Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Luar de Agosto- por Socorro Moreira



Existem riscos ,
que eu não petisco
A lua protege de luz
o beco escuro dos meus olhos
Ontem ela esteve soberba
grávida de todos os sonhos
ventre inflamado de encantos
Minha câmera invisível
encara o céu...
A janela dos meus hóspedes,
sempre aberta ,
É o porta-retrato da poesia

Blues

Não há como
esgrimir contra o sol:

sempre encontra uma maneira
de lançar seus raios
com trancinhas
enrubescendo
meus travesseiros.

Meus dias deveriam
ser melhores
com menos apelos
e o batimento cardíaco
nem tão desumano.

A varanda espera
que eu me debruce
sobre as plantinhas
assobie uma canção
estale os dedos
corte as unhas.

Em vão,
inútil.

Sequer tenho olhos
para vislumbrar o sorriso
marcado pelas duas rachaduras
na borda da minha xícara.

Roman Polanski



Roman Rajmund Polański (Paris, 18 de agosto de 1933) é um cineasta, produtor, roteirista, ator franco-polonês.

Polański iniciou sua carreira na Polônia, e depois se tornou um célebre Cineasta de sucesso e prestígio na carreira, foi premiado com a Palma de Ouro do Festival de Cannes e com o Oscar de melhor diretor, ambos por seu filme O Pianista, de 2002, que tem como pano de fundo o Gueto de Varsóvia, onde esteve na infância, como judeu na Polônia ocupada pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Polański é um dos melhores do mundo, conhecidos diretores de cinema contemporâneo e é amplamente considerado um dos maiores diretores de sua época. Ele também é conhecido por suas polêmicas, turbulenta na vida pessoal e controversa Em 1969, a sua grávida esposa, Sharon Tate, foi assassinada pela Família Manson. Em 1977, ele foi condenado por intercurso sexual ilegal com menores, ele posteriormente fugiu dos Estados Unidos e é actualmente (desde 26 de setembro de 2009) sob prisão na Suíça, dependendo do processo de extradição.

Polańskifez o primeiro longa-metragem, Knife in the Water (1962), feito na Polónia, Polanski ganhou sua primeira indicação ao Oscar (de Melhor Filme Estrangeiro, 1963). Polanski deixou a Polônia comunista para viver na França há vários anos, antes de se mudar para a Inglaterra, onde colaborou com Gérard Brach em três filmes, começando com o Repulsion em 1965. Em 1968 mudou-se para os E.U.A., dirigindo o filme de terror Bebê de Rosemary de 1968, em Hollywood. Depois de fazer vários filmes independentes, Polanski voltou a Hollywood em 1973 para fazer Chinatown para a Paramount Pictures, com Robert Evans como produtor. O filme foi indicado para um total de 11 Oscars, estrelas como Jack Nicholson e Faye Dunaway ambos receberam indicações para seus papéis e engenhosamente desenhados roteiro de Robert Towne ganhou o prêmio de Melhor Roteiro Original. A principal crítica e sucesso de bilheteria da época de sua estréia no verão de 1974, Chinatown é considerada a maior realização de Polanski como cineasta
O próximo filme de Polanski, The Tenant (1976), foi filmado na França, e completou o seu "Apartment Trilogy", na sequência Repulsion e Rosemary's Baby.

Em 1977, Polanski foi detido em Los Angeles e se declarou culpado de relações sexuais ilegais com menores, de uma garota de 13 anos (na época ele próprio tinha 43 anos). Nos depoimentos, a menor acusou-o de drogá-la com Champanhe e Methaqualone. Liberado após 42 dias, de uma avaliação psiquiátrica, Polanski fugiu para a França e teve um mandado de detenção E.U. pendentes desde 1978 e um mandado de captura internacional desde 2005 Polanski por muitos anos evitado visitas aos países que eram susceptíveis de extraditá-lo, como o Reino Unido e viajou principalmente entre a França, onde reside, e a Polónia. Como um cidadão francês, foi protegido na França pela extradição limitada do país com os Estados Unidos Em 26 de setembro de 2009, ele foi preso, a pedido das autoridades americanas, pela polícia suíça, na chegada no aeroporto de Zurique durante a tentativa de entrar na Suíça para pegar uma realização da vida "Golden Icon Award" do Festival de Cinema de Zurique.

