Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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.....................
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sábado, 30 de janeiro de 2010

A poesia de João Nicodemos


POEMA DE GELO

O MAR
VIRÁ
SERTÃO
..........
O que hoje dói em mim
Sei já fiz doer alguém
Dor que num gesto vai
Gira volta e um dia vem
Sente quem o bem recebe
Sendo assim também percebe
Que o bem que vai
Vem.
.......
quando Nada e Tudo
era ainda Um
trovejou uma luz
no profundo vazio
então teve início
o princípio
e o precipício.

......


hoje acordei
com rimas
nos olhos. . .
........
se a vida é
uma viagem:
do berço à cova
da fralda à mortalha
bom mesmo é estar viajando
por mais que pese a cangalha.

Velho Livro - por Rosa Guerrera

COMPARO A MINHA VIDA

A UM VELHO LIVRO

DE CONTABILIDADE ...

ONDE TODOS OS PREJUIZOS QUE TIVE

FORAM MOTIVADOS POR UM ÊRRO DE CÁLCULO :

ANTECIPEI O CORAÇÃO À RAZÃO ...

E SEM PRESSENTIR

TROPECEI NA MINHA PRÓPRIA SOMBRA .

MUSI(CA)MINHOS - O Show de Pachelly Jamacaru

Foto by Claude Bloc

E como se não bastasse a maravilhosa Exposição de fotos "Águas Vivas " do consagrado artista Pachelly, o espetáculo musical desta noite firmou o seu céu : "Céu Azul" e a nossa reação foi "Da cor da Alegria" : " azul três vezes"!

Lindas parcerias, excelentes músicos !

Parabéns, Pachelly, pelo teu talento , pela arte que aflorou na gente , e embala os nosso sonhos , numa noite mágica de lua cheia !

Nivando Ulisses, Dihelson Mendonça, Salatiel, Abidoral, João do Crato,Jayro Starkey e o Trio Cariri, abrilhantaram o espetáculo !

Tudo pura energia , participação do auditório, aplausos e emoções ... Tudo lindamente azul !

Eu esqueci que estava no Sesc, esqueci que estava no Planeta Terra, adentrei na infinitude do universo ... O Palco se agigantou, e a música tirou o chapéu para um trabalho , no ensaio do improviso, e no exercício diário ... Sentimos a entrega plena e gloriosa entre músicos e música.

Teus caminhos, Pachelly, possuem marcas musicais.. .Companheiros e irmãos de viagem , teu público cativo, amigos Cariris , num grito de festa , cantaram e dançaram o teu sonho de arte !

Voltei iluminada de alegria... É uma pena que seja apenas por um dia, e a espera recomeça , por mais um encontro, momento vida !


Socorro Moreira

Ato Tresloucado

Feliz é a lâmpada do quarto
mesmo quando queima
morre feliz.

Nem fumaça
nem barulho.

Enraiveço.
Quebro o interruptor de plástico.

Lúdica é a lâmpada do quarto.
Brinca com minha ira.

Silenciosa,
do alto do teto,
manda-me um beijo.

Pego meu tênis,
o mais sujo,
lanço-lhe ao focinho.

Agora sim,
uma tragédia:

vapor de mercúrio
dentro dos meus olhos.

Lúcio Alves por Norma Hauer



Ele nasceu no dia 28 de janeiro de 1927,em Cataguases-MG, mas apenas com 7 anos já estava no Rio .
Nessa época já tocava violão, que aprendera com o pai, integrante da Banda de Guataguases.

Seu nome Lúcio Cinbelli Alves, que ficou conhecido como LÚCIO ALVES.

Fez parte, ainda com 14 anos, do grupo "Namorados da Lua", que se apresentava nos Cassinos Copacabana e Urca.

No Teatro República, cantando "Nós os Carecas" venceu um concurso de carnaval e
foi ainda premiado no programa de calouros de Ary Barroso, sendo, assim, convidado para atuar na Rádio Tupi.

Nessa época, com Haroldo Barbosa teve seu samba "De Conversa em Conversa", gravado por Isaurinha Garcia, obtendo seu primeiro grande sucesso.

