Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

DIÁLOGO ENTRE POEMAS

 Chagas postou um poema de Octávio Paz e cometi a ousadia de exercitar a intertextualidade (conversa entre textos) procurando não sair do ritmo nem do tom, mas enxugando a amargura expressa pelo autor.

Vejamos:
*Octávio Paz
*Claude Bloc

Dá-me, chama invisível, espada fria,
tua persistente cólera
para acabar com tudo,
ó mundo árido,
ó mundo exausto,
para acabar com tudo.
Dá-me a tua calma, tua palma
tua aparente agonia
para aliviar tua aflição
ó mundo ávido
 ó mundo atávico
para aliviar tua aflição.


Arde sombrio, arde sem chamas,
apagado e ardente,
cinza e pedra viva,
deserto sem beira.
Arde a alegria, arde em chamas
Acesa e ardente
Alegria em terra viva
Aberta, sem parelhas

Arde no vasto céu, laje e nuven,
sob a cega luz que desaba
entre estéreis rochas
Ardem os sorrisos, ternos, fagueiros
Sob os sonhos que despertam
Entre as férteis cercanias.

Arde na solidão que nos desfaz,
terra de pedra ardente,
de raízes congeladas e sedentas
Arde a saudade que se desfaz
Nos rios e nas suas nascentes
Nos sentimentos sensatos, iminentes

Arde, furor oculto,
cinza que enlouquece,
arde invisível, arde
Arde o amor oculto
Amor que enlouquece
Arde invisível, arde
como o mar impotente parindo nuvens,
onda como o rancor e espumas pétreas.
Entre meus ossos delirantes, arde;
arde na oquidão do ar,
forno invisível e puro;
arde como arde o tempo,
arde como arde a vida
como caminha o tempo entre a morte,
com seus mesmos passos e alento,
arde como a solidão que te devora,
arde em ti mesmo, ardor sem chama
arde a ansiedade e o  silêncio
arde a alegria e o lamento
solidão sem imagem, sede sem lábios.
Para acabar com tudo,
ó mundo árido,
para acabar com tudo.

Mas eis que os ventos mudam de repente
E nada mais será como era antes...
Volta o sorriso complacente
Arde a alegria nesse instante
E novamente brota a semente
E a felicidade tão somente.
Faz um tempo
que não tenho o aperto dos seus braços,
o calor do seu corpo.
Que não sinto sua respiração ofegante
e o sabor dos seus beijos molhados.
Procuro em vão
seus sussuros
e me entorpeço nas lembranças
com um desejo,
queimando meu corpo de prazer.
E na solidão,
toco as saliências devagar
em busca de carícias
desejando seu corpo outra vez.
Procuro sentir seu perfume,
seu suor,
seu cheiro nas cobertas.
Preciso de você.
Quero prender sua alma
em correntes de paixão,
quero sentir você.
Faz um tempo...

Preocupante esta nota jornalística, do Ceará Agora.

04/01/2011 - 14:30
Crato entre as cidades com risco muito alto na dengue, segundo Sesa
Por: Márcio Dornelles

O município do Crato está entre as cidades classificadas pela Secretaria de Saúde do Estado com o risco muito alto no mapa da dengue do Ceará. Em 2010, foram notificados no Crato 1.700 casos suspeitos de dengue, sendo 1.400 positivos.

A coordenadora do programa de combate à doença, Aline Franca, acrescenta que a preocupação é maior porque, com a chegada do período chuvoso, o risco de incidência aumenta. O maior número de focos, segundo a Secretaria de Saúde do Crato, está localizado nas residências da periferia. Estão mobilizados 196 agentes de saúde que realizam as ações preventivas em todos os bairros da cidade.

Do acordo com levantamento feito pela Secretaria da Saúde do Estado, dos 184 Municípios cearenses, 41 estão classificados com risco alto de epidemia em 2011 e 45 com risco muito alto. Na macrorregião do Cariri, são classificados como de risco alto os Municípios de Altaneira, Barbalha, Barro, Brejo Santo, Campos Sales, Cedro, Jardim, Jucás, Nova Olinda, Orós, Piquet Carneiro, Salitre e Santana do Cariri.