Depois de fugir para a Europa na sequência da sua condenação nos Estados Unidos em 1977, Polanski continuou a dirigir filmes, embora não houvesse quase uma pausa de sete anos entre 1979 a Tess (um drama romântico adaptado da novela de Thomas Hardy Tess, de 1891, do Urbervilles d', dedicado à memória de sua falecida esposa, Sharon Tate) e Os Piratas em 1986, uma comédia de aventura. Mais tarde, filmes incluem Frantic (1988), Death and the Maiden (1994), The Ninth Gate (1999), The Pianist (2002), e Oliver Twist (2005). O mais notável de seus filmes mais tarde é O Pianista, a Segunda Guerra Mundial-set adaptação da autobiografia de mesmo nome de músico judeu-polonês Wladyslaw Szpilman, cujas experiências têm semelhanças com o próprio Polanski (Polanski, como Szpilman, escapou do gueto e campos de concentração, enquanto os membros da família não). O filme ganhou três Oscar, incluindo Melhor Diretor (2002), d'o Festival de Cannes Palma de Ouro (2002), e sete Césars francês, incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor. Ele também fez trabalhos ocasionais no teatro.

wikipédia

Por Norma Hauer


ESTÁ FAZENDO DOIS ANOS
Que DORIVAL CAYMMI partiu. Foi a 16 de agosto de 2008.

Será que ele foi p'ra Maracangalha?

Teria ido só, ou foi com "Dora", "Marina", a "Morena de Itapoâ" ou mesmo a Anália? Parece que foi só e lá esperou por uma "estrela": Stela Maris, sua verdadeira deusa,. quie chegou pouco depois.

Conheceram-se na Rádio Mayrink Veiga, onde Dorival foi levado por Carmen Miranda, mas foi um baiano, que aqui chegou cantando antes dele: Victor Barcelar, que o apresentou a César Ladeira.

E lá, no Programa Casé da velha Mayrink encontrou sua Stela. Ela cantava no Teatro de Operetas do Casé; a partir de seu encontro com Caymmi passou a cantar só para ele, depois para Nana, Dori e Danilo. Mais tarde tudo se inverteu e os três passaram a cantar para eles.

Quando se vai à Bahia, principalmente a Salvador, sente-se a presença de Caymmi na Lagoa do Abaeté, nos coqueiros de Itapoã, no Bonfim onde quem não tem balanga-dãs não pode ir, nos tabuleiros em que se encontram as "Pretas do Acarajé". Lá, todo mundo gosta de acarajé, mas o trabalho que dá, p'ra fazer é que é".

Caymmi viveu 70 anos aqui, onde ele escolheu para morar, sempre recordando a Bahia, mas dando preferência ao nosso Rio de Janeiro.

Assim César Maia, em sua homenagem, batizou uma pequena rua do Leblon com seu nome. Era uma rua chamada apenas de B, seus moradores agora vão ter um endereço: Rua Dorival Caymmi. Ninguém vai reclamar pela "mudança de nome" que não houve.

César não quis repetir seus erros quando tentou mudar os nomes das Avenidas Vieira Souto e Visconde de Pirajá para Tom Jobim, que, por sinal, ganhou seu nome em nosso principal aeroporto.

A partida a Dorival foi num bonito domingo de sol, com o céu todo azul, embelezando quem só nos trouxe beleza.

Hoje ele é um monumento na Avenioda Atlântica, para que nunca seja esquecido. 

Norma

O RIO DA MINHA CIDADE - por Wilton Dedê

Lembrando o velho Rio das Piabas.


O RIO DA MINHA CIDADE
- Wilton Dedê -



Sobre o chão onde os pajés dançavam , uma vila se formou
Todo dia longe ressoava o machado do lenhador
Ouçam os corações dos guerreiros esperando a noite
Em que os astros vão trazer a volta dos trovões


Foi há muito tempo. Quando as aguas desciam do sopé da Chapada do Araripe desenhando caminhos entre veredas, fazendo riscos cavados no chão, varando cercas e, aos poucos, engolindo outros “caminhos d`àgua”, formando riachos e afunilando um destino único para todas as águas. Onde todos os fios d`água caminhavam juntos, nascia o Rio da minha cidade. A partir daí suas águas pairavam belas, frias, serenas. Corriam calmas, como se quisesse cumprimentar as árvores à sua margem. Como se quisesse ouvir os pássaros, beijar as borboletas que nelas se miravam. Como quem quisesse lambuzar-se nas barreiras lamacentas. Era um Rio lindo.