Vários outros compositores deram sucessos para Lúcio Alves, como Caymmi; Dolores Duran; Alcyr Pires Vermelho;até Flávio Cavalcanti, co-oautor de "Manias", um samba que marcou sua carreira.

Em 1947 o grupo se desfês e sozinho passou a ser mais conhecido, obtendo, no decorrer de sua vida, inúmeros sucessos, como "Manias"; "Solidão" (versão do bolero Sim`Palabras"); "Bolinha de Papel"; "Nunca Mais";"Sábado em Copabcabana"; "Na Paz do Senhor"; "Tereza da Praia";"Nova Ilusão" e seu maior sucesso :"Valsa de Uma Cidade".

Nos anos 60, 70 fez parte das produções da TV Educativa, onde liderou um programa de entrevistas que, em, 1972, entrevistou Carlos Galhardo, ao lado de Nássara e Luiz Cláudio.

Gravou vários LPs, um de músicas só com nomes de mulhjeres,: "Rosa";"Carolina";"Maria": "Januária" e outros.

Em 1978 fez parte do Projeto Pixinguinha, ao lado de Doris Monteiro.

Em 1988 lançou outro LP denominado "Há Sempre um Nome de Mulher", em benefício do programa nacional de aleitamento, patrocinado pelo Banco do Brasil.

Lúcio Alves faleceu em 3 de agosto de 1993, aos 66 anos.
Norma

Roberto Martins por Norma Hauer


No dia 29 de janeiro de 1909 nascia, aqui no Rio de Janeiro o grande compositor ROBERTO MARTINS.
Dos compositores que engrandeceram nossa música popular, Roberto Martins foi dos mais expressivos.
Compôs,´preferencialmente, sambas e marchas, mas também engendrou por outros ritmos.
Um de seus grandes sucessos correu mundo, levado por Carmen Miranda para os Estados Unidos: “Cai,Cai”, inicialmente gravada aqui pela dupla Joel e Gaúcho, para o carnaval de 1940.
Ao conhecer o poeta e letrista Jorge Faraj, compôs sua primeira valsa: “Apenas Tu”, gravada por Carlos Galhardo em 1936, seguida por “Aliança Partida”, gravação de Orlando Silva no ano seguinte.

Os cantores que mais gravaram Roberto Martins foram Carlos Galhardo, Gilberto Alves e Nelson Gonçalves, cujo primeiro sucesso foi o fox “Renúncia”, feito em parceria com Mário Rossi, seu mais constante parceiro.
Enumerar tudo que Roberto fez é impossível. Sucessos constantes são “Beija-me”, gravação original de Ciro Monteiro em 1943, recentemente regravado por Zeca Pagodinho ; “Bodas de Prata”, “Apenas Tu”; “Cadê Zazá?”, “23 de Abril; “Dentro da Lua”; “De Quem é Essa Boquinha? algumas das gravações originais de Carlos Galhardo...
“Meu Consolo é você”; ”Dá-me Tuas Mãos” (co-autoria de Mário Lago) gravações originais de Orlando Silva...Renúncia;”Dorme, que eu Velo por Ti”; “Renuncia” ,gravações originais de Nelson Gonçalves; Cecília”; “Um Sonho Para Dois”; “Pertinho do Céu”; gravações de Gilberto Alves
“Quem mora em Santa Teresa,
Está pertinho do céu...”
Todos os cantores que passaram por nossa música até o fim dos anos 50 do século passado gravaram Roberto Martins,

Isso é uma pequena amostra dentre as mais de 500 músicas que Roberto Martins compôs ao longo de 4 décadas.

