirmam serem as histórias dos Grimm incentivadoras do conformismo e da submissão. Ainda assim, a permanência dessas narrativas, oriundas da tradição popular, justifica o destaque conferido a estes autores alemães.

Estátua comemorativa da história Os Músicos de Bremen, erigida em Bremen em 1951; conto do qual originou o musical Os Saltimbancos.

Cinderela;
Branca de Neve;
João e Maria;
Rapunzel;
Os Músicos de Bremen;
A Protegida de Maria;
O Ganso de Ouro;
O Alfaiate Valente;
O Lobo e as Sete Cabras;
Os Sete Corvos;
As Aventuras do Irmão Folgazão;
Os Três Fios de Ouro de Cabelo do Diabo.


GRIMM, Irmãos. Contos de Fadas. 4.ed. São Paulo: Editora Iluminuras Ltda, 2002. ISBN 85-7321-106-7

Preparando a festa ... - por Socorro Moreira


Preparo o novo ano ,

me desfazendo das coisas velhas,

pendurando sonhos numa árvore imaginária,

esperando que amadureçam , e caiam feito frutos ,

em forma de realidade.

Espero o Natal acendendo luzes,

nos meus recônditos mais secretos,

deliciando-me com as surpresas dos encontros e reencontros ...

(Dentro de mim, os espelhos são tantos !)

Preparo o ano vindouro querendo você , o novo,

visitando a minha vida !


E nesse misto de desejos , expando a esperança de um ano próspero e feliz para todos !


Dia 21 , segunda-feira , estaremos revelando a brincadeira do amigo secreto. Preparem suas mensagens conclusivas , ativem o correio ... Fortaleçam os laços de amizade !


Abraços,


Socorro Moreira

As folhas das horas - por Claude Bloc

Aprendi com as primaveras a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira...
(Cecília Meireles)

que poemas posso escrever
quando o tempo se esgarça
quando a vida se despe
quando as folhas das horas
são as folhas que me arrancaram?

Pois é, hoje estou aqui
venho de mãos nuas
venho simplesmente
em busca de meus sonhos
e são castanhos os meus olhos
que se azulam
de tanto olhar o mar

assim revelo-me
busco encontrar -me
e resguardar no rosto
a mensagem do tempo
o gosto de aprender-te
sem perder o senso
ao contar as horas

quero poder rever-te
e guardar no corpo
as estações do ano
a viagem que nos une
... depois
quero poder partir sem pressa
e me (re)partir
em átimos.
.
Texto por Claude Bloc
.

Para Ana Cecília, Dr. José Newton e Dona Rute


O gato falou pro gato
Que cor de olho você tem?


Um verde outro amarelo
um pouco de azul também.


Mas gato, como é que pode
juntar tanta cor assim?


É que sou bem misturado
tenho dentes de marfim.

Meu pelo é bem pretinho
na barriga outra cor


Mas tanta cor não importa
quando se tem muito amor...


********** ***********

Ana Cecília, perdoe-me pela singeleza dos versos. A intenção é chegar a você pra lhe desejar um Natal muito feliz extensivo a toda sua família.

Qua Deus abençoe também o casal querido de todos nós do Cariricaturas: Professor José Newton e Dona Rute.



O HOMEM QUE VIRAVA LOBISOMEM

Ele existiu sim. Esse eu conhecí. Foi em meados de 1961 ou 1962, me foge a memória quando fui morar no bairro Pimenta, em Crato. Alí eu o ví pela primeira vez. Ele era um sujeito alto. Aliás, muito alto. Tinha lá seus metro e noventa. Caminhar lento e passos largos. Um típico modelo “etíope”. Tinha a pele enegrecida mais pelo sol que pela cor. Ele era um mulato escuro. Pouca barba e cavanhaque grisalho meio comprido e pontiagudo descendo queixo abaixo. Seus olhos eram caídos, meio mortos, avermelhados e um pouco escondidos pela aba de um chapéu de palha, de abas longas. Ele “tangia” porcos a caminho do matadouro do Crato toda sexta-feira pela manhã, por volta das sete horas. Era essa a hora em que eu saía para a escola. Talvez pela sua ocupação chamavam-no Miguel dos Porcos. Era esse o seu nome. O homem que virava lobisomem.

