Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

sexta-feira, 16 de julho de 2010

o que vejo

estendo a mão
pra o fio de seu olhar
a sombra do rosto
se quebra quando olho
pra trás e está seco o dia

é o que vejo
desta margem sem poesia

o tempo começa
com a palavra nunca
quem sabe
são as corda de um violão
três vezes vibrando
agudo!
grave!
alguém que entende a música
do tempo que vem
pra salvar seu dia

é o que vejo
desta margem sem poesia

homens descontrolados
eu não sei
mulheres mortas
que precisavam de alguém
pra lhes dizer:
sem você o que seria do meu dia?

é o que vejo
desta margem sem poesia

afiam o peito
na pedra que desgata o tempo
pra recortar o silêncio
e fazer uma roupa
de vestir a nudez do dia

é o que vejo
desta margem sem poesia...

Mambo tem a cara de um tempo ...

Por Ana Cecília S.Bastos

As muitas camadas  e peles do silêncio.
Labirintos de não-revelação.
Não posso encarar o que parece ser, à minha  reve-
lia.
Essas peles escondem a mulher que temo ser.
Falar do corpo, do medo do outro e de sua
rejeição é sempre ser surpreendida como um fla-
grante.
Eterno caracol me torno.

*A Impossível Transcrição
Visite o blog www.poemasdonicodemos.blogspot.com/

Por Wilton Dèdê



ONTÕE DE SANTANA, O CANGACEIRO
Quando eu resolvi ir ao presídio visitar o Seu Antônio, eu não conseguia imaginar como eu ia encontrá-lo. Nunca o tinha visto. Nem em fotografia. Mas...histórias sim. E me dão conta de um homem destemido, valente, atrevido. Um perfil de todo e qualquer cangaceiro. Falei o motivo da minha visita, e ele mesmo entrou no assunto.
Antônio - Moço... todo mundo vive me perguntando essas coisa. Mas Eu fiz tudo o que fiz nessa vida, foi prá num apanhá de graça e nem morrê sem devê, viu? Foi a mode num levá nos lombo das costa sem pricisão. Pruquê no sertão era assim mermo. Num falasse não... senão o rei(relho) comia no lombo viu? e era sem perdão. Tinha que cumê todo o desaforo calado e fica mermo caladim alí num canto sem dizê nada.

Assim me explicou Seu Antônio quando lhe perguntei o motivo de ter se tornado um cangaceiro. Ele era um homem de estatura mediana, tipo mestiço, cabelo crespo e meio grisalho. Aparentava mais ou menos 60 anos.
Seu nome de batismo era Antônio dos Santos. Filho de Geraldo dos Santos e de Dona Santana Alves dos Santos. Eram do Vale do Pajeú, no estado do Pernambuco. Como muitos no sertão, o boca a boca incorporou ao seu nome, o da sua mãe. Assim, passaram a lhe chamar de Antônio de Santana, ou Ontõe d`Santana. Foi com esse ultimo nome que ele ficou conhecido no mundo do cangaço.

A família de Seu Antônio era uma família simples. Eram apenas: Pai, Mãe e um casal de filhos. Antônio tinha uma irmã mais velha chamada Ivania dos Santos. Todos a conheciam por Vaninha, um ano mais velha. Moravam num pequeno arruado de casas próximo à Vila Belém, na Serra do Capão, distrito de São José da Mata, Cidade de Ipueiras, no alto sertão pernambucano.
Seu pai foi um homem pacato. Incansável trabalhador. Viviam numa porção de terra que explorava em regime de arrendamento, com paga de terça (uma terça parte da produção e dos animais nascidos era entregue ao dono da terra, o Coronel Alfredo Caracas). Além das roças, Seu Geraldo possuía umas poucas vaquinhas, porcos, carneiros e cabras eram criados próximo à casa de morada onde havia um pequeno açude.

Tem-se conhecimento que região do Pajeú, sempre foi palco de grandes refregas entre famílias (como o caso dos Pereiras e Carvalhos). Muitos jovens tiveram sua mocidade levada ao cemitério ou à marginalidade em virtude das mortes e vinganças acontecidas de lado a lado. Daquela região saíram muitos dos conhecidos cangaceiros das primeiras décadas do século XX. Foi neste palco de lutas e de mortes nasceu e cresceu Seu Antônio de Santana.