A música das suas águas batendo nas pedras era como uma cantiga de ninar. Como o velho chchchchiado da chchchchuva chchchovendo de noite, como pingos bantendo nas telhas. Misturava-se aos silvos das cigarras quando a tarde vinha. Nessa hora suas águas ficavam com um tom vermelho amarelado. Imitava o céu onde o sol se punha. O contraste com o verde que o rodeava desenhava uma autentica aquarela. Amanhecia e lá estava êle. Sereno, calmo, dia e noite a deslizar sobre as pedras aquela limpinha e fria água trazendo o cheiro das ribeiras da serra. Cheiro de mato e barro. Tinha a musica dos pássaros e som do vento. Tinha a cor da luz do sol. Era um Rio. O Rio da minha cidade.

Dávamos nomes aos vários locais onde a água diminuía seu ritmo, formando poças onde, aos montes, tomávamos banho. Arriscávamos tudo para estar lá. Encarnávamos o D´zunhurae e simplesmente íamos ao Rio. Também pudera. Queríamos mesmo era mergulhar naquelas águas: Banho da Mata do Seu Lino, Banho do Poço da Pedra do Quebra Cú, Banho da Ponte, Banho da Barreira... eram tantos que nem lembro. Sei bem do paraíso que era para todos nós. Mas... um dia chegaram os homens trazendo a urbanidade e o progresso.


Um tambor amedrontou a mata quando o dia clareou
Na clareira respondeu a flauta um aviso de terror
Um cacique descobriu pegadas de um estranho caçador
Uma tribo foi exterminada onde o rio avermelhou...

Desde lá nosso Rio nunca mais teve paz. Nunca mais foi o mesmo Rio. Nunca mais nossa aquarela. Nunca mais nossos sonhos. Aos poucos a sua cor foi mudando. A sua beleza foi desaparecendo. As suas margens foram sumindo. Nunca mais brincadeiras. Nunca mais banhos. Nunca mais os pássaros o procuraram. Nunca mais as cigarras. Nunca mais as borboletas. Nunca mais nossos sonhos e nossa aquarela.

Antes das chuvas quando um trovão tombou das estrelas
E a selva escura viu brilhar nas mãos de um deus

Armas de estrondo e luz como avisou a lenda
Onça negra caminhou nas cinzas da fogueira que passou
Gavião voando contra a brisa viu a mancha do trator


Aos poucos suas margens foram sendo molduradas por ruas, calçadas, estradas de negro asfalto. Manchas deixadas pelo trator. A “ Onça Negra” do progresso se instalou como previa a lenda. A modernidade havia chegado.

Restou-nos a lembrança. Hoje nosso rio está quase morto. Ainda ensaia alguns suspiros quando as chuvas de inverno trazem água da Chapada do Araripe e conseguem lavar um pouco o seu leito. Depois, com a ida das chuvas ele agoniza de novo. Junto com ele agonizam as nossas lembranças, os nossos sonhos. Foi há muito tempo.

OBS-Poesia incidental “ A VOLTA DOS TROVÕES” de Braulio Tavares e Fuba.


Fonte: recebido por e-mail e autorizada a publicação

CHRONICAS CARIRIANAS



AS CIDADES DE FREI CARLOS

Por Zé Nilton*

lá se vão 39 anos da publicação do livro A cidade de Frei Carlos**, reunião de trabalhos esparsos do pesquisador Pe. Antonio Gomes de Araújo, clérigo da Diocese de Crato, Ceará.

Para o pesquisador de hoje a leitura dos textos dizem menos em comparação ao muito que dizem os anexos do livro.

Outro dia estava pensando por que o Pe. Gomes desinteressou-se em aprofundar sobre as gêneses da formação histórica do Cariri à luz de novos documentos coligidos à custa da sofreguidão de um pároco de aldeia, movido pelo entusiasmo e perseverança em fechar uma compreensibilidade sobre o Século XVIII no quadrilátero sul cearense?

De onde olho, hoje, muito fácil seria tripudiar nas falhas e nos hiatos cometidos pelo Pe. Gomes, em parte pelo seu modo intransigente e panegírico na defesa da História providencialista, e em parte pela fragmentariedade mesma de documentos elucidativos, o estado da arte de nossos primórdios.

De jeito nenhum. Teremos sempre uma atitude de profundo respeito àquele que se superou na busca de periodizar e por as coisas no lugar em meio a lacunas, descontinuidades, brechas, abismos, ausências e silêncios das fontes sobre nossa gênese.

O professor de História Pe. Antonio Gomes de Araújo compreendeu desde logo o sentido do fazer histórico na suma relativista que repõe a verdade histórica. Poderia ter ficado no céu das interpretações de segunda mão de como teria acontecido por aqui os nossos primeiros dias. Contrariamente, desceu ao inferno dos arquivos longínquos e poeirentos para fazer valer o sentido heurístico da ciência histórica e contrapor verdades.

