Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Boa noite com música !

Notícias Vila das Artes - 14 a 21 de Junho de 2010



>>Mostra Neville D’Almeida
Dia 16 – “Retratos Brasileiros com Neville D’Almeida” (entrevistas, 2009) e “Sete Micro-Curtas” (2006)
Dia 17 – “A Dama do Lotação” (Drama erótico, 1978)
Dia 18 – “Maksuara – O Crepúsculo dos Deuses” (Documentário, 2007)

>>Clássicos do cinema italiano e francês
Dia 16 - “A Doce Vida” (Itália, 1960)
Dia 23 - “Teorema” (Itália, 1968)
Dia 30 - “Acossado” (França, 1959)

Informações pelo telefone (85) 3105-1404

DANÇA
Propostas para ocupação da sala de dança só até terça.
A Vila das Artes recebe até esta terça (15) propostas para ocupação de sua sala de dança. As inscrições para o Programa de Ocupação devem ser encaminhadas à secretaria da Vila (Rua 24 de Maio, 1221, Centro), das 9h às 20h. O Edital de seleção e a ficha de inscrição estão disponíveis no site da Prefeitura (www.fortaleza.ce.gov.br). Podem participar pessoas maiores de 18 anos e que tenham formação em dança. A sala de dança da Vila das Artes ficará disponível nos meses de julho, agosto, setembro e outubro de 2010. Informações pelo email escoladedancadefortaleza@gmail.com ou pelo telefone 3105-1402.

TRABALHO
O Núcleo de Produção Digital Vila das Artes seleciona técnico em audiovisual. Currículos devem ser enviados até quarta.
A Vila das Artes está selecionando um Técnico de Externa em Audiovisual para trabalhar no Núcleo de Produção Digital Vila das Artes (Programa Olhar Brasil mantido em parceria entre a Prefeitura de Fortaleza e o Ministério da Cultura). Para participar da seleção o candidato deve enviar um currículo com foto para o e-mail npdfortaleza@gmail.comou deixar na secretaria da Vila das Artes, na Rua 24 de Maio, 1221, Centro, em Fortaleza, até a próxima quarta (16). Os candidatos com currículo pré-selecionados serão convocados para uma entrevista que acontecerá na próxima sexta (18). O candidato deve ter experiência em manutenção e operação de equipamentos de captação de imagem, som, iluminação e maquinária. Mais informações no edital que pode ser acessado no site da Prefeitura WWW.fortaleza.ce.gov.br. Informações pelo telefone (85) 3105-1410.

MOSTRA
Nesta semana tem A Dama Oculta e A Estalagem Maldita na programação da Mostra Alfred Hitchcock.
A Mostra de filmes Alfred Hitchcock “Fase Inglesa e o Cinema Falado” prossegue esta semana na Vila das Artes. Com início em maio a mostra traz uma seleção de filmes do cineasta que vão dos clássicos ao documentário e acontecem todas as quintas e sextas a partir das 18h30.

Programação
Dia 17 - A Dama Oculta (1938)
Baseado no livro "The Wheel Spins" de Ethel Lina White.
Dia 18 - A Estalagem Maldita (1939)
O roteiro do filme foi baseado num romance da escritora Daphne du Maurier.
Dia 24 - Alfred, o Grande – Parte I (Documentário)
Documentário produzido pela BBC de Londres sobre a vida e obra do diretor Alfred Hitchcock.
Dia 25 - Alfred, o Autor – Parte II (Documentário)

CINEMA NAS RUAS
Cinema nas Ruas
O cinema nas ruas é uma proposta dos coletivos formados através do curso de Formação de Agentes Culturais e Exibidores Independentes, o Pontos de Corte, realizado pela Vila das Artes. Os coletivos – grupos culturais- vão para ruas, praças, associações, e através dos filmes provocam a reflexão sobre a vida, a arte e a cidade. O cinema nas ruas é também convite para que os moradores se apropriem dos espaços públicos e se conheçam. Acompanhe a programação.
Cine Cururu – Cineclube itinerante
Mostra em homenagem aos festejos juninos
Informações : www.ciclubecururu.blogspot.com


>>Local: Rua José Moreira, 516 – Parque Santa Maria
Dias: 19 e 20
Das 18h às 20h
>>Local: Rua Quitéria Girão, s/n, Paupina - Salão Terezinha Gonçalves, Igreja São Sebastião.
Dia: 19
Das 18h às 20h

ENCONTRO DAS ARTES
Equipamento da Prefeitura Municipal de Fortaleza, vinculado a Secretaria de Cultura (Secultfor) a Vila das Artes é lugar de formação em artes, apoio a produção, incentivo a pesquisa e difusão cultural. Oferece gratuitamente uma série de cursos, em diferentes formatos e que atendem a um público diverso. A Vila das Artes foi implantada em 2006 - uma conquista compartilhada entre a classe artística e a Prefeitura de Fortaleza. Contribui com ações que envolvem o circuito de artes e o interesse público, potencializando reflexões e debates sobre política, arte contemporânea e a cidade. Situado em local estratégico, no centro de Fortaleza, o Bloco I (Casa das Escolas) foi inaugurado em setembro de 2008 e abriga as Escolas Públicas de Audiovisual e Dança, um Núcleo de Produção Digital, além de Biblioteca, Videoteca, sala de dança, ilhas de edição e auditório.
Parcerias: Universidade Federal do Ceará, Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura (FCPC) e Rede Olhar Brasil - Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura. Apoio: Kodak, Quanta e Prodança. Apoio cultural: Governo do Estado do Ceará, através da Secretaria da Cultura do Ceará. Patrocínio: Banco do Nordeste, Fundo Nacional de Cultura e Lei de Incentivo a Cultura (Ministério da Cultura) e Governo Federal. Siga no twitter.com/viladasartes.

Vila das Artes - Rua 24 de Maio, 1221, Centro. Fortaleza|Ceará|Brasil
Telefone (55+85) 3252.1444 comunicacaoviladasartes@gmail.com, viladasartesfortaleza@gmail.com
Escola Pública de Dança (85) 3105.1402
escoladedancadefortaleza@gmail.com
Escola Pública de Audiovisual (85) 3105.1404
escoladeaudiovisualdefortaleza@gmail.com
Núcleo de Produção Digital (85) 3105.1410

Projeto Água pra que te quero ! - Poesia da luz (Nívia Uchoa-fotos)

Costela Mindinha(Minga) ao mel e salgrosso _ Colaboração de Edmar Cordeiro



COSTELA MINDINHA (MINGA) AO MEL E SAL GROSSO

1 Costela minga de aproximadamente 3 kg
1 Vidro de mel Karo ou Yoki de 360G
Sal Grosso 300G
2 folhas de papel celofane

MODO DE PREPARAR:

Com as mãos bezuntar (brear) a carne com o mel Karo a vontade; aplicar o sal grosso. Em seguida transportar a minga preparada para as folhas de papel bem estiradas em uma mesa. Embrulhar a carne no papel como fosse bala doce ou seja torcendo as pontas para não vazar o mel e o sal, virar as pontas dobradas para cima e amarra-las com tiras desse papel.
Por em uma assadeira e levar ao forno do fogão por 3 horas.
Servir com arroz branco e verduras e uma boa farofa, acompanhada de um deliciosa cervejota.

