Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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terça-feira, 28 de setembro de 2010

Não posso viver sem você ! - por Socorro Moreira



Assim pensávamos, quando nos apaixonávamos.
Não valia  a declaração de amor, sem a promessa de que ele seria pra toda vida. 
E para dar maior ênfase, dizíamos , olhos nos olhos, voz emocionada e cheia   de medo:
-Não posso viver sem você !
Mas podíamos, porque a paixão terminava, as diferenças ficavam acentuadas, e tudo que um dos dois queria
era uma despedida sem traumas.
Impossível ! 
Um dos dois  tinha que sofrer e chorar, até que  o encontro de um novo amor lhes trazia o sorriso de volta.
Hoje eu sei o quanto era ilusória a paixão desenfreada, o amor imenso, e as promessas, sob impulso das emoções.
Hoje eu suavizaria o absurdo , e diria : 
Não posso te esquecer ! Vou gostar de você eternamente. 
E esse gostar, esse querer o bem, estar presente quando é lícito e é possível, é uma forma de amor, talvez a mais verdadeira !
O amor que encontra o caminho da harmonia , crescimento na compreensão , é deveras sábio, e abençoado ! 
Acho difícil a felicidade amorosa. Se existe amor ,ela é fato !
Quem sabe   alimentar um relacionamento, (pode até sofrer pequenas dores), sem perder a fé,  experimenta  a felicidade que todos procuramos , pelo menos por algum tempo : um amor para sempre !

O voto limpo - Emerson Monteiro

Diante das intransponíveis dificuldades para validar a lei da Ficha Limpa, só resta agora aos eleitores a responsabilidade direta pelo assunto e cuidar de limpar todas as impurezas do seu precioso voto já nas eleições do corrente ano.
Os pressupostos da chamada Ficha Limpa mexeram com previsões de antecipar em um ano a matéria de cunho eleitoral, gerando questionamentos desde os tribunais regionais até chegar ao Supremo.
Por essas e outras razões, porém, o escore apertado de 5 a 5, na votação dos ministros, bem demonstra o quanto custa reverter hábitos numa política dominada por caciques tradicionais aferrados ao comando.
Quando as forças em jogo dispuserem de energia suficiente para reformar as instituições políticas envelhecidas, só então haverá esperança de evoluir no voto com as mudanças para realizar o sonho da verdadeira democracia.
Enquanto não ocorrer, no entanto, caberá, mais do que nunca, aos eleitores escolher os candidatos dignos, bem preparados, honestos e trabalhadores.
Instrumentos básicos dos destinos nacionais, eles irão definir o futuro, nos vários setores da vida pública. Os escolhidos mandarão chuva durante quatro longos anos da paciência do povo. Chegarão ao trono cobertos das grandes oportunidades e dos maiores direitos. Achar-se-ão investidos na autoridade com imunidades, foros especiais e proventos generosos, à custa de uma nação pobre e cofres esvaziados.
Em qualquer outra situação, o mais modesto do eleitor estudaria com rigor, mediria, pesaria, examinaria, avaliaria como gosto suas preferências. No comércio, nas compras dos mercados, butiques, nos sacolões e freiras, restaurantes, bancas de revistas, locadoras, etc.
Nas cabines eleitorais, todavia, a situação ganha conotação de quem quer elevar alguém ao sétimo céu da política, ofertar cheques em branco, depositar noutras mãos valores morais e bons costumes, família, segurança, educação, alimentação, e muito mais.
Por isso, trate de exercitar a seleção dos seus candidatos com a vista descoberta, olhos de bom senso, no fiel cumprimento do dever e das leis da consciência, no justo do possível. Porquanto, seremos responsabilizados pelo bom andamento dos negócios democráticos conquistados ao preço das lutas heróicas das gerações que nos antecederam e nos confiaram à continuação dessa história de imensos valores positivos.

Miles Davis


Miles Dewey Davis Jr (Alton, 26 de Maio de 1926 — Santa Monica, 28 de Setembro de 1991) foi um trompetista, compositor e bandleader de jazz norte-americano.