Quando o ví pela primeira vez, ele me pareceu uma pessoa boa, pacata, calma. Tinha uma voz grossa e rouca, falava lento e sempre me dava um sonooooro, rouco e leeeeento “Bom diiia meniiino”... Na realidade Eu o tinha como um “bom velhinho”.

Até que um dia presenciei uma conversa de algumas pessoas mais velhas.
-Ouví falar que o Miguel dos Porcos vira lobisomem. Será verdade essa história?
-Eu acho que é. Porque eu também já ouví essa mesma história. E dizem que é sempre nos dias de sexta-feira à meia noite. Ele desaparece. E quando ele desaparece... depois da meia noite sempre aparece um lobisomem atormentando as pessoas e correndo atrás dos cachorros.

Meu Deus do céu. Aquilo soou como uma bomba nos meus ouvidos. Eu não queria ter escutado. Não podia acreditar. Como pode um homem tão calmo virar bicho? Se transformar num lobisomem? Como pode acontecer?? Por que acontece isso?? E será que ele mata crianças??

A partir daquele dia o medo tomou conta de mim. Sempre que seguia o meu caminho em busca da escola nos dias de sexta-feira, eu evitava o caminho, ou o encontro com o homem que virava lobisomem. Passei a ter pesadelos terríveis.

Contei a todos os meus amigos, que também passaram a ter medo de Miguel dos Porcos. Surgiram estórias e estórias e estórias de lobisomem, de crianças que foram engolidas vivas por um bicho, de papa-figo, de caipora, etc, etc. Foi o fim dos tempos. Nunca mais tivemos paz. Miguel dos Porcos por muito tempo permeou o universo dos nossos medos e pesadelos.

Aí veio o tempo e essa estória foi caindo no esquecimento dos que ficam adultos. Estórias de quando éramos crianças. No entanto, por curiosidade, um dia eu, conversando com um ex-magarefe, chefe de compras e responsável pela entrada de animais no antigo matadouro do Crato, tocamos em alguns nomes de antigos comerciantes de animais. Entre eles, lá estava Miguel dos Porcos.

Foi aí que me explicaram o motivo da fama de lobisomem. O Miguel dos Porcos era uma pessoa que vivia só. Não tinha família. Pelo menos que se saiba. Não tinha pai, irmãos, filhos, não tinha ninguém. Na sexta-feira, depois de negociados os porcos, o dinheiro arrecadado por Miguel tinha um único caminho: A bodega(pequena mercearia) que ficava em frente ao matadouro. Alí, todo o seu dinheiro era trocado por cachaça. Miguel bebia até o cair da noite.

O prédio do matadouro ficava fora da cidade. Entre o bairro do Pimenta(ultimo bairro) e o matadouro, se passava por um trecho de mato. Assim é que, no seu caminho de volta, já completamente “trêbado”, batia a velha rebordosa da solidão em que vivia.

Miguel dos Porcos começava então a chorar. E chorava alto. Choro leeeento, groooosooo, roooucoo, semelhante a uuurrrooo. Quase aos gritos, tomava então o rumo do mato. Fugia para que as pessoas não o vissem chorando suas mágoas, sua solidão talvez. Nessa hora, os transeuntes que ouviam aqueles lentos e roucos gemidos concluíam:
-Parece até que ele tá virando bicho...

O boca a boca se encarregou do resto. Falavam de um homem, negro, alto e feio, que nas noites de sexta-feira uivava dentro do mato. Principalmente em noites de lua cheia. Até chegarem à conclusão de que Miguel dos Porcos virava bicho, virava lobisomem na sexta-feira à noite foi um nada de tempo. Mas ele existiu sim. Eu o conheci.

WILTON DEDÊ

Ofício - Micheliny Verunschk

PRESENTE DO AMIGO(A) SECRETO(A) PARA O POETA ASSIS LIMA

“Escribir un poema es descifrar al universo sólo para cifrarlo de nuevo”
Octavio Paz


OFÍCIO, DE MICHELINY VERUNSCHK


Como um rei
que sonhasse
um círculo
um mármore
um castelo
e dormindo
seus olhos declarassem
o Belo:
uma lágrima
a perfeição
a luz
o verbo.
Como um Deus
que criasse a Beleza
muito embora fosse cego.