NOTA: CUIDADO AO ABRIR A MINGA PARA NÃO EXPIRRAR VAPORES QUENTES.

As Duas Brisas

Aprendi (creio)
a ficar calado
quando meu sangue
não circula
os meus olhos
não brilham.

Aprendi (penso)
a suportar o castigo
da ausência da verdade
em forma de palavras.

Embate monstruoso entre
o vazio cotidiano
e a plena elasticidade
do pensamento.

Aprendi (certamente)
a oferecer o resto
da minha alma
em troca do choque
que antecede a ideia.

O vapor da ideia é interessante.
Platão sabia bem reconfortar-se.

De joelhos agradecia
ao sagrado tempo
pela dor de dente.

O urro de Platão
não era diferente
do meu gracejo
ao supor uma cárie

o sabor da amálgama
sumindo pela saliva
até a traqueia.

Platão era mestre em trincar os dentes.
Enlouquecer.

Enquanto a minha loucura é simplória.
De recém-nascido.

O monte em chamas




O monte em chamas

O sol incendiava as árvores.
As casas se balançavam nas chamas.
Os cavalos queimavam na estrada.
Os meus olhos estavam acesos no barranco.

O mato era uma fogueira fumegando.
As vacas flutuavam com as labaredas.
Eu pisava o carreiro das formigas loucas.
O vento levava o fogo das coivaras.

O touro escarvava o chão das figueiras.
Os cachorros vermelhos ganiam.
O grito do sabiá engravidava o dia.

Eu bebia o leite e o sangue da terra
Abraçado à árvore alta do horizonte
No dia grande sobre o monte em chamas.

________

Dica de Edital: ITAU/RUMOS

Música, literatura, pesquisa acadêmica e, pela primeira vez, teatro são as quatro áreas culturais contempladas por mais uma edição do Rumos Itaú Cultural, programa que incentiva expressões artísticas do País há 13 anos.

Articulação, formação, fomento, mapeamento e difusão. Cinco palavras-chave que formam os pilares do Programa Rumos, projeto levado à frente pelo Itaú Cultural e que, em 2010, chega a 13ª edição. Todo ano, a instituição movimenta e mobiliza a classe artística e promove o debate e o diálogo em diversas áreas, apoiando novos talentos e descobrindo vertentes artísticas em cinema e vídeo, dança, jornalismo cultural, artes visuais, artes cibernéticas, educação etc.

Este ano, para a edição 2010-2012, a literatura, a pesquisa acadêmica, a música e o teatro, pela primeira vez integrando o projeto, são os campos contemplados e que receberão um aporte de recurso que gira em torno de R$ 11 milhões de orçamento. Os editais já estão disponíveis e as inscrições, abertas por meio do site do projeto (www.itaucultural.org.br/rumos ) e prosseguem até 30 de junho (no caso do edital de literatura, 31 de julho).

"Hoje existe uma velocidade das mudanças do cenário cultural, o Rumos Itaú Cultural tem se aprimorado, sempre repensando seu papel diante das cenas artísticas, promovendo debates e diálogos e observando áreas emergentes", acredita Eduardo Saron, superintendente de Atividades Culturais da instituição.

"Estamos sempre com algum edital em vigor, mapeando, fomentando ou difundindo cultura, buscando interagir e identificar as necessidades do mundo da cultura", explica Saron. "Todos os programas do Rumos estão sempre em ebulição, cada um em uma fase diferente de desenvolvimento. Esses projetos são os mais importantes e que oxigenam a nossa instituição, alimentando o desenvolvimento de outros programas".

Ao longo de 13 anos de atuação, o Rumos já apoiou o desenvolvimento de mais de 800 projetos e tem virado referência quando se fala em editais de fomento criados por instituições privadas com "a criação de políticas públicas e uma continuidade dessas ações para as áreas de expressão artística, dando uma segurança para o segmento", afirma Saron.

Novas categorias

Dentro dessa seara e missão, a cada nova edição, o programa procura trazer novidades e acompanhar as diferentes dinâmicas das áreas contempladas pelo programa. Esse ano, a maior novidade é a implementação de um edital para teatro, fechando um ciclo de áreas de expressão artística. "Antes tínhamos um programa chamado Próximo Ato, que era um encontro de grupos teatrais com pesquisa continuada" conta Sonia Sobral, gerente do Núcleo de Artes Cênicas. "O edital de teatro é fruto desses encontros. A partir deles, tivemos um retrato preciso e amplo das questões que mobilizam o teatro em todo o Brasil".

O primeiro edital de teatro foca o intercâmbio e tem como público-alvo grupos teatrais que possuem questões em comum: artística, política ou pedagógica. "Vamos subsidiar os encontros desses grupos, que manterão uma pesquisa em conjunto durante um período e publicarão os registros dos processos de pesquisa em um blog", esclarece Sonia Sobral. "A obra pronta e acabada não é nossa única interesse. Nosso objetivo é fomentar pesquisas sobre os vários espaços e mundos culturais País afora". Saron justifica a opção pela busca da rede como principal ferramenta de divulgação dos processos

Além da novidade no campo do teatro, os outros três editais, já tradicionais no programa, também têm diferenciais em relação às edições passadas. No de literatura, com foco em crítica literária, dois estrangeiros que não residem no Brasil serão selecionados. "A ideia é mapear a presença da literatura nacional contemporânea no exterior", defende Claudiney Ferreira, gerente do Núcleo de Diálogos. O edital de música retorna com as categorias mapeamento e homenagem e abre espaço para projetos infantis e coletivos. "Receberemos inscrições de músicos instrumentistas, solistas acompanhantes e identificaremos quais as relações mais interessantes que podem surgir desses encontros. Estamos abrindo assim espaço para músicos que não são compositores e antes não eram contemplados".
Já o edital de pesquisa acadêmica aponta seu foco para a gestão cultural. "Percebemos lacunas nessa área, como a escassez de bibliografia especializada ou cursos do gênero", enumera Selma Lima, gerente do Centro de Documentação e Referência do Itaú Cultural. Apostando no risco e no preenchimento de lacunas de outros programas e editais culturais, o Rumos tem feito história.

O repórter viajou a convite da instituição.