Foi nessa que tomou a dianteira sobre fatos e acontecimentos da História do Cariri escrita por um Antonio Bezerra, um Dr. Pedro Thebèrge, um João Brígido e por fim a um Carlos Studart Filho.

Mas eu falei dos apensos do livro “A Cidade de Frei Carlos”. Pois bem, algo intrigante. Após escrevê-lo Pe. Gomes ajunta documentos importantes em torno da figura maior de seu intento, o Frade da Ordem dos Capuchinhos Italiano, Frei Carlos Maria de Ferrara.

Lá está que frei Carlos chegou ao Nordeste em 1736. Em 1738 a Junta das Missões, organismo de administração bipartite entre a Coroa e as ordens religiosas, discutia em reunião a necessidade de situar uma aldeia para o capuchinho. E revela que em 1739 frei Carlos já enviara uma carta à Junta das Missões, em Pernambuco, na qual “reclama que faça o ouvidor do Ceará a medição para a aldeia dos Jenipapos e que se chame o Pe. Ezequias Gameiro que já foi missionário dos Canindé para incorporá-los na mesma Missão”. (p. 80). Há outra carta do dia 21 de outubro de 1739 enviada por representante dos Jenipapos ao governador de Pernambuco de igual solicitação.

Sabemos que esses Jenipapos e Canindé estiveram na ponta da segunda fase da Guerra dos Bárbaros, a partir de 1712. Que os Jenipapos foram parciais dos Feitosa na luta contra os Montes. Que as duas tribos por falarem a mesma língua foram aldeadas em Quixadá, nas imediações do que hoje é Banabuiú. Que dali por força de lei seguiram para formar corpo social na elevação da Vila de Monte-mor, o novo da América, Baturité, em abril de 1764.

Então, Frei Carlos andou por estes sertões do meio fundando aldeias que seriam futuras vilas e hoje cidades. Quando se instala na Missão do Miranda, em 1740, trouxe saldos deteriorados de várias etnias. Índios alquebrados submetidos que foram a tantos desassossegos e violências. De vez em quando se ausentava para animar outros aldeamentos.

Pe. Gomes ressalta esta epopéia de Ferrara. Mas não o faz de modo enfático e apologético como fizera ao repercutir Antonio Bezerra quanto aos começos históricos de nossa cidade sob a inspiração de Frei Carlos.

Deixa uma sensação de abandono de sua luta na árdua tarefa de esclarecer o passado e ao mesmo tempo de uma profunda humildade como escritor pioneiro, quando diz: “Estas NOTAS modificam ou anulam, confirmam, contrariam ou enriquecem passagens constantes do texto do trabalho, cabendo ao leitor a tarefa do confronto”. Valeu, Pe. Gomes!

Quase terminando, Gomes trata os franciscanos como uma só Ordem. Hoje sabemos que franciscanos e capuchinhos são de ordens diferentes, com objetivos desiguais quanto à catequese no Nordeste. Não chegaram por aqui ao mesmo tempo. Bem, mas aí já é outra História...

Terminando, comecei com a frase “Já lá se vão”. Aprendi com um grande mineiro, o jornalista fundador do Diário de Minas, de saudosa memória, Newton Prates, quando me pedia para datilografar suas memórias para o jornal. Pois é como mineiro, cauteloso, que inicio uma série de despretensiosos artigos sobre a nossa formação histórica.

*Antropólogo. Professor do Departamento de Ciências Sociais da URCA
E-mail: figueiredo.jnilton@gmail.com
** Faculdade de Filosofia de Crato. Coleção Estudos e Pesquisas. Volume V. 1971


ATENÇÃO - HOJE, Segunda-Feira, estréia o Programa MÚSICA INESQUECÍVEL na Rádio Educadora do Cariri - 14 horas



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Se você gosta da boa música, agora tem uma boa razão para ouvir Rádio novamente. Todas as Segundas-Feiras, das 14 às 15 horas, pela Rádio Educadora do Cariri, o programa Música Inesquecível, com Dihelson Mendonça. Uma coletânea com os maiores sucessos da música de todos os tempos.

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Então, fique ligado!
MÚSICA INESQUCÍVEL - Toda Segunda-Feira, das 14 às 15 horas pela Rádio Educadora do Cariri. Você pode ouvir o programa também através da Internet no endereço:


E todas as Terças feiras você tem um encontro marcado com o Jazz, com o novo programa INFLUÊNCIA DO JAZZ - Com Dihelson Mendonça, Terças-Feiras das 14 às 15 horas. Rádio Educadora do Cariri - Uma nova Estação.

