Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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sexta-feira, 2 de julho de 2010

Cordas de Aço - Cartola e uma Bengala - José do Vale Pinheiro Feitosa

O compositor Zé Nilton toda semana reboca a nossa alma com os sons mais belos da música popular brasileira. É um esforço certamente prazeroso para ele, mas tem uma dimensão de luta pessoal apenas comparável àqueles sertanejos que levam até cinco meses entre encoivarar, queimar, plantar, limpar e colher. É que ele planta sobre uma cultura consumista e fugaz, na qual as próprias pessoas perderam a noção de sua própria permanência.

Quando peguei esta bengala para me postar ereto ao lado desta Cartola, tudo me pareceu sem sentido. Não havia um motivo para publicá-la. Até que pensei no Zé Nilton e agora tranquilamente o faço.
















Quem sabe como o mundo se assenta em nós. Porque esta batida de samba canção fluindo pelo Alto do Seminário e serpenteando no vale pelas ruas da cidade até o Barro Vermelho. Bem no alto o céu estrelado acima da igreja de São Francisco, a cidade e sua mulher desejada. Aquela que trava um gosto amargo, nem precisou da penumbra das ruas mal iluminadas, simplesmente dobrou a esquina, deixando minha alma espichada no curtume.

E sobre os arcos da ilusão acaricio meu violão e a voz solta:

Ah, essas cordas de aço
Este minúsculo braço

E dentro de mim, pelas cordas vocais como um verbo divino, ela ressurge com seu corpo de tecer futuro. As curvas da acústica vida que faz dela um calcanhar que Aquiles tão bem resguardava:

Do violão que os dedos meus acariciam
Ah, este bojo perfeito
Que trago junto ao meu peito

E nestas cordas de aço, travas e notas, encurtando meus momentos desafinados, agravando minha solidão de tempos já vividos e daqueles que teimam ecoar como toda caixa que repercute:

Só você violão
Compreende porque perdi toda alegria

E por me ausentar das multidões e contigo sussurrar as esperanças que ela levou pela esquina quando a dobrou:

E no entanto meu pinho
Pode crer, eu adivinho

Quando dobrou a esquina e sua presença nos deixou, levou com ela a nossa ausência e, agora, meu pinho, eis que:

Aquela mulher
Até hoje está nos esperando

De pronto em pé e agora que a esquina se desfará nos passos destas notas a subir novamente o Alto do Seminário:


Solte o teu som da madeira
Eu você e a companheira

Na madrugada iremos pra casa
Cantando...

Exploração 2 a 1 no Valor Humano - José do Vale Pinheiro Feitosa

Ronaldo Fenômeno casando-se, num castelo francês, com a modelo Cicarelli. Esta frase revela muito: a farsa, o comércio de celebridades, o vazio existencial para quem isso é importante.

Quando no salão de beleza, ali perto do mercado central de Paracuru, uma portinha com pintura descascada e um cubículo suado, a freguesa abre as páginas amarrotadas da Revista Caras, navega seu espírito nas ondulações de uma fantasia de progresso.

Aí a Seleção Brasileira, ou melhor, o time em campo, que não tem um único jogador fazendo gol para um torcedor brasileiro, em qualquer estádio do nosso território, se desclassifica. Ficamos com a sensação do comércio de celebridades. Derrotadas, mas celebridades.

Agora junte tudo e terá o espelho do verdadeiro problema. E já vou avisando, eu estou avisando: trate logo de andar com as próprias pernas e ter cabeça para andar na escuridão. Acontece que o problema está onde você pensa que vem a luz.

Veja este relatório sobre o Tráfico de Pessoas para a Europa para fins de Exploração Sexual, divulgado, a 29 de junho, pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC): existem cerca de 140 mil mulheres vítimas do tráfico para exploração sexual. São 70 mil novas vítimas do crime organizado.

Esta máquina de exploração da mulher realiza cerca de 50 milhões de programas sexuais por ano, a um valor médio de 50 euros cada. No total, isso representa um lucro anual que atinge 2,5 bilhões euros, ou seja, o equivalente a R$ 5,5 bilhões.

A maior parte vem de regiões vizinhas, como os Bálcãs (32%) e países da antiga União Soviética (19%). A América do Sul aparece em terceiro lugar (13%). Segundo o relatório, é cada vez maior o número de brasileiras traficadas. Em seguida, aparece a Europa Central com 7%, África, com 5% e Leste Asiático com 3%.