Roberto Martins faleceu em 14 de março de 1992, aos 83 anos, deixando uma enorme lacuna em nosso meio musical.
Norma

Herivelto Martins e o Trio de Ouro por Norma Hauer




No dia 30 de janeiro de 1912 nasceu, o compositor e cantor HERIVELTO MARTINS.
Aos que se interessarem por sua história aconselho o livro escrito por seu filho PERI RIBEIRO, de nome "Minhas Duas Estrelas" onde podemos saber tudo sobre a vida de Herivelto e Dalva de Oliveira.
O "Trio de Ouro", começou em 1938, como "Dalva de Oliveira e a Dupla Preto e Branco", composto por Dalva, Herivelto e Nilo Chagas. Quando foram contratados para atuar na Rádio Mayrink Veiga, César Ladeira os denominou "Trio de Ouro".
Não me estenderei sobre Herivelto porque o livro de seu filho diz tudo que possamos querer saber sobre essa figura importante em nosso meio musical.
E tivemos uma minissérie.
Como estamos perto da semana do carnaval, coloco aqui a letra de um de seus maiores sucessos carnavalescos:
PRAÇA ONZE"
Vão acabar com a Praça 11
Não vai haver mais escolas de samba, não vai.
Chora o tamborim, chora o morro inteiro
Favela, Salgueiro, Mangueira-Estação Primeira
Guardai os vossos pandeiros, guardai,
Porque a Escola de Samba não sai.

Adeus, minha Praça 11, adeus
Já sabemos que vais desaparecer.
Leva contigo a nossa recordação
Mas ficarás eternamente em nosso coração.
E algum dia nova praça nós teremos,
E o teu passado cantaremos.

Esse samba foi composto quando da abertura da Av. Presidente Vargas.
Baseado no mesmo assunto, Herivelto compôs:
BOM DIA, AVENIDA
Lá vem a nova avenida, remodelando a cidade
Rompendo prédios e ruas
O nosso patrimônio de saudade.
É o progresso e o progresso é natural
Lá vem a nova avenida, dizendo a sua rival:
Bom Dia, Avenida Central.
E ainda teve
:"NÃO ACABOU A PRAÇA ONZE"
Laurindo sobe o morro gritando:
Não acabou, a Praça Onze, não acabou.
Vamos esquentar os nossos tamborins.
E põe a turma e
E marca o ensaio pra 4ª feira
Quando a Escola de Samba chegou na Pça.11
Não encontrou mais ninguém.
Laurindo pega o apito
Apita a evolução
E toda a Escola de Samba
Jogou bateria no chão
E foi-se embora chorando
E daí a pirâmide foi aumentando.
Norma

David Nasser por Norma Hauer

Iniciando o ano novo de 1917, nasceu em Jaú,no interior de São Paulo , o jornalista e compositor David Nasser.

Ainda muito criança, mudou-se com sua família para São Paulo, viveu algum tempo em Mato Grosso e em 1935 já se encontrava no Rio, onde exerceu a função de jornalita no jornal "O Globo".

Mais tarde ingressou em "O Jornal", no "Diário da Noite e em "O Cruzeiro".

Como jornalista gostava de explorar as desavenças alheias numa verdadeira imprensa marrom.

Nessa posição, explorou dois casos rumurosos acontecidos com artistas conhecidos: o de Herivelto Martins com Dalva de Oliveira e o de Franscisco Alves , em relação a seus filhos. Pura "imprensa marrom".

Como compositor, teve sucesso logo em seu primeiro samba, composto em 1935, mas só gravado, por Aracy de Almeida, em 1939:"Chorei, Quando o Dia Clareou".

Daí partiu para "Canta Brasil"; "Minha Sombra"; Todo Mundo Reclama"; Camisola do Dia", Algodão"; "Mãe Maria"; "Coroa do Rei"; "A Mulher e a Rosa"; "Confete" e inúmeras outras música, quase sempre sucesso.

Gravou com todos os cantores famosos em sua época e fez parceria com quase todos os compositores, mas só vou destacar aqui a valsa "Exilado", lindíssima, gravada por Carlos Galhardo e feita em parceria com o compositor russo Georges Moran.

David Nasser faleceu em 10 de dezembro de 1980, aos 63 anos.