BISAFLOR CONTA HISTÓRIAS

Olá pessoas queridas: venham para a roda de histórias de Bisaflor, a fogueira já está acesa, Sia Maria já fez um bolo de milho e agora está passando o café. Trago hoje uma história chinesa que li em um livro de Ítalo Calvino. É uma história muito boa, sei que vocês vão gostar.

E atenção: quem na roda, depois, recontar a história vai ganhar três cafunés.


A SENHORA NÚMERO TRÊS

Há muitos séculos atrás, numa cidade da China, havia uma hospedaria – a Taberna do Pontilhão – administrada por uma mulher de cerca de trinta anos, conhecida como a Senhora Número Três. Supunha-se que esta mulher era viúva, sem filhos e sem nenhum parente. Na verdade, não se sabia quem era nem de onde viera; mas todos concordavam que sua hospedaria tinha boas instalações e que ela era uma pessoa de posses, pois além da hospedaria, possuía uma excelente tropa de burros, constituída por animais fortes, bonitos e resistentes.

A Senhora Número Três era, também, conhecida por sua generosidade; costumava cobrar preços mais baixos, caso o viajante alegasse que estava com pouco dinheiro, motivo pelo qual não faltavam hóspedes na Taberna do Pontilhão.

Aconteceu um dia que um viajante chamado Chao Chi Ho, em viagem à capital, parou para pernoitar na Taberna do Pontilhão e acomodou-se com mais uns seis hóspedes num amplo dormitório. A Senhora Número Três o tratou muito bem, como era do seu costume e na hora de dormir ofereceu vinho a todos e tomou, também, uma taça. O senhor Chao Chi Ho agradeceu, não costumava beber vinho, e foi deitar-se numa última cama, junto à parede que divisava com o quarto da hospedeira.

Os hóspedes que tomaram vinho, logo adormeceram e a Senhora Número Três recolheu-se ao seu quarto um pouco mais tarde da noite, fechou a porta e apagou a vela.

Chao estava inquieto, não conseguia pregar o olho e, lá por volta da meia noite, escutando um barulho no quarto da hospedeira, percebeu que ela havia acendido a vela. Olhou por uma fresta que havia na parede e viu a mulher retirar de dentro de uma caixa, pequenas peças de madeira com cerca de quinze centímetros de altura: um vaqueiro, um boi e um arado, depositando-as em chão de terra batida, numa pequena área perto do piso da lareira. Depois colocou um pouco de água na boca e borrifou nas figuras que, de imediato ganharam vida, o vaqueiro esporeou o boi que fez movimentar o arado para frente e para trás, arando a terra. Quando o chão estava preparado, ela entregou um pacote de sementes de trigo-mouro ao vaqueiro, que as semeou. Em poucos minutos as sementes brotaram, floresceram e deram grãos maduros, que foram colhidos e debulhados pelo vaqueiro. A mulher os moeu num pequeno moinho. O vaqueiro, o boi e o arado voltaram a ser figuras de madeira que a Senhora Número Três guardou na caixa. A última tarefa da hospedeira foi fazer bolos com o trigo moído naquela noite.

Ao amanhecer todos os hóspedes se levantaram e se preparavam para seguir viagem, quando a Senhora Número Três os convidou para tomarem o café da manhã, oferecendo-lhes os bolos que fizera à noite.

Chao agradeceu e saiu da Taberna do Pontilhão, mas procurou um jeitinho de olhar para trás e, sem que a mulher percebesse, viu que cada hóspede que comia o bolo, caía de quatro e começava a zurrar. A mulher se apossava dos seus pertences e, cada vez mais, aumentava sua tropa de burros.

O homem observou tudo que acontecera naquela noite na Taberna do Pontilhão, mas não comentou nada com ninguém. Quando retornava de sua viagem à capital, teve que fazer um novo pernoite na hospedaria da Senhora Número Três. Ele vinha munido de uma boa porção de bolos de trigo, fresquinhos e do mesmo formato e tamanho dos da hospedeira, que o recebeu muito bem.

Naquela noite não havia outros hóspedes na Taberna. Antes do senhor Chao se recolher, a hospedeira perguntou se ele queria algo para comer ou beber. Ele agradeceu, queria só no café da manhã comer alguma coisa, e a mulher lhe prometeu uma boa refeição.

Durante a noite Chao observou a mulher repetir a mesma mágica de arar a terra, do plantio e crescimento do trigo e a feitura dos bolos, que a hospedeira colocou na mesa do café da manhã, no dia seguinte.