NOVOS RUMOS

LITERATURA - categorias Produção Literária (até 10 projetos) e Crítica Literária (até quatro projetos); categorias Produção Literária (até 10 projetos) e Crítica Literária (até quatro projetos)

MÚSICA - categorias Mapeamento (até 25 selecionados), Homenagem e Infantil (até 12 artistas, cada) e Coletivo (até 30 artistas);

PESQUISA - categorias Pesquisa Aplicada (até três projetos) e Pesquisa Acadêmica Concluída (até quatro trabalhos);

TEATRO - Serão contempladas até 10 propostas de compartilhamento de práticas criativas entre grupos de teatro (20 grupos).

Mais informações

PROGRAMA RUMOS Itaú Cultural - 2010-2012
Inscrições abertas até 30 de junho (31 de julho, no caso do edital de literatura), no site www.itaucultural.org.br
caderno3@diariodonordeste.com.br

FÁBIO FREIRE
ENVIADO A SÃO PAULO*

Fazendo tranças nos cabelos dos outros - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Não lembro quem e se realmente a fonte de seu descontentamento era a Propaganda da Petrobrás cantando o hino nacional e falando de bandeirinhas. A pessoa falava da questão do amor à pátria e lá pelas tantas desancou um discurso sobre as estatais, o uso político delas e, claro, aliviado, defendeu as privatizações dos anos 90. Tomei aquele trecho como o renitente discurso do liberalismo econômico, só que agora tratado como neo, pois não é mais vinculado ao capital produtivo, mas ao financeiro.

A verdade é que com toda esta lambança mundial das economias centrais, muito por desregulamentação - a outra perna das privatizações - pôs em xeque o discurso liberal. Mas ele continua vigoroso, inclusive agora com a fase da crise, a Européia, com ataques ao funcionalismo público, às aposentadorias e todas as políticas de “Seguridade Social”, tão caras à Europa.

No Brasil o discurso neoliberal não está nesta campanha. Melhor explicando, não nos candidatos e seus discursos (tenho a íntegra dos discursos dos dois principais), mas está na Rede Globo de Televisão, na Veja, Folha de São Paulo e o Estado de São Paulo. E, claro, como a pessoa lá do início, repercutida na rede social da internet e nos blogs.

Um tripé desta visão de mundo: os impostos, a eficiência privada e a autonomia da mídia em tornar instituição o que é apenas visão de mundo de uma parcela da sociedade. A melhor aquinhoada e a classe média tradicional que se encantou com as promessas frustrantes do mercado.

Atacar impostos, como faz, por exemplo, o último filme de Ridley Scott, Robin Hood. Empresas paulistas criaram o impostômetro, as televisões transformam um simples painel em frontispício da notícia nacional e a canalhice (procure a raiz da palavra canalha e a tome por pessoa malvada) nacional repete sem saber bem a razão exata.

Acontece que o sentido ontológico de se achar ruim o imposto é para que sobre mais recurso no bolso de cada um. Ou seja, que a renda de todos aumente. Mas não existe isso na parte de quem manipula o impostômetro: não gostam de pagar salários, têm horror a direitos trabalhistas que significam mais renda para o trabalhador, para esta gente cujo lucro é sagrado, pagar salário pelo trabalho é despesa, ou seja, custo.

Quando um sindicato ao invés de receber um aumento maior para o trabalhador, concede em receber um Plano de Saúde, por exemplo, está fazendo exatamente o que o pessoal do impostômetro ontologicamente condenaria. O pagamento do plano é imposto com o nome de mensalidade e este dinheiro não entra no bolso do trabalhador. Quando alguém compra uma assinatura seja de jornal, de revista semanal, de televisão a cabo, está simplesmente pagando um imposto mensal para se informar sobre o impostômetro. Aliás, tal despesa não está no impostômetro.

O sagrado é o que eles ganham. Pois os liberais brasileiros não têm horror ao Estado, têm horror às regulamentações públicas, à cadeia que prende delinqüentes que monopolizam a vida econômica. Quando vêm com aquele papo das privatizações para o lado da educação e da saúde, apenas querem ter o monopólio dos fundos estatais para fazerem negócios. Um funcionalismo pago, regulamentado, com uma renda determinada por lei, não interessa a este liberal do venha vós ao meu reino e ao vosso reino nada.

Só um dado de hoje. A eficiência privada, numa universidade aqui no Rio. Quando passava a pé pela rua em frente ao complexo educacional, existiam entre 340 e 380 automóveis estacionados. Acontece que o valor maior em economia nesta civilização é a energia, a maior parte não renovável e poluidora da atmosfera. Então se cada um destes automóveis, que leva um único aluno, consumir 3 litros de combustível em média (acho muito pouco as distâncias no Rio são imensas), teríamos a queima diária de 1.020 litros de combustível, ou seja, 5.100 por semana e 20400 por mês. A conta é maior por que não computei os automóveis que vão e vêm com os pais e motoristas particulares soltarem e recolherem os rebentos na porta da universidade.

Então se vamos discutir imposto e eficiência privada (ou estatal) paremos de discutir só a raiva dos mais ricos. Vamos discutir a renda dos mais pobres (salários, aposentadorias, etc.) e, claro, a racionalidade geral de uma sociedade que gasta o que lhe é essencial, como energia, e não dar conta do enorme desperdício como a falta de uma política de transporte coletivo e a regulamentação do trânsito de veículos particulares.

Uma pérola da MPB

Linda Batista - por Norma Hauer

Nesta data da 14 de junho quero relembrar a figura de uma cantora que muito marcou sua passagem por nossa música. Seu nome era Florinda Grandino de Oliveira, mas ficou conhecida como LINDA BATISTA, nascida a 14 de junho de 1919, em São Paulo.

Irmã de Dircinha Batista e filha de um ventríloquo famoso (Batista Júnior), que fazia 22 vozes diferentes, sem mexer os lábios, era normal que ainda criança começasse a a estudar violão, instrumento com o qual passou a acompanhar sua irmã, que embora mais jovem, iniciou sua carreira antes.

Como cantora, foi levada por Francisco Alves a seu programa na Rádio Cajuti, exatamente para substituir Dircinha, que havia faltado. Foi o ponta-pé inicial para ficar conhecida como uma das maiores cantoras de nosso cancioneiro.

Ainda em 1935 tomou parte do filme "Alô, Alô Carnaval",um dos primeiros a utilizar artistas radiofônicos para as telas dos cinemas. Nesse filme, apareceram Linda e Dircinha, esta vestida de pirata interpretando "Pirata", de Braguinha.

Simultaneamente com sua vasta carreira de cantora, atuou ainda nos filmes :"Carnaval em Marte";"Carnaval em Caxias";"É Fogo na Roupa":"Está com Tudo";"Agüenta Firme, Isidoro";"Tudo Azul";"Banana da Terra";"Depois eu Conto"...

Entre 1938 e 1946 atuou no Cassino da Urca. Quando os cassinos foram fechados em 1946, passou a atuar, em 1947, na boate Vogue, onde se apresentou durante 5 anos.