Pão de Queijo na forma - Colaboração de Fátima Figueirêdo





-4 Ovos
-2 xicaras de queijo parmesão ralado
-1 xicara de oléo
-1 xicara de leite
-1 colher(sopa rasa) de fermento
-1 colher(café)de sal



Reserve o queijo e o fermento.Bata os demais ingredientes no liquidificador.Despeje a mistura em uma forma, e junte o fermento e por ultimo o queijo. Unte uma forma com furo no ,Despeje a
massa, e leve para assar em forno pre-aquecido, por cerca de 45 minutos.Sirva morno.


Ludwig Beethoven


"Escutar atrás de si o ressoar dos passos de um gigante". Esta foi a definição que o compositor Brahms deu à Nona Sinfonia de Beethoven.

Beethoven era alemão, mas seu nome de família mostra a ascendência holandesa. A palavra "bettenhoven" significa canteiro de rabanetes e é o nome de uma aldeia na Holanda. A partícula "van" também é bastante comum aos nomes holandeses. O avô do compositor era da Bélgica e a família Beethoven estava há poucas décadas na Alemanha na época do nascimento de Ludwig.

O avô Beethoven trabalhava como diretor de música da corte de Colônia e era um artista respeitado. Seu filho, Johann, pai de Ludwig, o seguiu na carreira, mas sem o mesmo êxito. Johann percebeu que o pequeno Ludwig tinha talento e tratou de obrigar o filho a estudar muitas horas por dia.

Ludwig deixou a escola com apenas 11 anos e aos 13, já ajudava no sustento da casa, trabalhando como organista, cravista, músico de orquestra e professor. Era um adolescente introspectivo, tímido e melancólico, freqüentemente imerso em devaneios.

Em 1784, Beethoven tornou-se amigo do jovem conde Waldstein, que notou o talento do compositor e o enviou para Viena, na Áustria, para que se tornasse aluno de Mozart. Em duas semanas, Beethoven voltou para Bonn, supostamente porque Mozart não lhe deu a atenção esperada.

Começou então a fazer cursos de literatura, como uma forma de compensar sua falta de estudo. Teve contato com as fervilhantes idéias da Revolução Francesa e a literatura pré-romântica alemã de Goethe e Schiller. Esses ideais se tornariam fundamentais na arte de Beethoven.

Em 1792, Beethoven partiu definitivamente para Viena, novamente por intermédio do conde Waldstein. Dessa vez, Ludwig havia sido aceito como aluno de Haydn - a quem chamaria de "papai Haydn". Beethoven também teve aulas com outros professores.

Seus primeiros anos vienenses foram tranqüilos, com a publicação de seu Opus 1, uma coleção de três trios, e a convivência com a sociedade aristocrática vienense, que lhe fora facilitada pela recomendação do conde. Era um pianista de sucesso e soube cultivar admiradores.

Surgiram então os primeiros sintomas da surdez. Em 1796, na volta de uma turnê, começou a queixar-se, e teve o diagnóstico uma congestão dos centros auditivos. Tratou-se com médicos e melhorou sua higiene, a fim de recuperar a boa audição. Escondeu o problema de todos.

Em 1802, por recomendação médica, foi descansar na aldeia de Heilingenstadt, perto de Viena. Em crise, escreveu o que seria o seu documento mais famoso: o "Testamento de Heilingenstadt". Trata-se de uma carta, originalmente destinada aos dois irmãos, que nunca foi enviada, onde ele reflete, desesperado, sobre sua arte e a tragédia da surdez.

O suicídio era um pensamento recorrente. O que o fez mudar de idéia foi encarar a música como missão: "Foi a arte, e apenas ela, que me reteve. Ah, parecia-me impossível deixar o mundo antes de ter dado tudo o que ainda germinava em mim."

Só em 1806, Beethoven revelou o problema, em uma frase anotada nos esboços do Quarteto no. 9: "Não guardes mais o segredo de tua surdez, nem mesmo em tua arte!".

Beethoven nunca se casou e sua vida amorosa foi uma sucessão de insucessos e de sentimentos não-correspondidos. Apenas viu realizado um amor correspondido. A revelação está na "Carta à Bem-Amada Imortal", escrita em 1812. A identidade dessa mulher nunca ficou clara e suscitou muitas especulações. Um de seus biógrafos concluiu que ela seria Antonie von Birckenstock, casada com um banqueiro de Frankfurt.