Chao aproveitou-se de um instante em que a mulher saiu da sala e trocou um dos bolos que trouxera por um feito por ela. Quando a Senhora Número Três retornou à sala, admirou-se que seu hóspede ainda não estivesse se alimentando:

- Mas você ainda não comeu dos meus bolos!

- Eu estava aguardando sua volta. Eu trouxe uns bolos da capital, gostaria que você experimentasse.

- Dê-me um.

A mulher estendeu a mão e recebeu um dos seus bolos mágicos, aquele que Chao retirara do prato. Mordeu o bolo e caiu de quatro, zurrando, transformada numa bela e vigorosa jumenta, na qual Chao colocou cabresto, montou e retornou para sua cidade, levando consigo a caixa com as figuras de madeira, pensando em usá-las em seu proveito.

No entanto, ele nunca conseguiu dar vida às peças porque não sabia das palavras mágicas, por isso não pode transformar pessoas em burros, mas tinha a seu serviço a jumenta mais resistente e vigorosa da região, que era capaz de viajar muitas léguas por dia, em qualquer tipo de estrada.

Alguns anos depois, montado na sua jumenta, o senhor Chao passava na frente de um Tempo, quando, de repente, um velho começou a dar boas risadas, bater palmas, fazendo grande alarido:

- Mas é a Senhora Número Três, da Taberna do Pontilhão! O que lhe aconteceu?

O velho se aproximou, segurou nas rédeas da jumenta e falou para Chao:

- É certo que ela tentou lhe fazer algum mal, eu sei, mas lhe garanto que ela já foi plenamente castigada por seus pecados. Deixe que eu a liberte.

Dizendo isso, o velho retirou o cabresto da cabeça da jumenta, que imediatamente largou a pele de animal e se transformou em gente.

A Senhora Número Três saudou o velho e sumiu.

Nunca mais se soube dela.

Visitem o blog de José Normando Rodrigues !


www.aartedejosenormando.blogspot.com/

Mãos dadas - por Drummond



Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.

O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.

Carlos Drummond de Andrade

Privilégio do mar - Por Drummond




Neste terraço mediocremente confortável,
bebemos cerveja e olhamos o mar.
Sabemos que nada nos acontecerá.

O edifício é sólido e o mundo também.

Sabemos que cada edifício abriga mil corpos
labutando em mil compartimentos iguais.
Às vezes, alguns se inserem fatigados no elevador
e vem cá em cima respirar a brisa do oceano,
o que é privilégio dos edifícios.

O mundo é mesmo de cimento armado.

Certamente, se houvesse um cruzador louco,
fundeado na baía em frente da cidade,
a vida seria incerta... improvável...
Mas nas águas tranqüilas só há marinheiros fiéis.
Como a esquadra é cordial!

Podemos beber honradamente nossa cerveja.

Carlos Drummond de Andrade

Drummond


Carlos Drummond de Andrade (Itabira, 31 de outubro de 1902 — Rio de Janeiro, 17 de agosto de 1987) foi um poeta, contista e cronista brasileiro.

Elba Ramalho

Elba Maria Nunes Ramalho (Conceição da Paraíba, 17 de agosto de 1951) é uma cantora, compositora, produtora e atriz brasileira.

Roberto de Niro



Robert Mario De Niro Jr. (Nova Iorque, 17 de agosto de 1943) é um ator norte-americano. É conhecido por ter protagonizado diversos filmes de Martin Scorsese. Apreciado por levar muito a sério seus papéis, de Niro engordou 27 quilos e aprendeu a lutar boxe para melhor encarnar o personagem "Jake LaMotta" em Raging Bull (br: Touro Indomável); afiou os dentes para fazer Cape Fear (br: Cabo do Medo); e aprendeu a tocar saxofone para atuar em New York, New York (todos esses filmes de Scorsese). Por isso, é considerado normalmente como um grande observador de tiques e detalhes físicos, assim como de ser um perfeccionista.
wikipédia

Nelson Piquet

Nelson Piquet Souto Maior (Rio de Janeiro, 17 de agosto de 1952) é um ex-automobilista brasileiro, campeão do mundo de Fórmula 1 em 1981, 1983 e 1987.

Candeia


Antônio Candeia Filho. mais conhecido como Candeia (Rio de Janeiro, 17 de agosto de 1935 — Rio de Janeiro, 16 de novembro de 1978), foi um importante sambista, cantor e compositor brasileiro.

Era de filho de sambista. Em seus aniversários, a festa era mesmo com feijoada, limão e muito partido alto. No Natal, a situação se repetia.