Os grandes eventos culturais, especialmente quando associados ao turismo e lazer, se tornaram, junto com o consumo de drogas, um dos mecanismos mais degenerados de exploração de um ser humano pelo outro. E certamente o progresso que as pessoas esperam não se traduze por tais práticas.

Por isso mesmo estas coisas precisam ser denunciadas, demonstradas e revistas no âmbito da civilização ou por mecanismo revolucionários que superem a exploração, qualquer que seja como prática hedionda. Não pode haver uma exploração que justifique a que se adjetive como nefasta.

A Europa há muito que não é o espelho de nada. A barbárie nazi-fascista já lhe tirara alcunha de “acima de qualquer suspeita”. Agora, menos ainda e, certamente, luzes terão que sair de nós mesmos aqui na adolescente e amarfanhada América Latina.

Aquarelando a beleza de Telma Saraiva


Seja arte a beleza

nos traços leves

leves pinceis.

***

Seja arte as belas formas

na aquarela

e nos cinzeis.

***

Seja arte

em Telma

nas belas fotos

sempre fieis

E segue o traço

testemunhando

a arte inata

dessa mulher

Essa fadinha

pequenininha

que sempre sabe

o que ela quer.

Por Claude Bloc


PARABÉNS, TELMA !!!
**
*
O CARIRICATURAS ESTÁ EM FESTA
PARA HOMENAGEAR VOCÊ.
***

Violeta Cavalcanti - por Norma Hauer

Ela nasceu em 1° de julho de 1923 em Manaus, Amazonas, vindo para o Rio, com sua família, aos dez anos.

Aqui freqüentou a Escola Paraná, em Madureira, sendo convocada por Villa Lobos para cantar no coral organizado por ele, integrado por crianças das escolas públicas do Rio de Janeiro.
Apresentou-se no Teatro Municipal com o coral das escolas públicas como solista no "Canto do Pajé", música muito apreciada nas escola públicas nos anos 30 e 40, sendo sempre apresentada nas festividades realizadas no campo do Vasco da Gama, no tempo de Getúlio Vargas,

Em 1940, com apenas 14 anos, participou do programa de calouros de Ary Barroso onde se apresentou cantando "O samba e o tango", um sucesso de Carmen Miranda, cantora de quem era fã. A interpretação impecável, sem imitar Carmen , lhe garantiu o primeiro prêmio nessa apresentação, sendo que Ari Barroso desconfiou que ela já era uma profissional, quando não passava de uma menina cantando no rádio pela primeira vez.

Trabalhou nas Rádios Tupi, Educadora e Ipanema, onde assinou seu primeiro contrato, consagrando-se principalmente pela interpretação original de "Camisa listrada", outro sucesso de Carmen, de autoria de Assis Valente.

Gravou o primeiro disco em 1940, com as marchas "Vou sair de Pai João", de J. Cascata e Leonel Azevedo e "Pulo do gato", de J. Cascata e Correia da Silva,
Em 1941, assinou contrato com a Rádio Nacional onde permaneceu por 16 anos.
Em 1942, gravou o frevo canção "O coelho sai", de Nelson Ferreira e Ziul Matos e a valsa frevo "Vovô, vovó, eu e você", de Nelson Ferreira.
Daí para a frente fez bastante sucesso gravando, principalmente, sambas e marchas.
Em 1957 casou-se e abandonou a carreira, voltando à atividade 20 anos depois, em 1977, fazendo parte do “show” “Seis e Meia”, no Teatro João Caetano, convidada por Albino Pinheiro
Em 1988 , ao lado de Nora Rei, Rosita Gonzáles, Zezé Gonzaga, Camélia Alves, Ellen de Lima e Ademilde Fonseca formou o grupo “Cantoras do Rádio”.

O conjunto que se apresentava com esse nome (As “Cantoras do Rádio”) tomou parte em espetáculos em vários teatros aqui no Rio e em outros estados.
Com a morte de Nora Nei, Rosita Gonzáles e o afastamento de Zezé Gonzaga, também já falecida, o conjunto continuou se apresentando esporadicamente, e em 2001, com o ingresso de Carminha Mascarenhas as “Cantoras do Rádio “, com roteiro de Ricardo Cravo Albin, apresentou o espetáculo “Estão Voltando as Flores”, no Teatro-Café Arena, de Copacabana..

Hoje, Violeta Cavalcanti, completando 87 anos, está afastada do meio artístico, recolhida por motivo de doença.
Norma

NOTÍCIAS DO DIA !