Norma

"Saudade" - Jayme Redondo ( 1929 )


Saudade mal-estar, e bem se diz
que fere, mas não deixa cicatriz.
*
Saudade, doce bem que nos tortura
e ao coração maltrata com doçura.
*
Saudade,
que me trouxe aqui
Saudade,
de beijar a ti.
*
Saudade de uma era passada
do tempo em que eu fui amada.
*
Saudade,
de rever os meus
Saudade,
dos sorrisos teus.
*
Saudade,
quem é que não tem ?
Só mesmo alguém
Que nunca quis bem.
*
Se habita lá distante o nosso amor,
nossa alma vai murchando como a flor.
*
Vivendo
quer no campo ou na cidade,
se sofre a angústia imensa da saudade.
*
Mas quando desse amor nos apossamos,
os dias correm,voam, jubilamos.
*
Se o lar for infeliz, então teremos
saudade das saudades que tivemos.
*
Saudade,
de rever os meus
Saudade,
dos sorrisos teus
*
Saudade,
Quem é que não tem ?
Só mesmo alguém
que nunca quis bem.
***
Composição e gravação original, em 1929 - Jayme Redondo ( 29 /10/1890- 05/12/1952 - São Paulo ) com o Trio Ghiraldini.

Video da gravação de 1950 com Paulo Tapajós.
A flauta é de João de Deus, o clarinete em dueto com o canto é de Abel Ferreira e os violões são de Carlos Lentini e Rubem Bergman.O cavaquinho é de Waldemar de Mello.

PS. Essa letra está de acordo com a gravação de Dalva de Oliveira, de 1961, que é linda, mas que infelizmente, não consegui o vídeo . Na gravação de Paulo Tapajós há uma estrofe que a Dalva não canta, como também a ordem das estrofes está diferente.

SAUDADE ......por Rosa Guerrera

Quando lembro você
tudo fica triste .
A própria natureza
perde toda a razão de ser!

E eu esqueço todos os beijos
que recebí ontem,
os carinhos,
as promessas escutadas
já não possuem nenhum valor para mim.
Só você me aparece nítido,
vivo, brilhante em meu coração.

Quando lembro você
sinto saudade de tudo.
Saudade da minha infância,
do meu primeiro abraço,
do primeiro beijo,
do primeiro pecado.

E na impaciência
das noites vazias ,
eu me entrego a essa saudade contínua
que insiste ,
que se debate ,
que implora
para ficar com você !

E por falar em saudade...Poemas de saudade !

Sorri quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos vazios

Sorri quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador

Sorri quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados doridos

Sorri vai mentindo a sua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz

Charles Chaplin

Vai, minha tristeza, e diz a ela
Que sem ela não pode ser
Diz-lhe, numa prece, que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer

Chega de saudade, a realidade é que sem ela
Não há paz, não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai

Mas, se ela voltar, se ela voltar
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei na sua boca

Dentro dos meus braços
Os abraços hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim

Que é pra acabar com esse negócio de viver longe de mim
Não quero mais esse negócio de você viver assim
Vamos deixar desse negócio de você viver sem mim

Vinícius de Moraes

SAUDADE.
Por que sinto falta de você? Por que está saudade?
Eu não te vejo mas imagino suas expressões, sua voz teu cheiro.
Sua amizade me faz sonhar com um carinho,
Um caminhar, a luz da lua, a beira mar.
Saudade este sentimento de vazio que me tira o sono
me fazendo sentir num triste abandono, é amizade eu sei, será amor talvez...
Só não quero perder sua amizade, esta amizade...
Que me fortalece me enobrece por ter você.

Machado de Assis

PRESENÇA

É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.

Mário Quintana

Reconstituição


Tive de repente
saudade da bebida que eu estava bebendo...
tive saudade e tentei me lembrar que gosto faltava,
qual era a bebida...
Fui procurando entre copos e móveis
e dei com sua boca.

A saudade era dela
A bebida era o beijo.

Elisa Lucinda

Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar

Chico Buarque

A saudade é um parafuso
que quando a rosca cai
só entra se for torcendo
porque batendo não vai.
Mas quando enferruja dentro
nem distorcendo não sai.

Raul Seixas

Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.

Clarice Lispector

Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.

Martha Medeiros

A um Ausente - Carlos Drummond de Andrade

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste

Carlos Drummond de Andrade

Saudade - Pablo Neruda

foto by Claude Bloc



Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...

Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...

Saudade é sentir que existe o que não existe mais...

Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.

E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.

O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.