Sua primeira gravação se realizou em 1940, com o samba "Macaco Quer Banana". Nesse mesmo ano, conseguiu seu primeiro sucesso gravando, de Herivelto Martins, o samba "Bom Dia", com as "Três Marias".

Nessa época conheceu Getúlio Vargas e passou a ser assídua freqüentadora do Palácio do Catete e, dizem as más línguas, que não era apenas para cantar. Posteriormente, foi amiga de dois outros presidentes :Juscelino e João Goulart.

No período da Segunda Guerra, gravou "Tudo é Brasil", "A Pátria Está te Chamando", da autoria de Grande Otelo e "A Cobra Está Fumando", em referência ao símbolo da FEB.
Em 1944 gravou seu primeiro grande sucesso para o carnaval:"O Clube dos Barrigudos"

"Você já viu um barrigudo dançar?
Quá,quá,quá...
Quando ele dança,
Sacode a pança...
Quá, quá,quá"..."

Em 1945 novo sucesso "Coitado do Edgard"; nesse mesmo ano, gravou "O Boteco do José". Em 1947 novo sucesso com "Pobre Vive de Teimoso".

Terminada a guerra fez uma excursão ao Norte e Nordeste, acompanhada de Dircinha, Dorival Caymmi e o Trio de Ouro apresentando o "Show da Vitória".

Voltando ao Rio e à Rádio Nacional passou a gravar Lupicínio com o samba "Migalhas".

Em 1950 gravou "Nêga Maluca", de Fernando Lobo e Evaldo Ruy. Este foi seu maior sucesso no carnaval, não apenas de 1950, como em muitos outros. A fantasia de "Nêga Maluca" tornou-se um símbolo em vários carnavais.

Ainda em 1950, naquela euforia da Copa do Mundo e do "já ganhou", Ari Barroso compôs o samba "O Brasil há de Ganhar", Linda gravou e... o Brasil não ganhou.

Em 1951 passou a ter um programa próprio na Rádio Nacional, de nome "Coisinha de Linda", onde lançou "Ó de Penacho", em alusão aos funcionários empistolados que ingressavam no serviço público já na letra Ó.

Nesse mesmo ano fez tourné apresentando-se em Portugal, em Roma e também na
boate Vogue de Paris.

Retornando ao Brasil, gravou aquele que pode ser considerado seu maior sucesso fora do carnaval:o samba de Lupicínio Rodrigues "Vingança". Aquele que dizia :

"a vergonha é a herança maior que mau pai me deixou".

Em 1952, após o falecimento trágico de Francisco Alves, gravou "Chico Viola", de Nássara e Wilson Batista e nesse mesmo ano , de Ari Barroso, outra música marcante "Risque".

Em 1955 deixou a Rádio Nacional e passou a atuar na Mayrink Veiga.

Em 1960 apresentava-se na boate "Night and Day" e no ano seguinte gravou "Quero Morrer no Carnaval". Não aconteceu, mas foi seu "canto de cisne".

Nessa época afastou-se, juntamente com Dircinha, do meio musical , sendo posteriormente amparada pelo cantor José Ricardo até seu falecimento.
Em 1944 gravou seu primeiro grande sucesso para o carnaval:"O Clube dos Barrigudos"

"Você já viu um barrigudo dançar?
Quá,quá,quá...
Quando ele dança,
Sacode a pança...
Quá, quá,quá"..."

Em 1945 novo sucesso "Coitado do Edgard"; nesse mesmo ano, gravou "O Boteco do José". Em 1947 novo sucesso com "Pobre Vive de Teimoso".

Terminada a guerra fez uma excursão ao Norte e Nordeste, acompanhada de Dircinha, Dorival Caymmi e o Trio de Ouro apresentando o "Show da Vitória".

Voltando ao Rio e à Rádio Nacional passou a gravar Lupicínio com o samba "Migalhas".

Em 1950 gravou "Nêga Maluca", de Fernando Lobo e Evaldo Ruy. Este foi seu maior sucesso no carnaval, não apenas de 1950, como em muitos outros. A fantasia de "Nêga Maluca" tornou-se um símbolo em vários carnavais.

Ainda em 1950, naquela euforia da Copa do Mundo e do "já ganhou", Ari Barroso compôs o samba "O Brasil há de Ganhar", Linda gravou e... o Brasil não ganhou.

Em 1951 passou a ter um programa próprio na Rádio Nacional, de nome "Coisinha de Linda", onde lançou "Ó de Penacho", em alusão aos funcionários empistolados que ingressavam no serviço público já na letra Ó.

Nesse mesmo ano fez tourné apresentando-se em Portugal, em Roma e também na
boate Vogue de Paris.

Retornando ao Brasil, gravou aquele que pode ser considerado seu maior sucesso fora do carnaval:o samba de Lupicínio Rodrigues "Vingança". Aquele que dizia :

"a vergonha é a herança maior que mau pai me deixou".

Em 1952, após o falecimento trágico de Francisco Alves, gravou "Chico Viola", de Nássara e Wilson Batista e nesse mesmo ano , de Ari Barroso, outra música marcante "Risque".

Em 1955 deixou a Rádio Nacional e passou a atuar na Mayrink Veiga.

Em 1960 apresentava-se na boate "Night and Day" e no ano seguinte gravou "Quero Morrer no Carnaval". Não aconteceu, mas foi seu "canto de cisne".

Nessa época afastou-se, juntamente com Dircinha, do meio musical , sendo posteriormente amparada pelo cantor José Ricardo até seu falecimento.

Durante sua carreira, entre 1937 e 1961,Linda Batista gravou músicas de quase todos os compositores de sua época, como Lupicínio Rodrigues ; Ari Barroso;Wilson Batista;Herivelto Martins;Roberto Roberti;Aldo Cabral; Grande Otelo; Haroldo Lobo;Custódio Mesquita...e também de sua autoria. Isso a fez ser homenageada pela SBACEM.

Dentre as chamadas "Rainhas do Rádio", Linda Batista foi a que "reinou" por mais tempo. Seu "reinado" durou 11 anos, de 1937 a 1948, quando a Revista do Rádio passou a fazer concursos, anualmente, para escolha das "rainhas do Rádio".

Linda Batista faleceu em 17 de abril de 1988.

Dez anos depois (em 1998) realizou-se um espetáculo teatral, da autoria de Sandra Werneck, de nome "SOMOS IRMÃS", mostrando a carreira de Dircinha e Linda, do apogeu a seu fim melancólico.

O espetáculo excursionou por vários estados, sempre com sucesso. E relembrou a vida de duas cantoras que enriqueceram o cancioneiro de nossa terra.


Norma

Por Norma Hauer


DOIS VULTOS IMPORTANTES DE NOSSA MPB
A data de hoje marca a "partida" de dois vultos importantes presentes em nossa música popular.
De um falei recentemente porque ele faria aniversário de nascimento no dia 12 de maio. Em 2008 completou 95 anos; um mês depois, em 14 de junho, faleceu.