ACABAMOS DE RECEBER, PELAS MÃOS DE EMERSON MONTEIRO , LIVROS VÁRIOS, DE ALTA QUALIDADE , E INTERESSANTÍSSIMOS  , DOADOS PELO AMIGO COLABORADOR  ELMANO RODRIGUES.

ELES SERÃO SORTEADOS, NA FESTA DO CARIRICATURAS , ENTRE OS PRESENTES !
EM NOME DE TODOS AQUELES QUE FOREM CONTEMPLADOS , O CARIRICATURAS  AGRADECE, ANTECIPADAMENTE  !

ABRAÇOS, ELMANO !

E POR FALAR EM FESTA , SE APRESSEM , POIS  A MAIORIA DAS MESAS JÁ ESTÃO RESERVADAS E/OU VENDIDAS !

DIA 23 DE JULHO, NO CRATO TÊNIS CLUBE, A PARTIR DAS 20 H.
LANÇAMENTO DO LIVRO "CARIRICATURAS EM PROSA E VERSO".
COQUETEL
PERFORMANCES POÉTICAS
BAILE COM A BANDA DE HUGO LINARD 
PREÇO: 40,00 ( 4 LUGARES).
NA COMPRA DA MESA , O DIREITO A UM EXEMPLAR DO LIVRO, EM LANÇAMENTO, COM O AUTÓGRAFO DOS SEUS ESCRITORES.

MAIORES INFORMAÇÕES PELO E-MAIL: SAUSKA_8@HOTMAIL.COM OU PELOS TELEFONES :
88089685, 345232867 (SOCORRO MOREIRA)

O Pastorzinho- por José Newton Alves de Sousa



Toda tarde ele passa.
Há na voz do garoto a dolência dos 
mugidos e a nostalgia dos campos em 
abandono.
A tardinha retém a límpida poesia, do
pastor, das vaquinhas e da rua.

Mulher e Menina - por Edmar Cordeiro



Meu coração sangra
Com tua ausência
Não,
Não, perdoe-me:
Quem ama o coração chora
Chora lágrimas cristalinas
Como a pureza do amor.
O coração que sangra
É o magoado
O que violenta a doce
Paz do amor.
É o que inebriado pelo egoísmo
Se insurge rebelde
E endurecido.
É o que cego, não vê
O ontem, o presente
E muito menos o amanhã.
É o que esquece cedo
O sem compromisso
É o sem tato, o que não sente a pele
As mãos macias
O afago bom nos cabelos
Não sente o cheiro da amada
Não respira sonhos e esperança.
Meu coração chora amor
Por isso, eu te amo.
E não te esqueço fácil
Nem do teu corpo, nem
De teus olhos
De tuas decisões
De teus afagos
Do jeito teu quase ainda menina:
Rebelde
Explosiva
Princesa.
Meu coração chora
De amor
Por você
Sempre.

David Lynch


Nascido em 20 de janeiro de 1946 na cidade de Missoula (estado de Montana), Lynch é filho de um pesquisador do departamento de agricultura dos EUA (Donald Walton Lynch) e de uma professora de inglês (Edwina "Sunny" Lynch). Seus avós maternos imigraramda Finlândia para os EUA no século 19, Lynch nasceu e foi criado dentro dos preceitos da religião prebisteriana. Teve uma infância itinerante no interior dos Estados Unidos da América. Mesmo assim, conseguiu concluir os estudos. Tendo o sonho de ser pintor, especializou-se sobre o tema numa academia de arte. Largou o curso mais tarde e partiu para uma viagem à Europa; em busca de inspiração para seu trabalho. De volta ao país de origem, Lynch viu-se na obrigação de trabalhar em ramos que não lhe agradavam. Ao mesmo tempo resolveu retornar aos estudos, entrando na Academia de Belas Artes da Pensilvânia. Em 1967 casou-se com uma colega e teve sua única filha mulher (teria mais dois homens), Jennifer Chambers Lynch, que se tornaria diretora e também tomaria gosto pelo bizarro. Foi ela quem dirigiu o "clássico trash" Encaixotando Helena (1993) (Boxing Helena). Lynch estava totalmente envolvido com artes plásticas, e isso se refletiu na linguagem de seus primeiros trabalhos, que também eram bastante provocadores. Nessa época realizou os seguintes curta-metragens: Six Men Getting Sick (1966), The Alphabet (1968), The Grandmother (1970) e The Amputee (1974).

