Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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sábado, 9 de janeiro de 2010

Olhares, teares
- Claude Bloc -

*** Olhares
teares
presos até o fim do livro
presos até o cansaço
presos até o bater das asas
de um anjo de olhar castanho.
Café
cheiro de café
sons matutinos
névoa (in)distinta
e as palavras rodopiando
nos sentidos.

Palavras sussurradas
sustando a sinfonia
bocejavam alegres
quase infantis
e ela soletrava
a lembrança das notas
e ela se enfeitava
todas as manhãs
guardando as notas dos risos
e o tempo dos compassos
tempo de nenhures
tempo de viver o encontro
nesse preciso momento
ponto de sol brilhante
ponto diminuto
ponto.
**
Claude Bloc
*
Clarice por Clarice

Pedro Karp Vasquez

Ao mesmo tempo que ousava desvelar as profundezas de sua alma em seus escritos, Clarice Lispector costumava evitar declarações excessivamente íntimas nas entrevistas que concedia, tendo afirmado mais de uma vez que jamais escreveria uma autobiografia. Contudo, nas crônicas que publicou no Jornal do Brasil entre 1967 e 1973, deixou escapar de tempos em tempos confissões que, devidamente pinçadas, permitem compor um auto-retrato bastante acurado, ainda que parcial. Isto porque Clarice por inteiro só os verdadeiramente íntimos conheceram e, ainda assim, com detalhes ciosamente protegidos por zonas de sombra. A verdade é que a escritora, que reconhecia com espanto ser um mistério para si mesma, continuará sendo um mistério para seus admiradores, ainda que os textos confessionais aqui coligidos possibilitem reveladores vislumbres de sua densa personalidade.



A descoberta do amor

“[...] Quando criança, e depois adolescente, fui precoce em muitas coisas. Em sentir um ambiente, por exemplo, em apreender a atmosfera íntima de uma pessoa. Por outro lado, longe de precoce, estava em incrível atraso em relação a outras coisas importantes. Continuo, aliás, atrasada em muitos terrenos. Nada posso fazer: parece que há em mim um lado infantil que não cresce jamais.
Até mais que treze anos, por exemplo, eu estava em atraso quanto ao que os americanos chamam de fatos da vida. Essa expressão se refere à relação profunda de amor entre um homem e uma mulher, da qual nascem os filhos. [...] Depois, com o decorrer de mais tempo, em vez de me sentir escandalizada pelo modo como uma mulher e um homem se unem, passei a achar esse modo de uma grande perfeição. E também de grande delicadeza. Já então eu me transformara numa mocinha alta, pensativa, rebelde, tudo misturado a bastante selvageria e muita timidez.
Antes de me reconciliar com o processo da vida, no entanto, sofri muito, o que poderia ter sido evitado se um adulto responsável se tivesse encarregado de me contar como era o amor. [...] Porque o mais surpreendente é que, mesmo depois de saber de tudo, o mistério continuou intacto. Embora eu saiba que de uma planta brota uma flor, continuo surpreendida com os caminhos secretos da natureza. E se continuo até hoje com pudor não é porque ache vergonhoso, é por pudor apenas feminino.
Pois juro que a vida é bonita.”

Temperamento impulsivo

“Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever? Acho que assim: vem-me uma idéia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a meio: às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham, às vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidade.
Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. [...] Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou madura bastante ainda. Ou nunca serei.”