Seu nome José Bispo Clementino dos Santos, que ficou conhecido como JAMELÃO.
Diziam-no "puxador" do samba da Mangueira, durante os desfiles da Escola no carnaval. Ele não aceitava esse título, dizia que era intérprte, "puxador é ladrão de carro".

São dois anos de saudade.
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Outro falecido na data de hoje:JORGE FARAJ.
Foi no ano de 1963.
Co-autor de composições maravilhosas, letrista comparável a Orestes Barbosa, em versos bonitos dizia:
"Na rua uma poça dágua,
Espelho de minha mágoa,
Transporta o céu para o chão..." de "Deusa da Minha Rua",ou

"Louco de amor nos seus rastros,
"Vagalume atrás dos astros,
Atrás dela eu tomo o trem..." de "Professora" ou, ainda

"Leio e releio a chorar
Adeus, adeus e sem pensar,
Beijo e torno a beijar
A flor de seu último beijo"...de "Último Beijo"

Enfim, Jorge Faraj era um grande sonhador; a "Professora" que ele seguia (de verdade) soube que ele compusera versos para ela e quis conhecê-lo. Achou-o feio e o desprezou . De fato, ele não era nada bonito , sendo descendente de libaneses tinha aquela fisionomia típica de seus ancestrais, mas tinha uma alma bonita que só criava bonitos versos.

Quem criou tanto, ao falecer recebeu uma notinha em um canto de jornal, dizendo
"Foi enterrado no Cemitério de Irajá o compositor Jorge Faraj, autor de "Professora" e nada mais foi dito.
Assim se faz com muitos brasileiros. Gilberto Alves também teve uma notinha em canto de jornal ao falecer em 1992.
Ah, fossem estrangeiros

Errol Garner -

Festa do Cariricaturas !

Quinta-feira , dia 22.07 - encontro com os escritores - Fim de tarde - Local a combinar
Sexta-feita , dia 23.07 - Festa de lançamento do livro "Cariricaturas em verso e prosa" - a partir das 20 h. - Crato Tênis Clube
Sábado - Almoço literário- a partir das 12 h- local a combinar ( nesta oportunidade serão entregues a quota em livros devida aos escritores).

AS MESAS JÁ ESTÃO ESPERANDO RESERVAS . O CONVITE É EXTENSIVO A TODOS OS COLABORADORES E LEITORES DO CARIRICATURAS.
PREÇO : 40,00 ( 10,00 POR PESSOA).
POSIÇÃO EM 14.06.2010 : 32 MESAS RESERVADAS.
AINDA DISPONÍVEIS : 68 MESAS
FAÇAM AS SUAS RESERVAS  !
E-MAIL : sauska_8@hotmail.com

Deixem as suas sugestões !

“O ministro desconhece...” – Por: José Nilton Mariano Saraiva

Ter o bom senso e a ponderabilidade de “filtrar” determinado tipo de informação, antes de absorvê-la, é o mínimo (recomendável) que podemos exercitar em tempos de Internet. Dias atrás, por exemplo, enfocando o malcheiroso ambiente político, e sem apresentar as respectivas tabulações dos dados, a empresa de propriedade particular PPE (Publicidade, Promoções e Eventos) sediada em Fortaleza-CE divulgou - e a mídia cearense tratou de repercutir com certo exagero – os números de uma eleição por ela patrocinada, que resultou na escolha dos “30 melhores prefeitos do Ceará, em 2010”.
Ali, ocupando todo um longo parágrafo, no item relativo a “quem votou”, dentre colunistas sociais, locutores de rádio e outros, constam os nomes de algumas autoridades, pontuando e sobressaindo-se o do cearense Ubiratan Aguiar, atual Ministro-Presidente do Tribunal de Contas da União – TCU.
Valendo-se da transparência dos órgãos do atual governo federal, entramos em contato direto com a Ouvidoria do TCU, em Brasília (em cujo protocolo ficou registrada a “manifestação n° 29627”), à busca da confirmação se o presidente daquele Corte teria realmente participado da citada votação e quais os critérios recomendados e levados em conta para a escolha dos “30 melhores prefeitos do Ceará, em 2010”.
E, aí, o balde de água fria, a desagradável surpresa: segundo a Chefia de Gabinete do Ministro e a Secretaria Geral da Presidência (vide abaixo), sua excelência, o Ministro Ubiratan Aguiar, consultado, peremptoriamente teria afirmado que “desconhece do que se trata” (a tal promoção da PPE) e, por conseguinte, não teria votado e nem delegado poderes para ninguém representá-lo na citada votação.
Perguntas (sérias) que se impõem: a) e as demais autoridades (não os colunistas sociais e locutores de rádio) constantes da relação dos jurados da empresa privada PPE (Publicidade, Promoções e Eventos), será que votaram realmente para a escolha dos “30 melhores prefeitos do Ceará, em 2010”, ou também (tal qual o presidente do TCU), desconhecem do que se trata ??? b) será que é justificável e valerá mesmo a pena 30 (trinta) das nossas “falidas” prefeituras interioranas arcarem com os vultosos custos de transporte, traslado e hospedagem para uma numerosa comitiva acompanhar os respectivos chefes da municipalidade à capital, a fim de receberem tal “premiação” ??? c) afinal, em termos práticos, os 30 (trinta) municípios “distinguidos” com tal “premiação” (de uma empresa particular, não nos esqueçamos), lucrarão mesmo o quê, com isso???
Abaixo (ipsis litteris), para que dúvidas não pairem, a comunicação que nos foi encaminhada, em 09.06.10, pelo Tribunal de Contas da União-TCU, via Ouvidoria, Chefia de Gabinete do Ministro e Secretaria Geral da Presidência, respectivamente, para onde deverão ser encaminhados possíveis questionamentos:
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----- Original Message -----
From: Ouvidoria 15
Sent: Wednesday, June 09, 2010 5:07 PM
Subject: Manifestação n. 29627 - Ouvidoria

Prezado Senhor José Nilton Mariano Saraiva,

Comunicamos que tomamos conhecimento do teor de sua Manifestação, registrada sob o n. 29627 nesta Ouvidoria, e providenciamos a sua remessa para a Chefia de Gabinete do Ministro Ubiratan Aguiar e para a Secretaria Geral da Presidência desta Corte no intuito de seu atendimento.
Em resposta, nos foi encaminhado o seguinte:

"De: Maria Virginia de Faria Franco Turbay
Enviada em: terça-feira, 8 de junho de 2010 18:29
Para: Ouvidoria 15
Assunto: Manifestação n. 29627 - Ouvidoria

Informo que o Ministro Ubiratan Aguiar desconhece do que se trata.