Em 1971 começou a trabalhar na produção da sua primeira longa-metragem, Eraserhead (1977). E não foi tarefa fácil, tomando cinco anos de sua vida para a sua conclusão, além do final de seu casamento. Eraserhead foi considerado difícil. Na época de seu lançamento poucas pessoas assistiram o filme que já misturava o tão famoso mundo bizarro de Lynch e arte em stop-motion. Anos depois, dirigiu seu primeiro grande filme, O Homem Elefante (1980) (The Elephant Man). Produzido por Mel Brooks(que gostou do que viu em Eraserhead), o longa foi muito bem recebida pela crítica e recebeu oito indicações ao Oscar, incluindo melhor diretor. Em 1984 Lynch dirigiria a ficção científica Duna, uma superprodução sob a tutela de Dino De Laurentiis. O resultado foi um retumbante fracasso, fazendo com que o cineasta nunca mais se envolvesse em projetos grandiosos. A sua volta por cima seria dada em 1986 com O Veludo Azul (Blue Velvet),thriller com toques de fantasia que deu a Lynch nova indicação ao Oscar da categoria. Além de uma parceria que viria a ser constante com o compositor Angelo Badalamenti. Em 1990 ganhou a Palma de Ouro do Festival de Cannes com o estonteanteCoração Selvagem (Wild at Heart), protagonizado por Laura Dern e Nicolas Cage.

Ainda no mesmo ano Lynch faria sua estréia na televisão como criador de uma série que marcou época, Twin Peaks. Tendo como astro o mesmo ator principal de Duna e Veludo Azul, Kyle MacLachlan, a trama gira sobre a morte de uma jovem moradora da cidade que dá título à série. Lynch dirigiu apenas o piloto e cinco dos 29 episódios. Com o sucesso, em 1992 uma versão para o cinema foi lançada, onde mostrava mais detalhes sobre a intrincada trama. Para desespero do diretor, o filme foi um fracasso, arrecadando míseros quatro milhões de dólares. O mistério de Laura Palmer foi o único sucesso na TV de Lynch, mesmo tendo participado da criação de outros seriados. Um desses fracassos seria Mulholland Drive (2001, planejado como série televisiva mas adaptado para o cinema quando os produtores não gostaram do material apresentado. Em 1997, A Estrada Perdida (Lost Highway) chegou aos cinemas. É outro thriller com toques de fantástico e considerado pelos fãs do cineasta como o seu trabalho mais insano. Talvez por causa disso, realiza A História Real (1999) (The Straight Story) logo depois. O filme é diferente de tudo que ele já havia feito, sem quase nenhum elemento bizarro, a não ser pelo fato do protagonista atravessar o país a bordo de um pequeno trator para visitar o irmão. Lynch em "versão calma". Já em Mulholand Drive" voltaria a sua característica principal, com um filme recheado de personagens (muitos deslocados por terem sido desenvolvidos especialmente para a cancelada série de TV) e situações bizarríssimas. Foi o filme que revelou a atriz Naomi Watts e deu a Lynch o prêmio de melhor diretor do Festival de Cannes. INLAND EMPIRE (no Brasil, Império dos Sonhos), seu último longa, é um filme plástico. O filme é como se fosse uma interseção dele com outros filmes e um programa televisivo (Rabbits), este último, o ápice: onde tudo se espelha, e provavelmente tende a chegar, igual a um paraíso desorientado, o qual Susan/Grace (personagens centrais) conquista e contempla - a vencedora, guiada como o filme bruto foi guiado, pela intuição ou magia, numa linda explosão de vingança e libertação.

David Lynch sempre está envolvido em projetos. Nunca parou de produzir curtas e quase sempre cria filmes em animação. A internet também foi um caminho que adotou para divulgar o que cria tendo em seu site pessoal um grande acervo de trabalhos.

* Página oficial de David Lynch

Correio Musical

No silêncio - por Ana Cecília S.Bastos



Efervescente/mente sou
pelas ruas da cidade.
Impura máscara
me faço.


Como se nada mais houvera
além do fustigo
deste falso,
merencório movimento.


Desenho de Ígor Souza.

É feito dominó .... - por Sempresoll






É feito dominó um efeito borboleta...

Feito dominó

O efeito predomina.

O desvio da molécula

Gera o feito

Como bater das asas

Um efeito borboleta.

A natureza dá nó

Na teia que tece e anima

A beleza de uma libélula

Gera o jeito

No movimento extravasa

E conecta o planeta.