Pablo Neruda

CONVITE

A Secretaria de Cultura da Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte, convida V. Sa. para participar do 1º Encontro de Escritores, Poetas, Cordelistas e Repentistas da Região Metropolitana do Cariri, no dia 04 de fevereiro do corrente ano, às 8h00, no Teatro Municipal Marquise Branca, com a seguinte programação:

8h00-Café da Manhã
8h30-Abertura.
8h50-Palestra: Registros de trabalhos literários na Biblioteca Nacional, ficha catalográfica, direitos autorais entre outros esclarecimentos para a área. Palestrante: Renato Casimiro.
9h30-Palestra: Centenário de Juazeiro do Norte. Palestrante: Daniel Walker
10h20-Reunião de grupos para debate em dois eixos:

a) Participação dos Escritores, Poetas, Cordelistas e Repentistas na elaboração do Plano Municipal de Cultura.

b) Participação do segmento nos Festejos do Centenário de Juazeiro do Norte.

Atenciosamente

Glória Maria Ramos Tavares
Secretária de Cultura de Juazeiro do Norte

Franco Barbosa
Gerência de Literatura

Hugo Rodrigues
Presidente do ICVC
Foto de Claude Bloc

Os caminhos de pedras nos levam ao pódio visual. O caminho alimenta o descortinar ...
E lá, tudo se fará com o olhar !
Depois de passar e morar em tantas praias e prados, repito uma frase tão nossa : "Só no Crato "...Encontro a plena beleza de um lugar !

Retrato de uma saudade - por Socorro Moreira

Ontem , na boca da noite , espreitamos a lua. Acendemos outras luzes, e tudo aceso ficou: cidade, saudade, e nuvens de lembranças.Senti falta do nada. O nada que comporta uma parte de mim que se foi.
Senti falta de tudo que de bom, já passou.
Não quis a volta de nada, mas quis a presença de tudo , mergulhando num nado de paz.
Estava serena , sem o mar do teu olhar. Estive serena , diante do caos, concentrado numa simples luz, que ilumina uma certa nuvem, num céu que ainda é azul, e azul sempre será.
Vejo o teu rosto refletido no espaço. Rosto desanuviado, inserido , nas palmas das carnaúbas. Agora que tudo é passado, te retiro , e te incrusto, num álbum de retratos.

texto : socorro moreira

foto: claude bloc


Convite por Armando Rafael



Encontro hoje a noite em Crato dará início a um intercâmbio cultural entre Crato e Sergipe


Numa iniciativa vitoriosa do jornalista Jurandy Temóteo será realizado hoje à noite – às 19h30m – no cine Teatro Salviano Arraes Saraiva um encontro para definir o início de um intercâmbio cultural entre o município de Crato e o Estado de Sergipe.


O evento é resultado de uma parceria entre a revista “A Província” - Departamento Histórico Diocesano Padre Antônio Gomes de Araújo, da Diocese de Crato - Secretaria de Cultura de Crato.

Para presidir o evento chegou ontem a Crato o advogado, historiador e escritor Luiz Eduardo Alves de Oliva, presidente da Imprensa Oficial do Estado de Sergipe, membro do Instituto Histórico e Geográfico daquele estado e vice-presidente da Associação Brasileira de Imprensas Oficiais.
Também veio de Cuiabá – para participar do encontro– o advogado, professor, escritor, historiador e jornalista cratense Pedro Rocha Jucá, membro da Academia Matrogrossense de Letras e diretor por vinte e cinco anos do jornal “O Estado de Mato Grosso”.


É pensamento do Dr. Luiz Eduardo Oliva reeditar o livro “As quatro sergipanas”, do Mons. Francisco Holanda Montenegro, numa edição para distribuição entre as entidades educacional-culturais do Brasil.

Como é do conhecimento geral, muitos dos primeiros desbravadores da região do Cariri, que aqui chegaram no início do século dezoito, eram oriundos da província de Sergipe, conforme ficou amplamente provado no livro “As quatro sergipanas’, fruto de pesquisas feitas pelo saudoso monsenhor Francisco Holanda Montenegro, cuja primeira edição encontra-se esgotada.