*Texto da correspondente Nina Luiza.

E eu escrevi no comentário que, nada contra o ungido secretário, mas que o Crato tem, de sobra, grandes profissionais na área de saúde pública e que, como cidadão, não entendi a preocupação do poder público local em escolha de gerência técnica para um pasta que requer conhecimento profissional de especificidade médica. E disse que, no Crato, as coisas parecem fora do lugar.

Nota !

Em 2011 , permaneço no Cariricaturas como eventual colaboradora.
Estamos todos em boas mãos , sob a administração de Claude Bloc.
Que o nosso blog continue primando pela harmonia e qualidade de pensamentos.
Abraços em todos os amigos leitores e colaboradores.


Socorro Moreira

“Àqueles que ...” - José Nilton Mariano Saraiva

...sempre se posicionam acima do bem e do mal.
...sempre desrespeitam as invidualidades.
...sempre priorizam o “ter” em detrimento do “ser”.
...sempre se portam como... “reis da cocada preta”.
UMA CERTEZA:
...sempre serão uns “vazios inconsequentes”.

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A Banca do Distinto
Dolores Duran - (Compositor: Billy Blanco )

Não fala com pobre, não dá mão a preto
Não carrega embrulho
Pra que tanta pose, doutor
Pra que esse orgulho
A bruxa que é cega esbarra na gente
E a vida estanca
O enfarte lhe pega, doutor
E acaba essa banca
A vaidade é assim, põe o bobo no alto
E retira a escada
Mas fica por perto esperando sentada
Mais cedo ou mais tarde ele acaba no chão
Mais alto o coqueiro, maior é o tombo do coco afinal
TODO MUNDO É IGUAL QUANDO A VIDA TERMINA
COM TERRA EM CIMA E NA HORIZONTAL

Acabar Com Tudo - Poema de Octavio Paz

Dá-me, chama invisível, espada fria,
tua persistente cólera
para acabar com tudo,
ó mundo árido,
ó mundo exausto,
para acabar com tudo.

Arde sombrio, arde sem chamas,
apagado e ardente,
cinza e pedra viva,
deserto sem beiras.

Arde no vasto céu, laje e nuven,
sob a cega luz que desaba
entre estéreis rochas

Arde na solidão que nos desfaz,
terra de pedra ardente,
de raízes congeladas e sedentas

Arde, furor oculto,
cinza que enlouquece,
arde invisível, arde
como o mar impotente parindo nuvens,
onda como o rancor e espumas pétreas.
Entre meus ossos delirantes, arde;
arde na oquidão do ar,
forno invisível e puro;
arde como arde o tempo,
como caminha o tempo entre a morte,
com seus mesmos passos e alento,
arde como a solidão que te devora,
arde em ti mesmo, ardor sem chama,
solidão sem imagem, sede sem lábios.
Para acabr com tudo,
ó mundo árido,
para acabar com tudo.

FALANDO DE FLORES - Por Edilma Rocha

                         LÍRIO - Lilium longiflorum - A flor Divina.
Celestial e cósmico é o Lírio.  A flor presente na visita do Arcanjo Gabriel à Virgem Maria, simboliza a pureza do coração. É também um prenúncio de boas-vindas. Usado na decoração de casamentos dando um toque de nobreza e sofisticação. Na antiga Grécia as noivas usavam uma coroa de Lírios como símbolo de pureza. Na Judeia eram conhecidos como " Dádivas da Natureza".

 Planta ornamental, chega a atingir 1,5m de altura. Originada da China.  Eterna inspiração de grandes pintores, o Lírio foi usado na obra "Anunciação" para simbolizar a virgindade de Maria. Jesus de acordo com o Evangelho segundo Mateus, teria dito no Sermão da Montanha : " Vejam como crescem os Lírios dos campos, eles não trabalham e nem fiam, no entanto eu vos digo que mesmo Salomão, em toda a sua glória, nunca esteve vestido como um deles". Na tradição católica, a flor também está ligada a Santo António e, portanto, ao casamento, à doçura, à inocência, à pureza da alma.