É assim, assim só.

Aleatoriamente

Desencadeias do acaso.

E por mais que tentemos

Saber o próximo passo,

Por mais que foquemos

Nossa predileção,

A matéria desse espaço

Prega a peça e segue o passo

Do que nunca é calculado

Com precisão.


O andar do bêbado

De um relojoeiro cego

É o caminho.

Com efeito dominó

Com efeito borboleta,

Joga os dados e senta a mesa

Pois o acaso vai alterar

Qualquer ilusão.

Dilema das culturas tradicionais em face da globalização - José do Vale Pinheiro Feitosa

Este texto foi publicado originalmente no Cariricult. Mas serve muito bem para nosso ambiente aqui, especialmente agora quando as visitas ao blog diminuem, já que todos estão com os olhos e mãos ocupados com a televisão e o jogo do Brasil e Holanda na copa do mundo de futebol.

Estamos numa revista de cultura. Esta palavra na borda da linha. Que tanto fala em antropologia, como sociologia e política. Que diz arte, artesão e produção. Que pode ir da filosofia a uma mera tecnologia (ou técnica). Que fala, por contigüidade, em educação e comportamento. Mas então é que tomarei um núcleo para me fazer entendido: a alma de um povo. Vejam que alma é aquilo externo ao corpo e o externo, ou a anima, é a construção coletiva, em sociedade, de uma visão de mundo. De nós no mundo.

Então, agora, tomemos dois movimentos: em primeiro o movimento secular ou milenar que num dado território construiu uma cultura, ou a alma de um determinado povo. O segundo movimento tem natureza universal de aculturação (modificação cultural) que pareceu originar-se no ocidente europeu (com a modernidade) e soterra todas as culturas daquele primeiro movimento.

Qual seria a “mecânica” do segundo movimento, que passo a chamar universal ou global? Em primeiro lugar o antropocentrismo (no renascimento), logo a seguir, colado ao primeiro, o individualismo (independente da hierarquia); em terceiro os estados nacionais (independente de Deus e dos Monarcas); em quarto a razão como uma regra universal; em quinto a libertação individual e coletiva da produção agropecuária; em sexto a ciência e a tecnologia de base científica.

Quando dizemos educação para todos, estamos falando em superar os velhos arranjos culturais, aqueles remanescentes e “arcaicos” ou os rebeldes que pretendem uma alternativa àquela “mecânica” universal. Por exemplo, o índio, faz parte do primeiro movimento a ser superado pelo segundo movimento universal. Assim como todos aqueles símbolos tão caros a setores sensíveis das classes médias e populares: xamãs, avatares, cultura folclórica etc.

Se falarmos em saúde pública, praticamente dizemos medicina técnico-científica e esta provoca enormes efeitos sobre as culturas básicas ou originais ou as tradicionais ou qualquer nome que se queira para as culturas de base territorial e não universal (ou global). Um exemplo: na Índia até 1974 havia uma Deusa da Varíola, chamada Shitala Mata, milenar, com milhares de templos, profundamente enraizada nas vilas rurais. Naquele ano a OMS partiu para a erradicação final da varíola, toda a Índia foi mobilizada, as escolas especialmente e o resultado: a vacina superou um mito milenar.

Poderíamos desdobrar isso em tudo: na moda, nos hábitos, no trânsito, na alimentação, nas artes e assim por diante. Fiquemos com a idéia que a modificação cultural globalizada não é mais apenas mero efeito do colonialismo e do imperialismo (embora os tenha como forte veículo), é, agora, algo parecido com um grande espelho no centro da humanidade a dispersar reflexos em todas as direções. Parece que por vezes tem alguma origem mais definida, mas logo a seguir, receberemos reflexos secundários vindo de outras fontes.

Enfim, isso tudo no remete para uma grande necessidade de consciência deste enorme espelho. Uma consciência que procure compreender-lhe as dinâmicas, que perceba os perigos inerentes, pois a capacidade de continuar a construir cultura não cessou. Apenas estamos na fase em que todos os humanos se tornaram interdependentes e, por isso mesmo, não podendo se resumir à mera padronização burocrática de meios e recursos.

Em 2 de Julho de 2010

Desejamos sorte para a Seleção Brasileira !
Que venha a vitória !