Já haviam se passado 26 anos naquela prisão em Salvador. Mas Seu Antônio permanecia altivo, sério, agora mais calmo, a voz mais branda e o espírito mais quieto. Dizia que não queria mais saber da vida que levou décadas atrás. Mas saibam todos que Antônio de Santana era um nome conhecido e pronunciado em toda a região do Pajeú. Pernambuco inteiro conheceu a sua fama. Foi até personagem de estórias de cordel e de cantadores de viola. O homem que foi cangaceiro desde menino.

Eu sabia que ele não queria mais falar sobre o seu passado mas...não custava tentar arrancar-lhe pelo menos uma meia dúzia de palavras. Afinal, foi conhecido como um homem destemido, de nariz empinado, do corpo fechado desafiava jagunço, policia ou Coronel de barranco. Os seus inimigos tinham vida curta. Me disse ele que não escolheu aquela vida.

Antônio - Num tem jeito mermo não... eu vou lhe contá cuma foi o acontecido no dia pior de minha vida. Ouviu né? Apois então grave aí.

O que ouvi a partir daí me deixou claro o motivo de surgirem tantos cangaceiros por esse sertão. Ninguém é de ferro.

Repórter - E você conheceu a morte com quantos anos? Repeti a pergunta.

Antônio - Conhecí a morte ainda minino. Pra você ver como são as coisa viu?...Eu tava brincando debaixo de um pé de umbú que tinha por detrás da minha casa. Aí de repente chegaro uns hômi com chapéu de couro diferente. Uns chapéu grande cheim de moeda e de estrela. Tudo armado de fuzil. Me pediram prá ir buscar água e comida. Eu fui e voltei com minhã mãe e minha irmã carregando as coisa prá eles. Eles disseram prá num contá nada a ninguém que nóis ia ficá em paz.. Dissero só que era cangaceiro e depois sumiram no mato.
O semblante de Seu Antônio agora estampa uma expressão de tristeza decepção, talvez motivada pela lembrança do que lhe acontecera..
Três dias depois vieram outros hômi. Dessa vez saindo pela frente da casa. Esses tinha as roupas quage iguá. Inté chapelão de couro tinha.Só num tinha estrela. Mas também eu ví que tinha soldado no mêi deles viu?

Repórter - E quem eram eles?

Antônio - Dissero que era das volanti... que tavam procurando por uns cangaceiro. Aí perguntaram por meu pai. Minha mãe disse que tava nas roça Aí eles riram um pro outro, desmontaram, pegáro minha irmã e minha mãe pelo braço. Nessa hora eu corrí e me escondí detrás d´ua moita. De lá eu pude vê o que fizéro cum elas. Maltrataro minha mãe. Chamaro de quenga, de coiteira, de tudo quanto é ruim. Buliram cum ela e cum minha irmã. Aí eu corrí pro mato, fugí mas...eu ainda ví quando atiraram e mataram as duas.

Repórter - Porque não procurou a polícia ou mesmo a justiça?

Antônio - Pruquê no mêi deles, tinha dois cabra do Coroné Alfredo Caraca, dono da terra onde nóis morava, e dois cabra do juiz Armando Bastos. Depois eu soube que eles queria mermo era pegá meu pai. Por ele não ter dado dinheiro prá campanha de prefeito do Coroné. Se eles me pegasse eles me matava. Porque agora eu era testemunha das morte de minha mãe e de minha irmã. Eu fiquei me escondendo de casa em casa. Eu num tinha pouso certo não...dormia aqui e alí, dormia no mato, nas casa de farinha, beira de currá, Fiquei sem rumo. Meus parente num me queria porque eu era mermo a morte prá eles.

Repórter - Quanto tempo você aturou essa situação?

Antônio - Dos 12 inté os 15 ou 16 anos. Eu me parecia cum bicho do mato viu? Inté que um dia eu encontrei com os cangaceiro de novo numa estrada. Eles apontaram os rifle prá mim e perguntáro quem eu era e prá onde eu ia. Num tive medo não. Parece que eu tava calejado. Eu disse – Eu já dei comida a vocês. Por sorte um deles se lembrou de mim. Aí eu contei a história e eles me levaram cum eles. Aí pronto...Daí em vante eu virei hômi por precisão. Daquela hora em vante eu tinha amigo. Alí eu sabia que tinha gente por mim viu?Me déro a roupa, o chapéu, as alpercata, tudo... Quando matei o primeiro pésti d`uma volante eu tava dentro dos 16 anos. Aí é que o respeito foi maió viu?