Viver e escrever

“Quando comecei a escrever, que desejava eu atingir? Queria escrever alguma coisa que fosse tranqüila e sem modas, alguma coisa como a lembrança de um alto monumento que parece mais alto porque é lembrança. Mas queria, de passagem, ter realmente tocado no monumento. Sinceramente não sei o que simbolizava para mim a palavra monumento. E terminei escrevendo coisas inteiramente diferentes.”
“Não sei mais escrever, perdi o jeito. Mas já vi muita coisa no mundo. Uma delas, e não das menos dolorosas, é ter visto bocas se abrirem para dizer ou talvez apenas balbuciar, e simplesmente não conseguirem. Então eu quereria às vezes dizer o que elas não puderam falar. Não sei mais escrever, porém o fato literário tornou-se aos poucos tão desimportante para mim que não saber escrever talvez seja exatamente o que me salvará da literatura.
O que é que se tornou importante para mim? No entanto, o que quer que seja, é através da literatura que poderá talvez se manifestar.”
“Até hoje eu por assim dizer não sabia que se pode não escrever. Gradualmente, gradualmente até que de repente a descoberta tímida: quem sabe, também eu já poderia não escrever. Como é infinitamente mais ambicioso. É quase inalcançável”.

Viver plenamente

“Eu disse a uma amiga:
— A vida sempre superexigiu de mim.
Ela disse:
— Mas lembre-se de que você também superexige da vida.
Sim.”


Ideal de vida

“Um nome para o que eu sou, importa muito pouco. Importa o que eu gostaria de ser.
O que eu gostaria de ser era uma lutadora. Quero dizer, uma pessoa que luta pelo bem dos outros. Isso desde pequena eu quis. Por que foi o destino me levando a escrever o que já escrevi, em vez de também desenvolver em mim a qualidade de lutadora que eu tinha? Em pequena, minha família por brincadeira chamava-me de ‘a protetora dos animais’. Porque bastava acusarem uma pessoa para eu imediatamente defendê-la.
[...] No entanto, o que terminei sendo, e tão cedo? Terminei sendo uma pessoa que procura o que profundamente se sente e usa a palavra que o exprima.
É pouco, é muito pouco.”

A síntese perfeita

“Sou tão misteriosa que não me entendo.”

Textos extraídos do livro Aprendendo a viver, Clarice Lispector. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2004.

Gabriela Mistral, A Alma Lírica do Chile.

10 de abril de 1889 - 10 de janeiro de 1957


Decálogo del Artista

I.Amarás la belleza que es la sombra de Dios sobre el Universo.

II.No hay arte ateo. Aunque no ames al Creador, lo afirmarás creando a su semejança.

III.No darás la belleza como cebo para los sentidos, sino el natural alimento del alma.

IV.No te será pretexto para la lujuria ni para la vanidad, sino ejercicio divino.

V.No la buscarás en las ferias, ni llevarás tu obra a ellas,porque la Belleza es virgen y la que está en las ferias no es Ella.

VI.Subirá de tu corazón a tu canto y te habrá purificado a ti el primero.

VII.Tu belleza se llamará también misericordia y consolará el corazón de los hombres.

VIII.Darás tu obra como se da un hijo : restando sangre de tu corazón.

IX.No te sera la belleza opio adormecedor, sino vino generoso, que te encienda para la acción, pués se deja de ser hombre o mujer, dejarás de ser artista.

X.De toda creación saldrás con verguenza, porque fué inferior a tu sueño e inferior a eses sueño maravilloso de Dios que es la Naturaleza.

*****


Nascida en Vicuña, Chile, a 10 de abril de 1889, filha de um professor rural, Gabriela Mistral, pseudônimo de Lucila Godoy Alcayaga,destacou-se como poetisa, educadora e diplomata.

Com precoce vocação para o magistério, chegou a ser diretora de várias escolas, como educadora, visitou o México, ( onde ajudou na reforma educacional ),os Estados Unidos e Europa, para estudar as escolas e os métodos educacionais desses países.Foi também professora convidada nas Universidades de Barnard,Middlebury e Puerto Rico.

Em seus versos ela abordava temas como o amor, a maternidade, a religião e a diversidade da cultura nacional, bem como dilemas morais que afligiam a escritora.

A condição feminina e a identidade latino-americana, no entanto, seriam a principal tônica de seus versos, pelos quais a poetisa foi consagrada, como a mais importante de seu país.Escrevendo em versos simples e diretos, sem grande ornamentação, à parte das influências modernistas de latinos-americanas.