Considerado um dos mais influentes músicos do século XX, Davis esteve na vanguarda de quase todos os desenvolvimentos do jazz desde a Segunda Guerra Mundial até a década de 1990. Ele participou de várias gravações do bebop e das primeiras gravações do cool jazz. Foi parte do desenvolvimento do jazz modal, e também do jazz fusion que originou-se do trabalho dele com outros músicos no final da década de 1960 e no começo da década de 1970.

wikipédia


Por Norma Hauer

27 DE SETEMBRO DE 1952
Mais uma vez, lembrando Francisco Alves.
Falei sobre ele em 19 de agosto, data de seu nascimento, mas quero relembrar o dia 27 de setembro de 1952, quando ele faleceu, de desastre automobilístico, na Rodovia Dutra,vindo de São Paulo.

No domingo, dia 28, todas as emissoras de rádio só transmitiram músicas cantadas por ele. Aguardava-se a chegada do que restou de seu corpo, para o sepultamento no dia seguinte.

Manhã de 2ª feira, 29 de setembro de 1952...Um grande féretro ( o primeiro em que se usou um carro do Corpo de Bombeiros) atravessa as ruas do Rio de Janeiro, da Cinelândia (Câmara Municipal) onde o que restou de seu corpo foi velado (havia morrido queimado) até o Cemitério São João Batista acompanhado de uma multidão a pé cantando...

"Adeus, adeus, adeus...
Cinco letras que choram
Num prelúdio de dor.
Adeus, adeus, adeus,
É como o fim de uma estrada
Cortando a encruzilhada.
Ponto final de um romance de amor.

Quem parte, tem os olhos rasos dágua
Ao sentir a grande mágoa
Por se despedir de alguém.
Quem fica, também fica chorando
Com o coração penando
Querendo partir também”

Foi no enterro de Francisco Alves que, pela primeira vez, a Câmara Municipal abriu seu salão para o velório de um cantor e foi também, o primeiro féretro realizado em um carro do Corpo dos Bombeiros, seguido com o povo a pé, até o Cemitério de São João Batista.
Foi algo inesquecível !
A forma como Francisco Alves morreu foi um choque para seus admiradores, que eram milhares.
Aqueles três dias, o sábado, o domingo e a segunda- feira transformaram o Rio na cidade de Francisco Alves.

Quando se esperava aquele momento em que "ao soarem os carrilhões dando as 12 badaladas, ao se encontrarem os ponteiros na metade do dia, os ouvintes se encontram com Francisco Alves -o Rei da Voz" ( como a locutora Lúcia Helena abria seus programas todos os domingos)o que se ouviu foram apenas discos.

Naquele domingo, 28 de setembro de 1952 as badaladas foram outras: transformaram-se em um grande requien.

Norma

Viver é preciso – Por Carlos Eduardo Esmeraldo.

“Navigare necesse: vivere non est necesse.”

Contrariando o general romano Pompeu Magnus, que viveu mais de meio século antes de Cristo e, derramou o seu latim com essa frase dita aos marinheiros que durante as guerras de conquista, tinham medo de entrar no mar para levá-lo à ilha da Sicilia, eu sinto que viver é preciso. Mesmo que para tanto, eu tenha que construir "pontes" e pavimentar novos caminhos. Somente é possível navegar, se houver vida. Mas viver, “não para gozar a vida, mas para engrandecê-la a serviço da evolução da humanidade", como diria o genial poeta português Fernando Pessoa. Viver nesse “vale de lágrimas” é bom demais e ninguém quer morrer. Todos pensam que a morte somente acontece aos outros. Mas poderemos adiar o nosso encontro definitivo com Deus.

A propósito desse assunto, ouvi muitas pessoas dizerem que cada um já nasce com o dia de sua morte marcado. Eu mesmo, durante muito tempo, acreditei nisso. Mas apesar das muitas surpresas que a vida nos reserva, hoje não penso mais assim. Por isso, valho-me de todos os meios que a medicina nos oferece para prolongar esta caminhada pelas estradas da vida, dom maravilhoso de Deus.

Outro dia ouvi de um dos defensores da tese do dia marcado, uma história interessante, que aqui deixo registrada para encerrar essa pequena reflexão, procurando alegrar os ânimos, quando nada, pelo menos o meu próprio estado de espírito.

Certo dia, ao despertar, um jovem de vinte anos ouviu a campainha de sua casa tocar e foi abrir a porta. Surpreendeu-se com a velhinha da foice, bastante autoritária, dizendo-lhe que aquele era o dia marcado para ele ir embora. Tentou argumentar, vivera tão pouco, o carnaval estava próximo. Pelo menos que ela o deixasse brincar seu último carnaval, implorou. A velhinha resolveu ligar seu celular e falar com o Superior lá de cima, pedindo a concessão de um prazo de 30 dias. Pedido atendido, como que por encanto, ela sumiu de sua frente. O rapaz pulou de alegria e pensou que na nova data ele iria driblar a velha Dona Morte pela segunda vez.