Lembrando o Recife, nos anos 75

Um abraço especial para minha amiga Rejane Gonçalves


Era o ano de 1975. Recém chegada em Recife, assumi meu posto no Banco do Brasil , na Metropolitana Dantas Barreto. Lá conheci três colegas incríveis : Rejane, Lúcia e Graça. Dividiam o mesmo apartamento, e viviam uma grande irmandade. Espelhei-me nas três para começar uma nova vida. Vestiam-se com apuro , mas despojadamente ; bebiam bons livros, bons filmes, bons discos. E nessa convivência fui mudando meu jeito de encarar a vida. De cara, Rejane emprestou-me dois livros de Hermann Hesse ( até então para mim desconhecido) : Sidarta e Demian. Demian, assustou-me ! Ensinou-me a questionar valores ! Depois foi a vez de Kafka , Caetano, mais Chico e Chico ! A amizade durou o tempo que morei em Recife, e mais outros anos... Até hoje !

No dia do aniversário de Hermann Hesse, 2 de Julho, senti vontade de abraçar Rejane Gonçalves, essa fantástica escritora do Cariricaturas , que tanto contribuiu pra que eu deixasse de ser "perua", e me tornasse uma pessoa de pés descalços, fincados no chão, e olhos na lua .


Abraços,amiga Rejane !

Socorro Moreira

Demian
Demian é um livro escrito por Hermann Hesse, ganhador do Nobel de Literatura de 1946.

Considerada por muitos críticos a principal obra de Hesse, Demian mostra a influência que este sofreu dos escritos de Nietzsche e a aplicação de seus conhecimentos de psicanálise na elaboração do drama ético e da enorme confusão mental de um jovem que toma consciência da fragilidade da moral, da família e do Estado.
O livro conta a história de um jovem - Emil Sinclair, protagonista e narrador - criado por pais muito piedosos que, de repente, se vê em um mundo bem diferente daquele pregado por seus pais e avós. Atormentado pela falta de respostas às perguntas que faz sobre sua existência, passa a procurar na introspecção suas respostas. Dividido entre o mundo ideal e o real, com suas interpretações (mundo claro e paternal, associado às idéias de seus pais e à residência destes, e o mundo sombrio e frio, externo à residência dos pais e com valores estranhos a estes), Sinclair experimenta ambos, através do confronto com suas próprias concepções, para tentar encontrar sua verdadeira personalidade. Percorrendo este caminho perigoso, influenciado por Max Demian, um colega de classe precoce e envolvente, ele prova do crime, da amizade e das incertezas - surpresas que engendram as descobertas de sua vida adolescente. Sinclair, então, se rebela contra as convenções sociais e descobre não apenas o doce sabor da independência mas também seu poder de praticar o bem ou o mal. A relação de Sinclair e Demian atravessa toda a narrativa a partir do momento que os personagens se conhecem. Demian revela a Sinclair que existem filhos de Caim, pessoas que possuem a capacidade de exercer o bem e o mal; também apresenta a entidade Abraxas, divindade de características humanas - também capaz de exercer o bem e o mal. A obra tem muitas referencias bíblicas, como o Sinal de Caim e o Gólgota, tornando dificil a leitura a quem não sabe muito sobre a religião cristã, mas também trata de misticismo e autoconhecimento, da busca da essência do Eu. A obra narra principalmente os conflitos internos que um indivíduo passa desde a infância, através da adolescência, até sua idade adulta. É possível afirmar que Demian trata-se de um romance iniciático, descrevendo os contatos de um indivíduo com aspectos existenciais e de sua personalidade.

Obtida de http://pt.wikipedia.org/wiki/Demian

Boa Noite, Amor - Elis Regina




Boa Noite, Amor
Elis Regina
Composição: J.M. Abreu e F. Matoso

Boa noite amor
Meu grande amor
Contigo sonharei

E a minha dor esquecerei
Se eu souber que o sonho teu
Foi o mesmo sonho meu

Boa noite, amor
E sonhe enfim
Pensando sempre em mim

Na carícia de um beijo
Que ficou no desejo
Boa noite, meu grande amor.

Recadinho do coração...


MY LOVE FOR YOU

Johnny Mathis


My love for you
Is deep and endless as the sea
Strong and mighty as a tree
My love for you

My eager heart
Keeps beating just for you alone
Since the moment it is known
My love for you

There'll be no other lips
No other arms
No other love for me
Feeling as I do
How could there be

(And) so it will be
Far beyond eternity
Ever faithful ever true
My love for you

Por João Nicodemos



Com a minha rabequinha
eu nunca me sinto só
sinto pena, tenho dó
da tristeza que eu tinha...