O Lírio floresce em Outubro e Novembro e tem uma variedade de cores. Egípcios e gregos usavam o Lírio, principalmente para uso externo, em queimaduras, ferimentos e úlceras. Por suas propriedades terapêuticas também era indicado para tratamentos de rugas e manchas da pele, dores de garganta, problemas renais e da vesícula.

                                                                                               Fonte : Jardim Interior - Denise Cordeiro

As companheiras respeitáveis do Aragão – Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Meu irmão Aílton tem um cunhado, Antônio Moreira Aragão, mais conhecido por Aragão, há vários anos residente na Bahia, onde parece haver criado juízo. Enquanto morou no Crato e em Fortaleza, Aragão foi uma fonte de preocupações para seus pais. Aprontou muito, tanto lá, quanto cá.
Como animador de festa, Aragão se transformava na própria festa. Sempre era arrodeado por crianças, que acompanhavam atentas às suas brincadeiras. Em certas ocasiões, ele se transformava em mágico, para encantamento de adultos e crianças.

Numa reunião de aniversário na casa de Aílton, Aragão fez sumir, como que por encanto, uma nota de cem cruzeiros amarrada em um lenço, à vista de todos os presentes. Depois desatava o lenço vazio. Como os mágicos profissionais, ele não deixava ninguém perceber como subtraíra a cédula de dentro do lenço antes de dar o nó. E todos procuravam onde estava a nota, principalmente o dono dela, no caso, o meu irmão Aílton, para em seguida encontrá-la repousando no bolso da calça do Aragão.
Certa vez, Aragão, recém-chegado de Fortaleza, saiu sozinho para se divertir no Aquarius, uma casa noturna do centro da cidade do Crato. Lá chegando, sentou-se a uma mesa, onde já se encontravam quatro adolescentes. Então começou a conversar com as meninas, num desembaraço sem igual, imitando um carioca e se dizendo recém-chegado do Rio de Janeiro. Uma delas, que ainda era criança quando Aragão saiu do Crato para Fortaleza, notou que ele não a havia reconhecido, e disse para as companheiras:
– Esse cara é um enrolão. Ele não é carioca coisa nenhuma. É um roedor de pequi aqui mesmo do Crato.
– Pô, você está muito enganada. Esta é a primeira vez que venho aqui nesta cidade. Não sei nem o que é essa coisa que você falou aí sobre roer. Você deve estar me confundindo com outra pessoa. – disfarçou o pseudo-carioca, procurando carregar mais ainda no sotaque.
– Que nada, você não me engana, não. Eu o conheço. Você é Antônio Aragão, filho de dona Ivone, que mora lá perto do Cine Moderno!
– Ai, é mesmo! – respondeu concordando, admirado e surpreendido pelo flagrante, o roedor de pequi.
Numa época em que a nossa sociedade era mais exigente na pureza da elite e na seletividade de seus membros, ter aceso a um clube social somente sendo sócio. Em dias de festa, era exigido traje passeio completo para os homens. O Crato Tênis Clube, réplica perfeita do Maguari em Fortaleza, realizava as mais memoráveis festas. A da Rainha do Algodão, então, era a mais concorrida.
Segundo meu irmão, que tomou conhecimento do fato algum tempo depois, numa dessas festas a rigor, Aragão saiu direto da boite de Glorinha, uma famosa casa de prostituição, onde se encontravam as mulheres de vida livre, porém não tão fácil, como se dizia. Lembrando-se da festa, convidou duas das mulheres daquela casa para o acompanharem até o Crato Tênis Clube. As mulheres, recém-chegadas da Bahia, aceitaram o convite, achando ser prova de muita consideração e uma delicadeza daquele jovem. Era uma dessas festas na qual a fina flor da sociedade cratense acorria. Ao tentar ingressar no clube, Aragão foi barrado pelo porteiro, que polidamente se dirigiu a ele pelo primeiro nome:
– Antônio, você pode entrar aqui a qualquer hora, mas elas duas não podem entrar.
– Por quê? – quis saber o cunhado do meu irmão.
– Porque estas duas donas que estão com você são suspeitas.
– Suspeitas, uma ova! Suspeitas são aquelas que estão aí dentro do clube. Estas duas aqui são mesmo! Não resta a menor dúvida! – falou indignado Aragão.
Após essa resposta, Aragão saiu com suas companheiras para o Restaurante do Ferrer, em Juazeiro, onde acontecia uma festa bem mais liberal.