Na véspera do dia marcado, foi ao cabeleireiro e ordenou que raspasse toda sua vasta cabeleira à navalha. A cabeça ficou lizinha que dava gosto. No dia marcado, a Dona Morte foi a casa dele e alguém lhe informou que ele se encontrava num clube próximo. Então ela o procurou no meio da multidão que lotava os salões do clube, sem, contudo encontrá-lo. Olhou para um lado, para outro e afinal exclamou para si mesma. “É! O cara não está aqui não! Mas para não perder a viagem, eu vou levar aquele carequinha ali do meio, pois hoje é o dia dele”.

Pois é, esse nosso encontro fatal poderá ser adiado. Por via das dúvidas, eu estou até pensando em raspar a cabeça.

Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Criança na rua - Por Ana Cecília S.Bastos



Por que brinca você
nessa tristeza infinita da cidade ?

Não posso transpor essa ante-sala da
........................................esperança
que tão forte se delineia no cinza.

Não posso
e contudo me entrego nua
louca de desjo como nem sei
desse estranho
alvoroço.

A poesia de Everardo Norões


TRISTÃO

Em pé, ao sol e ao vento do sertão,
ele não se decompôs.
Pedro Nava (Baú de Ossos)

As palavras no alforje. E o rosário,
a escorrer das penas e dos dias.
O azul da barba lembra uma paisagem
onde campeiam cabras. E ramagens
desatam-se em sombras nas janelas.
A morrinha dos bichos. O mormaço,
trazendo o desespero, em vez de março:
um luto atravancando as taramelas.
A sela desapeada. E na garupa
do cavalo, a sentença das esporas.
Pendentes dos estribos, estão as horas,
relampejos de facas. E o sono da jurema.
O braço descarnado, o giz dos dentes,
e o olho além do corpo do poema.
No chão do meu degredo, sempre chão,
sete frases do ofício e um bordão.

Cravo-rosa - por Socorro Moreira



Parei em casa por dois dias seguidos. Sábado, empanturrei-me de doces, no aniversário de dois anos de Maria Clara. Linda festa ! Um desfile  maravilhoso de gatinhos entre  dois e   dez anos. Quantos aniversários de 15 anos, casamentos e batizados, ainda terei pela frente ?
Quantas datas, ainda terei pique para comemorar,  com doces e gente ?
Os anos passam , os círculos se renovam , e agora estou vivendo mais no futuro do que no presente. Fechei algumas janelas do passado, mas ficaram brechas no coração,  por onde espiono alguns amores e algumas lembranças.
Depois  que passa um tempo , a gente percebe quem fez a diferença. Quem foi amor  , quem foi amizade, e o sentimento de paixão que não vingou.
Chega um  tempo em que o coração se escancara, mas já não faz escolhas. Fica no limbo sentimental , sem ousar viver um inferno amoroso descompensado. E o paraíso? Ele  é um oásis , num deserto imaginário. Amor construção são pequenos abalos, alternados de orgasmos , que faz chorar, e sorrir. Que faz serenar e inquietar... Que faz pensar  que é como se fosse o primeiro, e será para sempre o  único.
Meu coração silencia  pequenas impressões, que não calam, nem falam .
O que foi, o que é, você, na minha história?
Um carinho , um cravo-rosa, um som diferente , que acalenta um coração minado ?
Que bom, quando uma relação não é finita. Começa  no anestésico, e  continua, num prazer infindo !

Socorro Moreira

Colaboração de Lídia Batista



"...Sabe o que eu quero
de verdade
É jamais perder a sensibilidade,
mesmo que às vezes
ela arranhe um pouco a alma.
Porque sem ela
não poderia sentir
a mim mesma.!"
.
( Clarice Lispector )


Sempre Crato!

Olhar o Crato de qualquer que seja o ângulo emociona...
É inegável o fascinio que nosso Vale exerce sobre os sentidos...

Por um dia maravilhoso!
Pela alegria !
Bom dia!

Foto de julho de 2010 - (na estrada do Arajara)

Abraço,

Claude Bloc