Seu pai, tipógrafo e flautista, foi, segundo alguns, o criador das Comissões de Frente das escolas de samba. Passava os domingos cantando com os amigos debaixo das amendoeiras do bairro de Oswaldo Cruz. Assim, nascido em casa de bamba, o garoto já freqüentava as rodas onde conheceria Zé com Fome, Luperce Miranda, Claudionor Cruz e outros. Com o tempo, aprendeu violão e cavaquinho, começou a jogar capoeira e a freqüentar terreiros de candomblé. Estava se forjando ali o líder que mais tarde seria um dos maiores defensores da cultura afro-brasileira.

Candeia começou a fazer músicas ainda na adolescência. Seu pai tocava flauta e carregava o filho para rodas de samba e de choro em Oswaldo Cruz e Madureira.

Compôs em 1953 seu primeiro enredo, Seis Datas Magnas, com Altair Prego: foi quando a Portela realizou a façanha inédita de obter nota máxima em todos os quesitos do desfile (total 400 pontos). É até hoje um dos grandes nomes no panteão da Portela.

No início dos anos 60, dirigiu o conjunto Mensageiros do Samba. Em 1961, entrou para a polícia. Tinha fama de truculento e suas atitudes começaram a causar ressentimentos entre seus antigos companheiros. Provavelmente, não imaginava que começava a se abrir caminho para a tragédia que mudaria sua vida. Diz-se que, ao esbofetear uma prostituta, ela rogou-lhe uma praga; na noite seguinte, ao sair atirando do carro num acidente de trânsito, levou um tiro na espinha que paralisou para sempre suas pernas. Viveu os seus últimos dez anos de vida numa cadeira de rodas, em decorrência daquele tiro na coluna vertebral, depois de – conforme outra versão – uma discussão no trânsito, no final da década de 1960. Candeia se aposentou por invalidez após o acidente e pôde, então, se dedicar mais à música.

Sua vida e sua obra se transformaram completamente. Em seus sambas, podemos assistir seu doloroso e sereno diálogo com a deficiência e com a morte pressentida: Pintura sem Arte, Peso dos Anos, Anjo Moreno e Eterna Paz são só alguns exemplos. Recolheu-se em sua casa; não recebia praticamente ninguém. Foi um custo para os amigos como Martinho da Vila e Bibi Ferreira trazerem-no de volta. "De qualquer maneira, meu amor, eu canto", diria ele depois num dos versos que marcaram seu reencontro com a vida.

No curto reinado que lhe restava, dono de uma personalidade rica e forte, Candeia foi líder carismático, afinado com as amarguras e aspirações de seu povo. Fiel à sua vocação de sambista, cantou sua luta em músicas como Dia de Graça e Minha Gente do Morro. Coerente com seus ideais, em dezembro de 1975 fundou a Escola de Samba Quilombo, que deveria carregar a bandeira do samba autêntico. O documento que delineava os objetivos de sua nova escola dizia: "Escola de Samba é povo na sua manifestação mais autêntica! Quando o samba se submete a influências externas, a escola de samba deixa de representar a cultura de nosso povo".

No mesmo ano de 75, Candeia compunha seu Testamento de Partideiro, onde dizia: "Quem rezar por mim que o faça sambando".

Em 1978, ano de sua morte, gravou Axé, um dos mais importantes discos da história do Samba. Ainda viu publicado seu livro escrito juntamente com Isnard: Escola de Samba, Árvore que Esqueceu a Raiz.

Voltou a ter reconhecimento em 1995, quando Martinho da Vila gravou o disco Tá delícia, tá gostoso, no qual incluiu um pot-pourri chamado Em memória de Candeia, que tinha as faixas Dia de graça, Filosofia do samba, De qualquer maneira, Peixeiro grã-fino e Não tem vencedor.

Em 1997 foram relançados em CD três discos de Candeia: Samba da antiga, de 1970, Filosofia do samba, lançado originalmente em 1971, e Samba de roda, de 1974.


wikipédia

João Donato- Um ícone da MPB !

João Donato de Oliveira Neto (Rio Branco, 17 de agosto de 1934), mais conhecido apenas como João Donato, é um pianista, acordeonista, arranjador, cantor e compositor brasileiro.