A essa altura da conversa, Seu Antônio demonstrava fôlego. Falava mais alto e levantou-se varias vezes ajudado pelos gestos que fazia com as mãos e braços. Suas palavras agora eram seguidas de punho serrado e dedo em riste. Por vezes avermelhava o rosto enquanto falava.

Antônio - Nunca mais baixei a cabeça prá seu ninguém. Pra nenhum fí d`ua égua viu? Quem quisesse que me respeitasse...e se num respeitasse a bala comia. E tem mais, foi volante ou foi macaco eu tava engolindo na bala. Num podia vê um. Era prá pagar o que fizeram com minha vida. Cum minha famia viu?. Cum minha mãe e minha irmã. Num era assim que queriam??? Apois souberam quem era Ontõe de Santana.

Repórter – Seu Antônio, quantos estados o senhor andou e quantos anos passou no cangaço??

Antônio – Eu num sei não. Na vida de cangaceiro você num sabe dessas coisa não. Tem noite que num dorme. Tem dia que num come. A vida é assim levada no peito mermo. Num dá prá contar tempo não. Mas eu acho que foi aí uns 15 prá vinte anos.

Repórter - O senhor lembra dos estados por onde andou?

Antônio - Rodei o Nordeste quage todo. Lembro que fui até na Bahia com o Capitão(Lampião)). E lembro também que conhecí meu Padim Ciço, lá no Juazeiro. Então eu andei foi muito num foi?

Repórter - O senhor chegou perto de morrer?

Antônio - Muitas vezes. Mas eu enfrentei de peito e vencí na bala. Eu num tinha mais o que perder. Só tinha o que buscar. Fama, dinheiro e vingança até um dia eu parar. Pruquê na vida que eu tava eu num tinha paz não.

Repórter - E como foi que o senhor foi preso?

Antônio - Numa covardia muito grande. Um coiteiro me entregou pra policia pouco antes da desgraça de Angico quando morreram quage tudo lá. Eu era prá tá lá também. Por pouco num morri lá com os outros.Eu tinha ido buscar umas balas do Capitão. Depois me pegaram porque os coiteiro me delataram. Tô aqui já faz mais de 20 anos.

Repórter - Quando o senhor sair vai fazer o quê?

Antônio - Hômi... eu num sei não. Num sei nem como é o mundo aí fora não. Aqui ninguém pode nem botá a cabeça fora não. Mas eu só digo uma coisa a você viu?: Se bulirem comigo de novo é bem arriscado d`eu voltar aqui prá dentro nessa merma hora. Eu num aguento desaforo de ninguém não...

Seu Antônio deu uma cuspida pro lado, pediu licença, e disse: Eu já vou... a história acaba por aqui.

Antônio me deu boa tarde e se foi. E lá fiquei eu a imaginar... a pensar na história... a imaginar... Por que o cangaço existiu???

Nota do autor - Todos os dados, pessoas, lugares, etc., existentes neste texto são fictícios. Qualquer semelhança com a realidade será mera coincidência.

Por Stela Siebra Brito


DISTRAÇÃO POÉTICA


Ônibus cheio,
calor, suor,
trânsito lento.
Alenta-me admirar
a sombra das árvores - colo acolhedor em terra
nuances variadas das copas verdes
desenhos das nuvens
plantas rompendo cimento concretizado em muro
jarros de flores bizarras enfeitando janelas toscas
o andar dos transeuntes
uns lerdos, dispersos, alheios
outros afobados, perplexos,
sorridentes... felizes?
fiteiros, catedrais
pichações
pixotes
meninos pingentes
de cola na boca
meninos famintos
de arroz e feijão
meninos desnutridos
de saúde e ternura.
meninos na cidade
sem cidadania.

A cidade é de todos?
a cidade é suja
a cidade é linda
a cidade é a nossa cara deslavada
ensebada e
perfumada de lama.