O meritório trabalho do Monsenhor Francisco Holanda Montenegro foi fruto de muita paciência e muito amor, pois ele compulsou documentos, alinhou fatos, buscando as raízes mais longínquas dentro de um dos ramos mais difíceis da história: a genealogia. devemos a ele um dos melhores tratados sobre as linhagens das “gens caririenses”.



Todos estão convidados para o evento:

Data: Neste sábado, 30 de janeiro de 2010

Horário: 19:30h

Local: Teatro Municipal Salviano Arraes

Calçadão da Rua José de Alencar - Crato

A Todos do Cariricaturas



LINDOS GIFS, MENSAGENS, SCRAPS, POEMAS, RECADOS

HOJE! As 19h, entrada Franca!



E, continua até 20 Fevereiro, visitem!

Para o dia da saudade ...

Um abraço no tempo
- Claude Bloc -


Olhei para a lua e abri um sorriso discreto. Será que a lua seria a mesma de qualquer ângulo pelo qual se olhasse? Olhei para o relógio. Olhei em volta... Os ponteiros eram insistentes, demoravam para se mexer. Ao redor, pessoas sorrindo, pessoas conversando. Chegadas e partidas. Cheiro de mato. Cheiro de saudade. Mas me resguardava no meu silêncio.

E amanhã como seria? Ainda teria a lua no meu olhar?

Fiquei quieta por instantes. Ensaiava quais seriam as primeiras palavras que eu diria depois... Tantas seriam as perguntas, tanta seria a ansiedade! Abri os braços, fechei os olhos e esperei sentir a brisa passar breve e suave pelos meus cabelos.

Depois, deitei-me desajeitadamente. Abracei aquele tempo guardado em meus braços. Prendi a emoção num sorriso ingênuo e brilhante. Quem era eu agora? A menina da foto ou aquela que me observava no espelho da moldura? Não sei, não sabia. Apenas sentia que me guardava inteira nessa saudade desmedida e terna ao mesmo tempo.

Sentei-me na cama. Espanei o pó naquelas velhas fotos. Contemplei numa das fotos minha face juvenil, ainda cheia de sonhos e de indecisões. Procurei um porta-retrato para encaixar aquela lembrança. No espelho, novamente encontrei meu próprio rosto, o passado refletido implacavelmente em cada marca do tempo. Num relance revi tudo pelo que passei, tudo o que a vida me fez. Isso estava escrito e pontuado no meu semblante cansado.

Olhei de novo para o retrato e me lembrei da lua. Linda e brilhante, flutuando lá fora pelo vale. Beijando as fronhas da serra. Banhando o Crato com a prata do tempo. Ouvi seu canto, meu canto. A lua clareando meu quarto, pousando nas fotos, entoando os sons da noite ao meu ouvido. Eram sons de outros tempos se misturando ao presente, pousando nos sonhos, sufocando a ausência, buscando alento.

E agora eu só via esse atropelo de lembranças espalhando saudades pela casa. Uma criança de cabelinhos pretos correndo, girando descendo os degraus da escada... Fitei, na foto, aquela menina, e me voltei para o espelho. No fundo de meus olhos castanhos a saudade ainda cintilava. Guardei as fotos. Dormi com a lua.

Claude Bloc

30 de Janeiro - Dia da Saudade !

Convido todas as minhas saudades para uma festa de música e lágrimas, e que tudo acabe em dança e sorrisos.
Eu sinto saudades de mim.
Saudades não é falta ...
Saudades são lembranças antigas, sempre no plural.
Minhas saudades são pares dançando valsas, e prontas para um frevo em Olinda.
Saudades do meu pai, avós...
De amigos que se foram
Saudades de uma rua, um cheiro, uma música, um assobio...
Saudades que já se esconderam de mim, mas ainda hoje, olho atrás das minhas portas, e pego uma delas encolhida, com vergonha de ser saudade... Mal vivida !

A paz do esquecimento - por Socorro Moreira

Sandoval foi a pessoa mais leal que conheci.
Quando se apercebeu do meu olhar, lembrou outro olhar.
Quando sentiu o gosto do meu beijo, lembrou outro beijo.
E , cada palavra dita , tinha o peso de um silêncio,
que dominava o instante seguinte ...