Extraido de "Histórias que vi, ouvi e contei" de Carlos Eduardo Esmeraldo, Premius Editora, Fortaleza, 2005

A dor ensina a gemer - Emerson Monteiro

A infinita sabedoria dos povos, colhida numa única frase e no decorrer de tantas eras, apresenta lições que funcionam como remédio de curar as feridas do tempo. Diz São Paulo que ninguém deve confrontar as agulhadas recebidas (Não recalcitreis contra o aguilhão, nas suas palavras textuais, na Bíblia). Isto representa a necessidade de aceitar as contingências humanas quais instrumentos que levam a subir o caminho evolutivo cheio de segredos imensos.
Desesperar jamais, portanto. Integrar, nos elementos da história pessoal de cada um, desafios quais peças da engrenagem que trará crescimento individual. Mesmo porque, a revolta de nada serviria e ainda agravaria as circunstâncias que não pediram licença para vir a campo. Quem se desespera, ou se revolta, sofre de qualquer jeito, e agrava o sofrimento duas vezes, pelo sofrimento e pela ausência da conformação.
Há mistérios que exigem paciência e trabalho, na continuação de viver. Tocar adiante do jeito que as coisas chegarem, até conseguir respostas que satisfaçam as indagações, eis o modo responsável de vencer. Isto face ao que ensinam aqueles que amenizaram as dores com notícias inteligentes, a todo o momento que olharmos na estrada dos demais. Os sábios, santos, vitoriosos da nossa humanidade, buscaram responder às grandes questões da dor através do esforço íntimo de superar os obstáculos com carinho e aceitá-los feitos filhos de um Pai supremo que a tudo supervisiona. Irmã dor, considerava São Francisco de Assis. A religiosidade torna-se, nas horas críticas, bênçãos inigualáveis de cruzar os rios cheios das provas vivas.
Deus, o sagrado de todos nós, o símbolo máximo do coração das gentes, a Este, sim, devemos pedir com ânimo forte, no silêncio reverente dos santuários da existência, nas preces fervorosas que reduzirão, do jeito próprio, as maiores indagações de sentido para viver bem.
Abrir o espaço que só a Ele pertence dentro de nós e deixar, com tranquilidade, chegarem forças de aceitar o que nos reserva o calendário da busca espiritual. Pois o merecimento se apresenta a quem se permite receber. Nessa hora, a conformação iluminará a alma e os frutos do amor virão à tona tais milagres, traduzindo na paz o bem das melhores soluções.
Ao parar e olhar em volta é que se observa o tanto de oportunidades oferecidas aos que sofreram e souberam reunir as inúmeras aulas da humildade produzidas pelo sofrimento, e nos enriquecer do que mais precisamos para sobreviver, feitos superheróis de filmes e quadrinhos.
Por isto, pelos dons da superação que os protagonistas do drama existencial são capazes de vivenciar e disso tirar o sabor mais precioso, a consciência popular criou o conceito de que a dor ensina a gemer, uma filosofia capaz de preencher o vazio das dificuldades naturais com atitude corajosa e confiante.
Seiva
- Claude Bloc -

Muitas vezes me escondo
Me transformo
Me deleito
.
Sinto-me fluida
dentro da árvore,
em seu oco,
em seu silêncio.

Outras vezes sou seiva,
estou nas sementes.

Meus pés se misturam com as raízes,
caminham dentro da terra,
reconhecem nela o rumor do tempo
na noite subterrânea.
.
Meus braços balançam no espaço
são galhos,
minhas mãos se espalmam
saboreando o vento
bebendo-lhe o frescor:

eu e a árvore
o mesmo pensamento.
A imobilidade frágil das horas
A vida, os sonhos.

Claude Bloc