Até que enfim ! - Por Olival Honor



... diria minha santa mãe, ao tomar conhecimento do projeto de lei encaminhado ao Legislativo pelo Executivo, considerando a corrupção crime hediondo, sujeitos os envolvidos às penalidades do código. Até que enfim, minha mãe! Lembro-me dos bate-papos durante e depois do almoço lá em casa. Era vedado comentar banalidades. Proibido fala mal da vida alheia. Se alguém puxava o assunto, era logo repreendido: Quem falar mal dos outros não tem direito a sobremesa. Outra proibição rigorosa era o palavrão. Nem pensar! Dizer, então! O respeito era marca obrigatória de todas as atitudes, orais ou gestuais. Os nascidos nas décadas de 30 e 40 aprendemos que respeito é bom, qualificando o homem para um comportamento social e político, em toda e qualquer área, digno de alçá-lo às posições impostas pela vida. Aprendemos não só nas escolas, mas acima de tudo em casa, apesar dos precários meios educacionais da época, a maioria hoje considerados ineficientes, como a palmatória e ficar de joelhos sobre caroços de milho. Respeito não apenas no campo pessoal. Os pronomes de tratamento senhor, professor, doutor e outros que tais, eram usados por todos quando falando com dignitários de cada profissão. Seu Fulano e dona Sicrana antecediam o nome do chefe, quando este não tinha título universitário. Tudo com o respeito que se devia dispensar a quem quer que fosse. Hoje a dona de casa, por mais patroa que seja, por mais títulos que ostente, é tratada pelas empregadas domésticas pelo nome comum e ninguém estranha. Os tempos mudaram, os costumes também. Nós é que somos obrigados a aceitar.
Voltado à corrupção, não acredito que esse enquadramento judicial como crime hediondo seja aprovado pelo Congresso Nacional, com honrosas exceções um antro de corruptos que envergonha o País.
Nossa lei eleitoral não obriga os partidos a selecionar moralmente os candidatos a cargo eletivos. Todos são registrados sejam que forem, apesar do antigo brocado de natureza jurídica que diz: O que é de domínio público dispensa aprovação. Vem o registro, vem o voto irrestrito e muitos deles são eleitos sem se saber como nem por que votaram neles. Mesmo que, no Brasil, os corruptos sejam mais do que conhecidos, alguns até aplaudidos e outros justificados com o célebre rouba, mas faz. Porém, como processa-los e puni-los? Como? Quando? Por quem, se os responsáveis pelos partidos pertencem à mesma máfia e o eleitorado que os elege é movido pela máquina inconscientemente das mentes mortas?
Olival Honor

Billie Holiday



Billie Holiday (Filadélfia, 7 de Abril de 1915 — Nova Iorque, 17 de Julho de 1959), Lady Day para os fãs, é por muitos considerada a maior de todas as cantoras do jazz.

Por Norma Hauer

ELIZETH CARDOSO - A DIVINA
Elizeth Cardoso nasceu no Rio de Janeiro no dia 16 de julho de 1920.
Seu pai era um seresteiro que tocava violão e sua mãe era uma cantora amadora, daí seria justo que enveredasse pelo caminho da música.

Porém, antes de conhecer seu “padrinho” (Jacó do Bandolim), Elizeth Cardoso começou a trabalhar em várias atividades.
“Descoberta” por Jacó, em sua festa de aniversário de 16 anos, ele viu que ali estava uma grande cantora. Assim a levou para cantar na Rádio Guanabara no “Programa Suburbano”, onde se apresentavam “cobras”, como Vicente Celestino,Aracy de Almeida, Moreira da Silva, Noel Rosa, Marília Batista...em agosto de 1936.

Uma semana depois, ela foi contratada para se apresentar em um programa semanal e daí, tornando-se conhecida, começou a aparecer em várias emissoras de rádio, além de clubes e cinemas.

Somente em 1950 ela teve oportunidade de gravar, graças ao apoio de Ataulfo Alves. Sua primeira gravação não fez sucesso, mas seu nome ficou conhecido quando gravou “Canção do Amor!” (de Chocolate e Elano de Paula) seu “carro-chefe”.
Graças ao êxito de “Canção do Amor” foi convidada a se apresentar na televisão (então “engatinhando”) na pioneira TV Tupi, em 1951 o que a levou a ser convidada por Gilda de Abreu para tomar parte no filme “Coração Materno”, com Vicente Celestino.

Em 1958, Elizeth Cardoso foi convidada por Vinicius de Moraes para ser a cantora de um álbum de canções escritas por ele próprio e Tom Jobim: Canção do Amor Demais., o primeiro no gênero “bossa nova”..