A partir de 1933, durante 20 anos,recebeu o título de "Professora da Nação", e foi nomeada cônsul para representar o seu país em Nápoles, Madri, Nice, Los Ângeles e Lisboa.

Sua fama como poetisa, começou em 1914, logo que foi premiada por seus "Sonetos de La Muerte", inspirados no suicídio de seu grande amor, o jovem Romelio Ureta. Foi nesse concurso que se apresentou com o pseudônimo que a acompanharia por toda a vida.

Sua poesia foi publicada em vários idiomas : inglês, francês, italiano e sueco. Influenciou o trabalho de muitos escritores latinos-americanos,como Pablo Neruda e Octavio Paz.Seus diversos poemas para crianças são recitados e cantados em diversos países.

Em 1945, converteu-se no primeiro escritor latino-americano a receber o Prêmio Nobel de Literatura.

Na citação do Prêmio Nobel, pode-se ler:

..." por sua poesia lírica, inspirada por emoções poderosas,fez seu nome se tornar um símbolo das aspirações idealistas de todo o mundo latino-americano."

Posteriormente, em 1951, recebeu o Prêmio Nacional de Literatura, a mais importante premiação literária chilena.

Faleceu em Long Island, Estados Unidos em 10 de janeiro de 1957.


Fontes:

http://www.pco.org/conoticias/lermateria/php?www.biographyonline.net/poets/gabriela_mistral.html

http://poemasde.net/atardecer-gabriela-mistralwww.emol.com/especiales/mistral/poemas.htmGooglewww.emol.com/especiales/mistral/poemas.htm

Google Imagem


Youtube -Ausencia - Video Poema Gabriela Mistral com música de Angel Parra

"Nois quaje se arromba" - Por A. Morais


Assis Leandro, contava uma historia de um tio seu, morador na localidade Cana Brava, situada na divisa dos municípios de Várzea-Alegre com Granjeiro, que na seca de 1970, quando as dificuldades de pastagem, água para os animais e alimentos para os humanos chegaram ao limite do desespero, quando o gado começou a fraquejar e morreu a vaca de sua estimação, ele entrou em casa afobado, jogou a corda que trazia na mão num pé de parede e disse:
"vou vender todo gado, todos os animais, não vou esperar que morram como esses que já morreram. Vou embora para Goiás pra onde está compadre fulano de tal. Aqui não é lugar pra se viver."

A mãe dele, movimentando os bilros de sua almofada de rendas, disse:
- Meu filho se acalme, tenha paciencia, Deus esta no céu.
-É mãe, mas em 1958 ele estava também e nós “quaje” se arromba.
A. Morais

Qualidade da água no interior- colaboração Nívia Uchôa

Pesquisadoras avaliam qualidade da água no Interior e envolvem comunidades na preservação

Crato A água no Interior do Estado é desperdiçada e poluída. Esta é a avaliação parcial feita pelo projeto "Água Pra Que Te Quero", desenvolvido pelas ambientalistas Nivia Uchoa e Cris Vale nas bacias hidrográficas de Banabuiú, Salgado e Alto Jaguaribe. O foco central é uma documentação fotográfica da água e sua relação com o ser humano, no sentido de sensibilizar a sociedade sobre a preservação dos recursos hídricos para as futuras gerações.

Recentemente, elas estiveram no Crato com o objetivo de dar continuidade ao projeto, que será concluído em abril com a publicação de um documentário que será distribuído para órgãos ambientais e escolas. Começaram o trabalho pela poluição do Rio Batateira, que nasce no pé da serra e é contaminado pelos dejetos de Crato e Juazeiro, desembocando no Salgado.

De acordo com a coordenadora do projeto, Cris Vale, o trabalho pretende destacar práticas positivas e negativas do uso da água no cotidiano. Também estimula e difunde a fotografia como exercício de sensibilização, reflexão e estética através de ações de animação cultural. Neste contexto, estão sendo promovidas exposição fotográfica, conversa sobre fotografia e sua relação com a água, bem como caminhada fotográfica nos municípios participantes.