Em 1815, o irmão de Ludwig, Karl, morreu deixando um filho de oito anos para ele e a mãe da criança cuidarem. Beethoven lutou na justiça para ser seu único tutor e ganhou a causa.

Beethoven passou os anos seguintes em depressão, mas, ao sair dela em 1819, deu inicio a um período de criação de obras-primas: as últimas sonatas para piano, as "Variações Diabelli", a "Missa Solene", a Nona Sinfonia e, principalmente, os últimos quartetos de cordas.

Foi em plena atividade, cheio de planos para o futuro (uma décima sinfonia, um réquiem, outra ópera), que ficou gravemente doente - pneumonia, além de cirrose e infecção intestinal. Morreu no dia 26 de março de 1827.

Beethoven é reconhecido como o grande elemento de transição entre o Classicismo e o Romantismo.

Estudiosos costumam dividir a obra beethoveniana em três fases. A primeira incluiria as obras escritas entre 1792 e 1800. A segunda fase corresponderia ao período de 1800 a 1814, marcado pela surdez e pelas decepções amorosas. São características dessa fase obras como a sinfonia "Eroica", a "Sonata ao Luar" e os dois últimos concertos para piano. A última fase, de 1814 a 1827, ano de sua morte, seria o período das obras monumentais: a Nona Sinfonia, a "Missa Solene", os últimos quartetos de cordas.

A obra de Beetoven inclui uma ópera ("Fidelio"), música para teatro e balé, missas; sonatas; cinco concertos para piano, um para violino e um tríplice, para violino, violoncelo e piano; música de câmara (os quartetos de cordas) e nove sinfonias.

A Sinfonia no. 3, "Eroica", foi planejada para ser uma grande homenagem a Napoleão Bonaparte. A Nona, talvez a obra mais popular de Beethoven, marcou época. Sua grande atração é o final coral, com texto de Schiller, a "Ode à Alegria".

uol educação

Renascimento - por Edmar Lima Cordeiro




Há tempo de chorar

De rir.

Tempo de amar

De indignar-se.

Tempo de solidão.

De alma vazia e

Sofrida.

Mesmo assim sendo, há

Tempo de inverno

De flores na primavera

De sol no verão.

A natureza com harmonia

Trabalha seus ciclos:

Otimista,

Valente,

Dinâmica,

Alegre,

Produtiva,

Incansável e perene.

Ferida pela ganância

É pródiga em retratar

A alma do homem.

Ama. Reproduz-se

Num eterno idílio

Desafiando a violência humana!

Os sentimentos, as emoções, as angústias,

Reparadas não como hipóteses

São tempos do tempo

Partes da vida

Experiências que sublimam

O gênero humano

Prova incontestável

Do deus que somos.

Destes ciclos, resta-nos a síntese:

O amor.

Dele renascemos.



Edcor.

Deixar passar ... - por Socorro Moreira


Nada pra falar.

O dito atira no precipício

restos do nada



Morte de um sonho

O sério brincou , sem acreditar.



Márgens opostas

Um rio corre nas minhas costas

Mágoas da Incompreensão .

(socorro moreira)

Acabrunhada - por Socorro Moreira


Dias e noites

Lembro, esqueço

vivo, desisto...

Não desamo .
Apresso um tempo

Antecipo um fim

Ele busca nas entrelinhas :

Acha o que não foi pensado

Cata o lixo do que não foi dito.

Ele corta a chuva

orando pra Santa Bárbara.

Mas a chuva cai

num barulhinho
cantante

Fecha a porta da entrada

Escancara uma saída

Se esconde na procura

Se tranca, na despedida.

E eu desando no caminho...
Sinto a moderação

imposta pela vida.

Mais uma vez eu quis,

e não fui feliz !

socorro moreira

Amanhecida- por Socorro Moreira


Manhã azulzinha.
No céu, a última estrela.
Sons da manhã...
São passarinhos!

Coração pressente
cheiro novo de vida
Flor aceitação ...
E a noite,
que desejou ser dia
venceu a dor .

Angústia cansada
adormeceu na paz.

socorro moreira