Donato foi amigo de todos os expoentes do movimento bossanovista, como João Gilberto, Tom Jobim, Vinícius de Moraes e Johnny Alf, entre outros, mas nunca foi caracterizado unicamente como tal, e sim um músico muito criativo e que promove fusões musicais, de jazz e música latina, entre tantos outros. Na década década de 1950, João Donato se muda para os Estados Unidos onde permanece durante 13 anos e realiza o que nunca tinha conseguido no Brasil: reincorporar a musicalidade afro-cubana ao jazz. Grava o disco A Bad Donato e compõe músicas como "Amazonas", "A Rã" e "Cadê Jodel". Retorna ao Brasil, reencontra a música brasileira que estava sendo feita no país, mas não abandona sua paixão pela fusão entre o jazz e ritmos caribenhos. Como arranjador participou de discos de grandes nomes da MPB como Gal Costa e Gilberto Gil.

Entre as composições mais conhecidas do músico, estão: "Amazonas", "Lugar Comum", "Simples Carinho", "Até Quem Sabe" e "Nasci Para Bailar". Segundo o crítico musical Tárik de Souza: "Durante muito tempo, João Donato foi um mito das internas da MPB. Gênio, desligado, louco, de tudo um pouco.

Vida itinerante de uma bancária (XI)- Por Socorro Moreira

Maio de 1984

De Macaé, a bagagem foi mínima. Não comprei móveis. Fui hóspede !
Comprei passagem de ida Rio  X Porto Alegre, com escalas em S.Paulo, Florianópolis , e Porto Alegre. 
A volta seria quase o inverso , mas  houve a extensão , face ao novo destino :Mauriti !

Do Rio , passei por  Vitória do Espírito Santo, Ilheús , Salvador, Aracaju, Maceió, João Pessoa, Campina Grande e Mauriti. .... E o dinheiro acabou ! Ficou a entrada para um carrinho , Chevette Hatch, que paguei em leves prestações, por dois anos.
Queria ver o olhar  surpreso do meu pai, visitando novas paragens, pela primeira vez. Em cada lugar que chegávamos, ele escrevia cartões para a minha mãe. Sem dúvidas, meu pai, foi o grande companheiro da minha vida !
Gostávamos das mesmas músicas, da noite, e das coisas boas.
Em Curitiba  fizemos excursões para Paranaguá e Foz do Iguaçu. Ficamos na estrada, sem o casaco de frio, e sem as malas. Rimos bastante da situação. O casaco de couro tinha sido emprestado de um amigo, e deu trabalho encontrar um novo para substituí-lo.
Em Gramado não encontramos pousada . Tudo lotado.Arriscamos passar a noite num hospital central.
Ele fez amizade com uma enfermeira, e ganhou para o seu cigarro, uma garrafa térmica de café.Nas situações mais incómodas, ríamos  , e nos divertíamos !
Nos extasiamos com as Cataratas do Iguaçu, e com o por-de-sol, no Guaíba. 
Quando retornamos pelo Nordeste , já estávamos cansados de tanta orgia e beleza. 
A chegada em Mauriti foi tranquila !
Novamente me avizinhei das raízes. Todos os dias , depois do expediente, visitava o meninos , na casa da avó, e me encontrava no parque Municipal com os amigos, hoje ainda identificados ... Carlos Rafael , Geraldo Urano,Calazans, Pachelly, Normando , Salatiel,  e Nicodemos (que chegou do centro Sul para somar )! 
Por dois anos vivi  esse trânsito. 
Fiquei boa parte , substituindo o Gerente Geral , Nacélio Oliveira , que foi nomeado para outra cidade,até Rochinha chegar. Gente boa , cidadão do Crato !
Foi a experiência mais humana e apaixonante da minha vida de bancária. Financiávamos  roças de milho, feijão, algodão, e rezávamos com o agricultor  por chuva , em prol dos ganhos, e da boa safra.
Amei aquela gente  sofrida e de coração grande.
Apaixonei-me pela dor  humana.
Apaixonei-me, na verdade, em todos os sentidos !
Pelas artes, pelos amigos,  pela terra  , e por todas as suas potencialidades . Senti o Divino em mim !

Mas a vida me pedia estrada. Solicitei à Direção Geral , uma comissão de Supervisora, num lugar limítrofe  do País. Ela resp0ondeu-me  com uma nomeação para bela Vista- MS. Com o coração despedaçado, três filhos no colo, encaramos as estradas poeirentas do Mato Grosso  do Sul, até o destino final. Mas, Bela Vista, fica para  um próximo capítulo !

Labirintos - Por Ana Cecília S.Bastos

Falta-me o interlocutor.
O diálogo é entre sombras.
Estas se movem na noite
E seus gestos, no silêncio,
Compôem louca dança.
Frenesi insuspeito.
Vejo-me em labirintos.
Não conheço pai, mãe ou varão.
Estou imóvel e
Calo-me.