Maria Virginia de Faria Franco Turbay
Chefe de Gabinete do Presidente"

Atenciosamente,
Ouvidoria do TCU



Lembranças da velha Ponta da Serra

Noite de trovões e relâmpagos
e chuva farta.
Manhã inundada de luz
e cheia no rio Carás
terreiros inundados com poças d’ água
ou então, nas margens dos caminhos,
riachinhos que corriam entre pedras
e iam do terreiro da nossa casa ao terreiro da casa de vovô Valdevino
Eram nossos pequenos rios pessoais.

O dia ficava tão mais bonito depois que a chuva lavava tudo:
as flores, as pedras, o telhado, a calçado, o terreiro.
Existia outra luminosidade no ar
refletindo no chão, no espaço, nas árvores, nas almas das pessoas.

O cheiro da chuva quando já se foi
é diferente do cheiro que traz na chegada
que é um cheiro arrebatador:
a alegria, a festa, o alvoroço e, tantas vezes,
a impetuosidade com que chega tem cheiro
de que veio para um grande encontro de amor com a terra.
Desaguar nela, molhar, fertilizar, acordar seus minérios
aguando seus vulcões.

Ficávamos no alpendre da casa
olhando a chuva cair
olhando a chuva abençoar a terra
na sua partida
deixando os terreiros os caminhos as plantações
os rios as árvores os tabuleiros os animais lavados
e nossas almas também lavadas.

O caminho para os banhos no rio
por entre os arrozais
caminhos de poços d’ água
caminhos de lama
lagartas grudavam nas nossas roupas
minha irmã gritava apavorada
as outras riam e corriam
para o banho de rio.
Desnudas, despidas
de medo e pudor
mergulhadas nos rio
pura festa. Entrega.
Os muricis
os oitizeiros
os maris
as unhas de gato cobriam o leito do rio.
Do alto o sol se infiltrava por entre os galhos
curioso
espiando nossa nudez menina.
(StelaSiebraBrito)

LEMBRANÇAS DA PONTA DA SERRA

Meu primeiro mar

A primeira vez que vi um mar foi na Ponta da Serra.
Foi quando o rio Carás deu uma grande enchente e
emendou com o riacho Correntim
cobriu as cacimbas da vazante,
as plantações de arroz, feijão e milho e
veio beijar os pés da ladeira
(escada para a casa do meu avô)
para pedir a benção do velho Zé Valdevino da Cruz.

No dia da enchente vovô tomou banho de chuva:
Vovô amava a terra a e a água
Mesmo nas madrugadinhas mais frias
Ele descia a ladeira e ia tomar seu banho na cacimba
Água fria, água pura
Batismo, benção.
(StelaSiebraBrito)

BISAFLOR CONTA HISTÓRIAS

AMATERASU – A DEUSA DA LUZ

Na mitologia japonesa o sol é representado pela deusa Amaterasu, que comandava as Altas Planícies do Paraíso. Este comando lhe foi transmitido pelo deus Izanagi, que na divisão do mundo deixou com Tsuki-yomi, a deusa lua, o comando do reino da noite e com Susanowo – deus da tempestade – o comando dos mares.
Amaterasu e Tsuki-yomi estavam contentes com o que receberam, mas o deus da tempestade revoltou-se e bradou que não queria comandar os mares, que não lhe interessava cuidar dos oceanos. E passou a ir e vir do paraíso para a terra, sempre provocando confusão por onde passava, destruindo as plantações e derrubando as construções.
Um dia Amaterasu estava com suas donzelas, trabalhando e tecendo o mundo com ordem e padrão, no saguão sagrado da tecelagem. De repente é surpreendida por uma forte pancada no teto do saguão. É mais um dos desatinos de Susanowo. O deus da tempestade havia lançado sobre o saguão sagrado a pele de um pônei malhado, assustando e chocando a deusa Amaterasu, que fugiu e trancou-se numa caverna, recusando-se a sair de lá.
Com a ausência de Amaterasu o mundo inteiro mergulhou na mais profunda escuridão. Sem a luz da deusa do sol, nada nascia nem crescia, apenas morria.
Os outros deuses, temendo a instalação de um completo caos no mundo, reuniram-se na entrada da caverna e decidiram armar uma estratégia para tirar Amaterasu do seu esconderijo. Colocaram um grande espelho mágico nos galhos da árvore sakaki, localizada bem na entrada da caverna, e fizeram com que todos os galos cantassem incessantemente para parecer que o dia raiava. Depois, acenderam grandes fogueiras para iluminar o local, providenciaram música e passaram a se divertir com a dança apresentada pela deusa Uzume. Esta dançava de tal forma sedutora e divertida, que os milhares de deuses riram com grande alarido. E riram tanto que o paraíso tremeu, o que atiçou a curiosidade de Amaterasu.
Intrigada com tanta algazarra, a deusa afastou uma pequena pedra da porta da caverna e perguntou:
- Que festa é esta? O que está acontecendo?
- Estamos comemorando a chegada de uma nova deusa da luz, disse-lhe Uzume.
- Ela brilha mais do que você, acrescentou outro deus.
Amaterasu não cabia em si de curiosidade e, como que procurando a tal deusa, que diziam ser mais radiante que ela, olhava para fora da caverna. Os deuses colocaram o espelho mágico na sua direção e ela viu a beleza radiante do seu próprio reflexo. Estava fascinada com tanto esplendor e tão embevecida, que nem percebia que os deuses a puxavam cada vez mais para fora da caverna.
E foi assim, pelo riso dos deuses e pela beleza e maravilha do seu próprio reflexo, que Amaterasu voltou ao mundo, trazendo sua luz radiante e vitalizante e nunca mais deixou de brilhar.

RELEMBRANDO CACILDA - POR CARLOS PINTO


http://www.bethynha.com.br/cacilda-becker.htm

"Relembrando Cacilda"
(texto:- Carlos Pinto)

Definitivamente...

Em definitivo,
Não consigo mais me entender.
Quero as coisas
Que não quero,
Realizo os sonhos
Que não procuro,
Me perco indefinidamente,
No tempo da tua ausência...(Carlos Pinto)


No último dia 14 de junho completaram-se trinta anos, da ausência prematura de Cacilda Becker, após trinta e oito dias de uma intensa agonia em um dos quartos do Hospital São Luiz. Era o dia 06 de maio e, Cacilda, como o fazia há várias semanas, esperava Godot, no palco de seu teatro, diante do seu público, quando, por uma dessas ironias do destino quem apareceu foi um aneurisma cerebral. Perdeu o teatro brasileiro nessa oportunidade, não apenas a grande dama da cena brasileira. Perdeu mais. Perdeu talvez, a maior liderança que essa classe, principalmente em São Paulo, já possuiu, liderança essa da qual o teatro nacional se ressente até os dias de hoje.