As fotos de Nivia Uchoa denunciam a riqueza da natureza e a pobreza de milhares de nordestinos que vivem miseravelmente. O homem, cercado por uma natureza exuberante, é dissolvido na lama dos rios e açudes poluídos. Uma das fotos mostra a cozinha e os utensílios domésticos de uma casa sertaneja ao lado de um sanitário. Outra foto denuncia o trabalho infantil num açude.

As ambientalistas mostram que a poluição é também resultante da pobreza extrema. O meio ambiente é analisado, sem dissociá-lo das questões humanos. Homem e rio se misturam, não se sabe onde um termina e o outro começa. Esta é a reflexão que elas pretendem despertar numa geração muito mais preocupada com o meio ambiente do que com as questões sociais.

O trabalho pretende envolver, além das prefeituras, as escolas e bibliotecas públicas, centros culturais, galerias de arte, secretarias municipais de educação, cultura, saúde e meio ambiente e Secretaria da Cultura do Estado (Secult). Além disso, os parceiros do projeto são convidados a difundir o projeto, como forma de informação e democratização do acesso às ações educacionais e culturais do projeto.

No Cariri, os municípios participantes são Barbalha, Crato, Juazeiro do Norte e Brejo Santo. O projeto "Água Pra Que Te Quero" conta com o apoio cultural da Secult, através da Lei de Incentivo à Cultura, além do apoio institucional da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) e Expresso Guanabara. A consultoria é da Anima Cult e a colaboração das prefeituras dos municípios participantes. No Crato, o apoio da Prefeitura é através das secretarias da Cultura, Esporte e Juventude, além da Secretaria do Meio Ambiente.

Diário do Nordeste

Ano Novo, amigos velhos... - Foto de Heládio Teles Duarte


A importância de uma pessoa não se constata quando estamos com ela,
mas sim quando sentimos a sua falta.

O moço velho
(1973)

Composição: Sílvio César

Eu sou
Um livro aberto sem histórias
Um sonho incerto sem memórias
Do meu passado que ficou

Eu sou
Um porto amigo sem navios
Um mar, abrigo a muitos rios
Eu sou apenas o que sou

Eu sou um moço velho
Que já viveu muito
Que já sofreu tudo
E já morreu cedo

Eu sou um velho moço
Que não viveu cedo
Que não sofreu muito
Mas não morreu tudo

Eu sou alguém livre
Não sou escravo e nunca fui senhor
Eu simplesmente sou um homem
Que ainda crê no amor

Eu sou um moço velho
Que já viveu muito
Que já sofreu tudo
E já morreu cedo

Eu sou um velho, um velho moço
Que não viveu cedo
Que não sofreu muito
Mas não morreu tudo

Eu sou alguém livre
Não sou escravo e nunca fui senhor
Eu simplesmente sou um homem
Que ainda crê no amor


Música: O moço velho
Autoria: Sílvio César

Traço
- Claude Bloc -
****

O homem traçou um risco
sobre a tela
liso e febril:
era o autor
era a arte!

A mulher
dedilhou parábolas
e fábulas
escreveu poemas
enigmas
a mulher de vermelho
a mulher no espelho...
Depois desceu a rua
sorriu ao traço
cor de anil
e voltou
ao ponto zero
dessa loucura.
>

Voltou sobre os passos
Pelos atalhos
parou em frente à solidão
apagou o cigarro
bebeu o sereno da noite
em hi fi...

Claude Bloc

Esta é demais!!!

Pra você: Com Gal Costa
(Sílvio Cesar)

Olha - com Erasmo Carlos e Chico Buarque


Composição de Roberto e Erasmo Carlos

Nostalgia pura!

Wanderley Cardoso: Promessa
(Roberto & Erasmo Carlos)


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