Elizeth Cardoso viajou por vários países, lançou discos fora do Brasil e fazia “shows” até sua morte, no dia 7 de maio de 1990, sem completar 70 anos.

Por Norma Hauer

BARBOSA LIMA SOBRINHO
No dia 16 de julho de 2000 faleceu um grande jornalista: BARBOSA LIMA SOBRINHO,
cabeça MARAVILHOSA, aos 102 anos.

No dia em que faleceu saiu seu último trabalho no Jornal do Brasil.

Ele escrevia as matérias às 5ªs feiras e as publicava aos domingos.

Mas, nessa 5ª, ele passou mal, foi internado e no domingo faleceu.

Enquanto líamos seu último trabalho (que arquivamos,como alguns outros) tivemos notícia de seu falecimento. Foi ele o primeiro a pedir o "impeachment" de Collor.

Velado na Academia Brasileira de Letras, seu corpo foi levado à ABI para a última homenagem de seus colegas jornalistas.
É claro que lá estava um bando de puxa-sacos.
Homem igual a esse ainda está para nascer.
Para ele, meu preito de saudade.

Norma
Duas namoradas
Itamar Assumpção / Alice Ruiz

Tenho duas namoradas
A música e a poesia
Que ocupam minhas noites
Que acabam com meus dias

Uma fala sem parar
A outra nunca desliga
Não consigo separar
Duvido d o dó que alguém consiga

Cantar é saber juntar
Melodia, ritmo e harmonia
Se eu tivesse que optar
Não sei qual eu escolheria

Tem vez que o caso é comigo
Tem vez que sou só sentinela
Xifópagas, caso antigo,
Tem vez que é só entre elas

Nenhum instante se deixam
Grudadas pelas costelas
Nenhum segundo me largam
Também eu não largo delas

Convite !


Cariricaturas Convida:



Lançamento do livro “Poeiras na Réstia”, do escritor Cratense

Everardo Norões.


Exposição “Cascas do Crato ” – esculturas com cacas vegetais por justa posição e equilíbrio, por

Sônia Lessa


Na programação concerto "O Dom da Musica" pelo pianista e compositor

Dihelson Mendonça.


Local:Teatro Raquel de Queiroz
A Partir das19h. do dia 22.07.2010
| COMUNICADO URGENTE |

O prazo para inscrições no Minicurso sobre Criação e Gestão de Associações/ONGs que o Instituto Focus realizará no dia 22/7 (quinta-feira) foi prorrogado até quarta-feira (14/7). Essa é também a data limite para realizar o pagamento da inscrição, através de depósito bancário identificado.

Após realizar a inscrição através do site do Instituto Focus (clique aqui) o/a interessado/a receberá um e-mail com todas as orientações para efetuar o pagamento.

Lembramos que o Minicurso acontecerá no dia 22/7 (quinta-feira), no Auditório do Centro Cultural do Araripe, das 18 às 22 horas. O valor da inscrição é de R$ 30,00.

Para mais informações acesse www.institutofocus.com ou envie e-mail para cursos@institutofocus.com.
Você pode ainda ligar para 88 9953-0610 - 88 8844-3990 - 88 8110-4321 - 88 9624-4866 ou 88 8806-1902.

Poema do Nicodemos !