Conheci Cacilda em meados da década de 60. O país estava mergulhado nas agruras e nas trevas iniciais do regime militar implantado em março de 64. Com a nomeação de Abreu Sodré para o Governo de São Paulo, Cacilda foi indicada e nomeada por ele, para a Presidência da Comissão Estadual de Teatro. Como Presidente da Confederação de Teatro Amador do Estado, e por indicação de Nagib Elchmer, fui nomeado também para fazer parte dessa Comissão, em companhia de Hamilton Saraiva, Décio de Almeida Prado, Anatol Rosenfeld, Sábato Magaldi, Joe Kantor e outras figuras de expressão da classe teatral paulista. Tenho absoluta convicção de que no período em que Abreu Sodré governou São Paulo, as artes e a cultura no geral, mas, o teatro especialmente, viveram seus anos de glória em matéria de patrocínios, subvenções e ajuda governamental. Sodré sempre foi um amante das artes, e, jamais interferiu no trabalho realizado nas várias comissões que compunham o então Conselho Estadual de Cultura.

Em várias oportunidades assisti a Cacilda telefonar para o Governador Sodré e, com a clareza que sempre será uma característica dos verdadeiros líderes, dizer : "Governador, nós, da Comissão Estadual de Teatro, estamos colocando os nossos cargos à disposição do senhor pois vamos participar da passeata que ocorrerá hoje em São Paulo, em protesto contra a ditadura militar." Do outro lado, o Governador Sodré respondia : "Vocês podem participar da passeata que eu vou manter a todos nos cargos que ocupam. Não aceito as demissões." Sodré era um desses raros democratas que deixam saudade. Hoje vivemos no chamado estado de direito, em plena democracia, e nunca as artes e a cultura foram tão solapadas. Há dinheiro para encher os cofres dos banqueiros falidos, mas se deleta toda e qualquer ajuda à cultura nacional, muito embora o nosso atual Ministro da Cultura, seja o mais incorrigível passageiro dos jatinhos da nossa Força Aérea. Mas voltando a Cacilda, relembro o episódio do "seqüestro" da atriz Norma Benguell, quando ela transformou o seu apartamento em um aparelho de resistência onde vários integrantes da classe teatral passaram dias e noites de vigilia, até que ela, negociando com as autoridades de então, conseguiu a liberdade de Norma. Sobra em minha memória, o telefonema que recebi dela em minha casa, em Santos: "Preciso de você aqui em São Paulo." Foi um dos vários episódios que atingiram a classe teatral paulista, que teimava em resistir ao golpe de 64. Frágil na aparência, imbativel na garra e na luta por seus ideais, por seus amigos, pelo seu teatro.

Assim era Cacilda, que amava de forma contagiante a sua arte e o seu trabalho. Sua gestão na Comissão Estadual de Teatro está marcada para sempre na história do teatro paulista e, os amadores teatrais deste Estado, devem a ela muito do que foi conquistado naquele período. Pena que os "democratas" que se elegeram posteriormente à implantação da redemocratização, tenham esquecido o que a classe teatral paulista plantou e, as perdas que sofreu nessa luta pela volta ao estado de direito, e hoje, demonstrem uma total indiferença pela produção artística em São Paulo.

Os anos de convivência com Cacilda foram lições de vida, de amor à arte, de enfrentamento aos guardiões do regime de então e, principalmente, de liderança.
Quis o destino que esse aneurisma que acometeu a nossa primeira dama do teatro, viesse exatamente a 06 de maio, uma data que para mim significa o meu nascimento.

Foi talvez o último elo a selar a amizade que sempre mantivemos e, a certeza de que a luta continua.

Já agora, contra esta ditadura invisível que assola e massacra o povo brasileiro. Lamentavelmente, apenas o Jornal da Cidade (Bauru), o Jornal da Tarde e a Rede Bandeirantes, homenagearam Cacilda nestes 30 anos de sua sentida ausência.

Por ocasião de seu falecimento, sobre ela se expressou com imensa verdade, o poeta Carlos Drummond de Andrade : "A morte emendou a gramática / Morreram Cacilda Becker / Não eram uma só. Eram tantas..."

"A pior servidão de que o homem pode ser vítima é a voluntária, à qual se entrega para não ter que decidir momento a momento ou assumir as suas novas posições, cedendo ao esquema pronto." (Vassil Grossman)

LEILA DINIZ



A revolução pela alegria
"Eu faço qualquer coisa que me dê alegria e
dinheiro, seja Shakespeare ou Gloria Magadan"




(1945 • 1972)
A breve história de Leila Diniz foi como um terremoto a sacudir os usos e costumes da sociedade brasileira – especialmente nos anos 60, quando ela se transformou no maior ícone da liberdade feminina. O mundo ouvia rock’n’roll, o Brasil irradiava a bossa nova e Leila desafiava, enfrentava, estimulava e divertia os brasileiros com atitudes e simbolismo. Como atriz, tornou-se musa do embrionário cinema novo, movimento que propunha o rompimento dos padrões estéticos adotados até então – com base forte no modelo hollywoodiano.

No plano pessoal, desafiava regras que julgava impostas: era capaz de dizer palavrões em público, dar entrevistas em que revelava preferências sexuais ou trocar de namorado sem dar satisfações a ninguém. Em 1969, em entrevista ao jornal alternativo Pasquim, motivou a lei de censura prévia, apelidada de Decreto Leila Diniz, produzida pelo ministro da Justiça, Alfredo Buzaid. “Você pode amar muito uma pessoa e ir para a cama com outra. Já aconteceu comigo”, dizia. Sua imagem mais célebre, de 1971, na qual posou grávida de biquíni, na praia carioca de Ipanema, tinha o ineditismo incômodo que levou-a a ser acusada por feministas de servir aos homens.

A esquerda a considerava artificial e a direita, imoral. Leiluska, como era chamada pelos amigos, saiu de casa aos 17 anos para morar com o cineasta Domingos de Oliveira, que a dirigiu em Todas as Mulheres do Mundo (1966). Mais tarde, casou-se com o também cineasta Ruy Guerra, pai de sua única filha, Janaína. Sete meses depois do nascimento da menina, Leila morreu no acidente aéreo em que o avião da Japan Airlines explodiu perto de Nova Déli, na Índia. A atriz voltava da Austrália, onde participara do Festival Internacional de Adelaide para promover o filme Mãos Vazias. Leila havia antecipado o vôo de volta por causa da saudade que sentia da filha. Mãe devotada, morreu aos 27 anos e deixou um exemplo para sua geração: Leila viveu a vida com autenticidade, espontaneidade, irreverência, alegria e muita paixão.

http://www.terra.com.br/istoegente/100mulheres/comportamento/leila.htm

É SÓ FECHAR OS OLHOS ...