Sandoval foi fiel...
" mesmo em face do maior encanto" ,
ao seu amor de sempre !
.
Fechei meu olhar
Engoli palavras de ternura,
cruzei as mãos do carinho,
numa prece contrita ...
pela paz e pelo esquecimento !
...
E as minhas preces foram ouvidas !

Maktub - por Rosa Guerrera


Meio dia ! Sol a pino. Gente que se acotovela nos ônibus , nos taxis, nos metrôs e avenidas.
Gente tão próxima e ao mesmo tempo tão distante.
Caminho também desconhecida pela multidão. Vou soprando velas quase apagadas , deitando esperanças por entre os rios e as correntezas.
Sinto a tua presença ao meu lado! E num panorama vazio nossas lembranças se fundem.
A palavra "Maktub" surge na minha mente: "estava escrito"... "tinha que acontecer".
Exatamente como tudo que acontece mesmo na vida da gente . O encontro, o sorriso, a verdade, a ilusão ou até o mergulho no nada.
E o povo indiferente ao que penso segue se acotovelando, enfrentando o calor,o sol a pino,nos onibus, nos taxis, nos metrôs e avenidas ...
Continuam os encontros , os esbarros e as saudades também.
Maktub : aconteceu ! Estava escrito !
por Rosa Guerrera

Saudades do Rio , e de mim...


Aprendemos a dançar ao som de Waldir Calmon. O Rio só conhecíamos nas telas do cinema , com exceção de alguns , como a minha amiga Magali, cujo presente de 15 anos foi uma viagem ao Rio. Mas de tanto sonhar com a cidade maravilhosa, andei muitas vezes por lá . " Estudantina " , dançar ao som de Waldir Calmon... Pensa que é brincadeira? Pois foi!

Waldir Calmon

Herivelto Martins


"Herivelto Martins tem sua trajetória dividida em duas partes: antes e depois de Dalva de Oliveira, de 1936 até 1950, quando se separaram definitivamente.

Participou da Dupla Preto e Branco e, em seguida, do grupo Trio de Ouro, com a participação da cantora Dalva de Oliveira, dona de uma voz poderosa por quem Herivelto se apaixonou.

A vida conjugal de Herivelto e Dalva foi sempre muito tumultuada. Após 10 anos de casamento e dois filhos Pery (Ribeiro, que fez muito sucesso bem mais tarde) e Ubiratan, separaram-se, protagonizando um escândalo nacional, divulgado pela imprensa.

Esse episódio serviu para fortalecer a carreira de Herivelto, pois, diante do sofrimento da separação, fez letras que eram maravilhosas, retratando fielmente, a crise que estava vivendo.

A partir daí houve um verdadeiro duelo musical, ele de um lado, juntamente com David Nasser (jornalista e compositor) e Dalva de outro, sustentada por letras/músicas de Ataulfo Alves, Nelson Cavaquinho,Mário Rossi, J. Piedade e Marino Pinto.

Tudo começou com o samba de Herivelto "Cabelos Brancos", respondido por Dalva com o "Tudo acabado", de J. Piedade e Osvaldo Martins.

Herivelto respondia com outras canções como "Caminhemos", "Quarto Vazio", "Caminho Certo" e "Segredo".

Dalva rebatia com "Calúnia", "Errei sim" e "Mentira de Amor". E o público brasileiro era quem ganhava. A época era de viver uma boa fossa e as música embalavam os suspiros a favor, ora de Herivelto, ora de Dalva.

Mas, a vida não deixa barato e ele conheceu Lurdes Torelly, seu grande amor e companheira pelo resto da vida. A morena de olhos verdes viveu com ele por quase 40 anos e lhe deu três filhos: Fernando, Yaçanã e Herivelto Filho.

Para ela foi composta a música "Pensando em ti", que acirrou mais ainda o duelo musical com Dalva..

Algum tempo depois Dalva e Lurdes tornaram-se muito amigas, sendo Lurdes o esteio de Dalva até o fim de sua vida.

Herivelto teve duas mulheres muito especiais."