TAMANCOS HOLANDESES - Por Edilma Rocha


Meninas reunidas em volta de brinquedos e bonecas viviam a fantasia da infância. Chegam uma a uma das casas da rua para a brincadeira, ali não importava a calsse social e sim o prazer e a felicidade da meninice. Haviam bonecas de pano, móveis de madeira artesanal, bonecas de louça e até as famosas mobilias em celiloide nas cadeiinhas imitando as palhinhas tão usadas nos móveis de nossas avós. As mais criativas corriam ao quintal em busca de gravetos para acender o fogo e transformar a brincadeira do dia no famoso guisado nas panelinhas de barro.
Para a surpresa de todas, certo dia chegou uma amiguinha com um lindo par de tamancos holandeses. Um sapatinho importado, de madeira levinha talhado à mão e comprado na distante capital da Holanda, Amisterdan. Era uma preciosidade! Branquinho com detalhes em vermelho e uma estampa colorida de um moinho de vento bem na ponta arrebitada.
_ Toc, toc, toc...
Desfilava se exibindo e torcendo o nariz com pose enquanto as outras meninas de olhos bem arregalados e bocas bem abertas admiravam aquele lindo par de tamancos holandeses.
_ Me empresta ... me empresta só um pouquinho !
Disse uma delas. Mas ali estava o problema o pé da exibida era menor do que o de todas elas e sapato d pau não cedia para calçar pezinhos grandes. E falou !
_ Este tamanco veio de muito longe e foi presente do meu tio rico que mora no Rio de Janeiro e foi comprado na Europa. Só poderão calçar um se comprarem na Holanda sob medida.
As meninas franziram a testa e fizeram beicinho de raiva ao ouvir aquelas palavras da metida e nogenta. Os cochichos foram pronunciados baixinho de ouvido a ouvido... Era uma besta metida! Mas uma das meninas disse bem alto e em bom tom:
_ Um dia serei rica e vou comprar um par de tamancos igualzinho a esse aí !
Todas cairam na risada. Uma fedelha magrela que não levava disafouro pra casa e só conhecia o Crato, nem sabia onde ficava a Holanda e falando em comprar um par de tamancos daqueles... Vejam só ! KKKKKK......KKKKK....
Muitos anos depois já casada e com maiores posses, menina magrela hoje uma linda mulher correu o mundo e chegou a Amisterdan. Comprou um pacote turístico e visitou tôdas as redondesas da Holanda, ora de trem, ora de barco. Desmbarcou numa aldeia de pescadores e se maravilhou com os moinhos de vento que faziam a draga das águas do solo enxarcado, por esta razão eram tão usados os tamancos de madeira. Giravam velozmente centenas deles fazendo um espetáculo de encher os olhos, nas planícieis a variedade das tulipas em diversas cores lhe prendia o olhar no horizonte, era um verdadeiro cartão postal. Finalmente chegou a uma fábrica de tamancos, viu passo a passo o processo de produção ao vivo. Seus olhos brilharam com os daquela criança ao ver na prateleira um par igualzinho aquele da fedelha da sua infância. Arranhando um inglês cearense pediu ao vendedor um par daqueles branco e vermelho número 36. Sentou num banquinho, retirou o par de botas lamacentas e com cuidado e enfiou delicadamente os tamancos nos pés. Deu alguns passos pela loja e sorriu como uma criança feliz. Retornou a rua da sua infância em pensamento e viu a expressão de admiração de cada rosto das seis meninas do passado e principalmente a da fedelha metida a besta.

Relação de escritores do Cariricaturas

01. Ana Cecília Bastos /* ( RuteBarreto)

02. Armando Lopes Rafael /

03. Assis Lima /
04. Bernardo Melgaço* ( Claude Bloc)

05. Carlos Esmeraldo

06. Carlos Rafael

07. Claude Bloc

08. Corujinha Baiana *(Zélia Moreira)

09. Dimas de Castro

10. Domingos Barroso* (Carlos Rafael)

11. Edilma Rocha

12. Edmar Lima Cordeiro

13. Emerson Monteiro

14. Everardo Norões * (Joaquim Pinheiro)

15. Isabela Pinheiro

16. J. Flávio Vieira*(Luiz carlos Salatiel)

17. João Marni
18. João Nicodemos

19. Joaquim Pinheiro

20. José do Vale Feitosa*( Maria Benigna)

21. José Newton Alves de Sousa

22. José Nilton Mariano*(Emerson Monteiro)

23. Liduína Vilar
24. Magali Figueirêdo
25. Marcos Barreto

26. Olival Honor

27. Rejane Gonçalves*(Stela Siebra)
28. Roberto Jamacaru
29. Socorro Moreira
30. Stela Siebra Brito

31. Vera Barbosa*(Socorro Moreira)

32. Wilton Dedê
33.Bruno Pedrosa( ilustrações)*(Edilma Saraiva)
34 Pachelly Jamacaru ( fotografia)

* Escritores representados  por motivo de ausências justificadas.