HENRY MANCINI






Henry Mancini, nascido Enrico Nicola Mancini, (Cleveland, 16 de abril de 1924 — Beverly Hills, 14 de junho de 1994) foi um compositor, pianista e arranjador estadunidense. Dono de um apuro estético muito sofisticado no arranjo de suas músicas e tendo sido um melodista excepcional, ele é melhor lembrado como sendo um dos mais conhecidos compositores de trilhas sonoras para a televisão e o cinema, ganhando um número considerável de prêmios Grammy (incluindo um em reconhecimento em 1995).


JORGE LUIS BORGES


Jorge Francisco Isidoro Luis Borges Acevedo (Buenos Aires, 24 de Agosto de 1899 — Genebra, 14 de Junho de 1986), mais conhecido como Jorge Luis Borges, foi um escritor, poeta, tradutor, crítico e ensaísta argentino. Em 1914 sua família se mudou para Suíça, onde ele estudou e viajou para a Espanha. Em seu retorno à Argentina em 1921, Borges começou a publicar seus poemas e ensaios em revistas literárias surrealistas. Também trabalhou como bibliotecário e professor universitário público. Em 1955 foi nomeado diretor da Biblioteca Nacional da República Argentina e professor de literatura na Universidade de Buenos Aires. Em 1961, destacou-se no cenário internacional quando recebeu o primeiro prêmio international de editores, o Prêmio Formentor. Seu trabalho foi traduzido e publicado extensamente no Estados Unidos e Europa. Borges era fluente em várias línguas. Morreu em Genebra, na Suíça, em 1986.

Sua obra abrange o "caos que governa o mundo e o caráter de irrealidade em toda a literatura". Seus livros mais famosos, Ficciones (1944) e O Aleph (1949), são coletâneas de histórias curtas interligadas por temas comuns: sonhos, labirintos, bibliotecas, escritores fictícios e livros fictícios, religião, Deus. Seus trabalhos têm contribuído significativamente para o gênero da literatura fantástica. Estudiosos notaram que a progressiva cegueira de Borges ajudou-o a criar novos símbolos literários através da imaginação, já que "os poetas, como os cegos, podem ver no escuro".  Os poemas de seu último período dialogam com vultos culturais como Spinoza, Luís de Camões e Virgílio.

Sua fama internacional foi consolidada na década de 1960, ajudado pelo "boom latino-americano" e o sucesso de Cem Anos de Solidão de Gabriel García Márquez. O escritor e ensaísta John Maxwell Coetzee disse sobre ele: "Ele, mais do que ninguém, renovou a linguagem de ficção e, assim, abriu o caminho para uma geração notável de romancistas hispano-americanos".

Sua obra se destaca por abordar temáticas como filosofia (e seus desdobramentos matemáticos), metafísica, mitologia e teologia, em narrativas fantásticas onde figuram os "delírios do racional" (Bioy Casares), expressos em labirintos lógicos e jogos de espelhos. Ao mesmo tempo, Borges também abordou a cultura dos Pampas argentinos, em contos como O morto, "Homem da esquina rosada" e "O sul". Lida com campanhas militares históricas, como a guerra argentina contra os índios durante a presidência, entre outros, do escritor Domingo Faustino Sarmiento; trata-as, porém, como pano de fundo para criações fictícias, como em História do Guerreiro e da Cativa. E rende homenagem à literatura pregressa de seu país em contos em que se apropria do mitológico Martín Fierro: Biografia de Tadeo Isidoro Cruz (1829-1874) e "O fim".

Entre seus contos mais conhecidos e comentados podemos citar A Biblioteca de Babel, O Jardim de Veredas que se Bifurcam, "Pierre Menard, autor do Quixote" (para muitos a pedra angular de sua literatura) e Funes, o Memorioso, todos do livro Ficções (1944) - além de "O Zahir", "A escrita do Deus" e O Aleph (que dá seu nome ao livro de que consta, publicado em 1949). A partir da década de 50, afetado pela progresiva cegueira, Borges passou a se dedicar a poesia, produzindo obras notáveis como "A cifra" (1981), "Atlas" (um esboço de geografia fantástica, 1984) e "Os conjurados" (1985), sua última obra. Também produziu prosa ("Outras inquisições", ensaios, 1952; "O livro de areia", contos, 1975), notando-se o claro influxo da cegueira.

WIKIPÉDIA

Da janela do ônibus - por Everardo Norões

Apenas da janela do ônibus
enxergamos
as vértebras do vidro.
Unhas dilaceram veias.
E no semáforo,
quando tudo para
vomitamos sobre o mundo
a tensão de um segundo.

Somente de pé,
no ônibus,
é possível provar
a ração do descaso.
No horizonte raso,
o suor da distância
recompôe nosso medo.

As moedas se descobrem
no convexo da palma.
No barulho do aço
a cercar a cintura,
somos animais
do acaso.

Gado
inerte e mudo:
sem ferro ou pasto.

Azul

O quarto estava escuro. Eram mais ou menos 4:00 da manhã.
Eu procurava o que fazer enquanto meus dedos vagavam silenciosamente pelo teclado do objeto a minha frente. Sentia o vento bater em minhas costas, a tênue luz do poste urbano ventilar-me a íris. As cores que brotavam dos reflexos dos meus dedos misturavam-se a escuridão. Ambas negras.
Senti o pequeno impacto e apenas me mexi. Senti o segundo e me revistei. Senti o terceiro e me procurei, lentamente, no vazio.
Pequenos choques avançavam contra minha epiderme delicada a corpos externos, agora ainda mais alerta pela escuridão. Insetos talvez. Há algum tempo chovia. Deviam procurar por luz.
E... sim, constatei que estava certo quando na ponta dos dedos peguei um dos meus pequenos meteoros sobre o pano da ébria cama de veludos insones. Apenas joguei-o longe. Não queria matá-lo.
A medida que o tempo passava, os impactos aumentavam e minha paciência parecia correr no sentido contrário. E eis que veio-me uma pergunta: se estavam atrás de luz, porque insistiam em, como ondas na areia, quebrar sobre minha carne?
Olhei para a luz a minha frente e a tela continuava limpa, sem vestigios dos meus companheiros atordoantes.
E então, tomei um susto.
Olhei para mim.
Os pequenos voadores agora cercavam-me em espiral. Vagalumes. Brilhantes.
De meu corpo saia um brilho azul e magnífico, surreal e andrógino. Meu corpo inteiro brilhava e meus amigos o idolatravam, como a mais perfeita luz já vista. Assim fiquei por alguns minutos, olhando-me. Meus olhos castanhos voltaram-se para a janela, para a grande lua no alto.
E como a suave brisa de consciência que me tocava, intimidei-me ao saber, que não mais à carne e à terra eu pertencia, mas ao azul e delirante céu da pré-manhã.

Pérola nos bastidores - Por Socorro Moreira


Poema contrito
Verdade descrita
Imagens que se formam
na mente enlouquecida ... Coração !
- Oração !
O poeta adormece,
e amanhece esquecido.