Estimativa , na prestação de contas - Festa do Cariricaturas

Valor arrecadado dos autores : 6.400,00( recebido por Emerson)
Preço da edição :  6.500,00 ( pago por Emerson)
Saldo compensado pela venda de mesas : 100,00

Festa :
Receita prevista : 4.000,00
Despesas : 4.000,00

Aluguel do espaço : 700,00 (CTC)
aluguel de mesas e cadeiras complementares: 280,00
Músicos e Coquetel: 2.600,00
Serviços gráficos e/ou artesanais : 290,00
complemento edição do livro: 100,00
reserva p/despesas eventuais:: 30,00


Tiragem de livros : 1.000 exemplares
Distribuir entre os autores : 660
Pachelly ( foto/capa) : 20
Heládio Teles Duarte : 20
Peblicidade: 45 ( distribuição : Socorro e Emerson)
Utilização na venda de mesas : 100
saldo para venda ( 20,00) e/ou  estoque reserva Cariricaturas  : 155 

Patrocínios e/ou contribuições:

Edilma Rocha  e Sônia Jamacaru : decoração da festa.
Elmano Rodrigues Pinheiro : 25 livros para sorteio 
Dihelson : Recital  de piano
Everardo Norões : livros "Poeiras na Réstia"
Sônia Lessa : esculturas  "Cascas do Crato" - amostra
Claude Bloc : telão de imagens
Apoio logístico: Rogério, Gabriella, Nicodemos, Marisa Sobreira , Divane Cabral, Stela Siebra, Poliana Esmeraldo,Salatiel,Salete Libório, Neide Barreto, João do Crato, José do Vale, Zé Flávio, Assis Lima, Heládio Teles.

Agradecemos antecipadamente  a todos os envolvidos , notadamente, aos que se fizerem presentes aos eventos !
Pós festas, publicaremos Despesas x  Receitas efetivadas ,com respectivos   demonstrativos.

O Cariricaturas agradece,  e aguarda o sucesso dos eventos, que será partilhado com todos !

Emerson, Claude, Socorro e Edilma.( coordenação)

Vento e Areia - por Domingos Barroso



Estes versos
para você
que acredita
nas fisionomias
das nuvens
e no místico caminho
das formiguinhas.

Você que é simples
portanto sábia
sorri feito criança
e logo mergulha
nos mistérios naturais
da alma.

Você acostumada
com sua sabedoria
talvez não entenda
por que as coisas boas
da terra e dos céus
caem aos seus pés
antes pousam
sobre sua cabeça.

Você é muito linda
sem vaidade
alcança estrelas
ainda recém-nascidas
abre janelas invisíveis
e nada diz e por nada confessa
os seus mágicos atributos.

Você é rara.
Uma preciosidade.
Uma tábua de madeira antiga.
Um pedaço de escrita reveladora.

Ao seu redor as flechas cruzam
mas nunca lhe tocam.

Acima do seu corpo brilha uma luz.
Debaixo das suas sandálias a terra canta.

Você é uma mulher encantada.
Não se aprisiona pelas unhas.
Tampouco pelos cabelos.

Ao acordar e ao dormir
seus sentimentos apurados
seus sonhos resguardados
abençoam-lhe o dia
e lhe benzem a noite.

Você é inacreditável.
Altíssima.

Não se deixa sofrer pelas mágoas
dos vizinhos da miséria
tampouco pelas ofensas
dos soberbos.

Contemplo suas mãos estendidas.
Abertas.

Um naco de rapadura.
Uma fruta.
Um conselho
e um puxão de orelha.

Bela. Humilde.
Sensata. Esotérica.


O seu sorriso vejo agora
em cada verso.

Não se engane:
você é palpável.

Afago-lhe o rosto.
Outro sorriso.

Não choverá nem fará sol.
Assim a manhã sem tempo formal.

Uma manhã que lhe pertence
muito mais que ao poeta
ou aos pássaros.

Uma manhã que é o seu silêncio.
O seu silêncio.

Indizível- por corujinha Baiana



O que dizer
dos sonhos não realizados
dos versos não declamados
do silêncio que era meu ?

O que dizer
das ofensas recebidas
das lágrimas não percebidas
da alegria que morreu ?

O que dizer
das lições não aprendidas
das emoções tão contidas
do riso que não se deu ?

O que dizer
da música nunca entoada
da beleza não contemplada
de tudo que se perdeu ?

Como perdoar o imperdoável ?
Como esquecer o inesquecível ?
Como evitar o inevitável ?
Como dizer o indizível ?

Paroles... Paroles...Paroles..

A música do Centro da cidade- por Carlos Rafael




Prossegui o passeio, indo em busca do centro da cidade. Passei na loja de Amilton, que vende CDs e DVDs, além de receber pagamento de títulos e contas. Mas, além de vender discos, Amilton é uma pessoa cuja decência nos torna cativa do seu convívio.
Lembrei, então, das lojas de discos que existiam nas imediações, há mais de trinta anos, como a Loja Primo, O Rouxinol, Nazareno Discos e Discosom.
Naquela época reinavam soberanos, os discos de vinil (compacto e long playing) e a fita cassete. Eram produtos caros e considerados supérfluos. Portanto, ouvia-se música, principalmente, no rádio.
O Crato tinha duas emissoras de rádio (que ainda existem): Rádio Educadora do Cariri e Rádio Araripe do Crato. Nas tardes de domingo, um programa era líder de audiência: o Paradinha 1020, transmitido pela Rádio Educadora e apresentado por Evandro Bezerra, desfilando as vinte músicas mais tocadas na semana. Lembro de alguns dos hits daquele tempo: BiluTetéia, Farofa-fá-fá, Emanuela (versão de uma canção italiana), Homem com H e a minha preferida, Nuvem Passageira, de Hermes Aquino, cujo verso inicial dizia: Eu sou nuvem passageira que com o vento se vai.

Carlos Rafael

Por Assis Lima


VIDA DE VIOLEIRO
(a Inácio Pessôa de Lima, 20/06/2009)

Um dos encantos que guardo
da minha infância rural
que os anos não trazem mais:
o claro toque de um banjo.
Ao som de uma viola
ouvi cantar Cego Heleno:
metálico era seu timbre,
e pela primeira vez
assombrou-me a voz humana.
Imaginei ser poeta,
cantador e repentista.
Exemplos não me faltavam:
Inácio da Catingueira,
um gênio no desafio,
e o grande Cego Aderaldo.
Por volta dos quinze anos,
em meio às dobras da vida
de improviso, em redondilha,
cometi uma sextilha:
Eu tinha catorze anos
quando minha mãe nasceu,
sol brilhou sobre o seu medo
e espiou dentro do meu,
eu tinha catorze anos
quando minha mãe morreu.
Bem depois vim a saber
que aquele verso, ou reverso,
paradoxo, bizarria,
modéstia à parte, eu diria,
sem querer já me fazia
precursor de Zé Limeira
o poeta do absurdo
(e por evocá-lo agora
transcrevo um seu breve estudo):
Nessa vida de viola
vivo pra diante e pra trás,
nunca mais tive alegria
depois que perdi meus pais,
minha vida é de caboclo,
quatro é muito, cinco é pouco,
dez não dá, sete é demais.
Depois conheci Zé Gato,
repentista, embolador,
que entre banhos de alegria,
numa feira lá do Crato,
num certo dia inspirou-me
um verso de pé quebrado:
Bom cantador é aquele
que canta o que está lacrado
no coração mais exangue
do homem mais desalmado.
Zé Gato, cadê teu pulo?
Nos dias que ainda traço
sem viola, nem repente,
sigo pensando na mente:
Quem não canta neste mundo
no outro fica engasgado,
pois o nosso mundo é este,
que o outro, é do outro lado,
por isso cante com a alma
que a vida lhe deu de agrado
para encantar quem não canta
e alegrar quem está calado!

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Cariricaturas, convida, colaboradores e Leitores !

Dia 22.07


Lançamento do livro “Poeiras na Réstia”, do escritor cratense Everardo Norões.

Exposição “Cascas do Crato” – esculturas com cascas vegetais por justa posição e equilíbrio, por
Sônia Lessa
Recital  de piano pelo compositor e   pianista  Dihelson Mendonça.
Entrada franca.


Local:Teatro Raquel de Queiroz
A Partir das19h. do dia 22.07.2010

Dia 23.07- Almoço literário- Restaurante "4 Estações"
12,00 por pessoa.

Dia 24.07- Festa dançante no Crato Tênis Clube, a partir das 20 h.
Na programação:

-lançamento do livro "Cariricaturas em prosa e verso"
-performances poéticas
-coquetel
-baile

Mesas : 40,00 ( 4 ingressos e um exemplar do livro)
Últimas unidades !
contato : 35232867, 88089685,99444161 ( socorro moreira)

Um lembrete de Quintana - Colaboração de Edmar Cordeiro

...'A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, já passaram-se 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado.
Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas.
Desta forma, eu digo:

Não deixe de fazer algo que gosta, devido à falta de tempo,

pois a única falta que terá,

será desse tempo que infelizmente não voltará mais.'

Mário Quintana