Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Show da banda Al Capone Tá Bebo: sexta, 28

Al Capone não vê mais sentido em armar o circo para os outros. Agora Al Capone quer diversão e rock’n’roll. Na presente data Al Capone não quer resgatar nem cultura e nem arte. Isso não é problema dele. AL Capone não pertence a nenhuma ONG; a nenhuma milícia; a nenhum coletivo; e muito menos a nenhum fundamentalismo religioso. Al Capone não reconhece nenhuma espécie de gueto e acredita que as fronteiras devem ser destituídas de seus ícones, dos seus poderes e de suas glórias. Enquanto isso ele está lendo, nas horas sagradas do banheiro, uma tese sobre o poder enigmático das páginas de relacionamentos sociais na rede mundial de computadores. Diante da pós-modernidade e da horda constante de imigrantes tudo anda meio confuso e reduplicado. Assim, Al Capone não encontra sobriedade suficiente na realidade nem mesmo para conceituar o que é patrimônio da humanidade, mas ele se sente como tal. Essa é uma urgência, a outra é tocar rock’n’roll e se divertir muito no circo armado pelos outros.


Banda Al Capone Tá Bebo: show imperdível

A Importância do Ato de Ler‏ - Por Paulo Viana


O mundo é a expressão da Natureza, sua linguagem, mensagens, discurso, enfim, a forma como ela se comunica. Nós humanos, embora façamos parte dessa expressão, temos a capacidade de decodificar esses dados sensíveis, para, não só enxergá-los, mas compreendê-los. Portanto, temos a capacidade de ler o mundo.

Considerando, no entanto, que essa leitura, em um primeiro momento, é muito limitada, faz-se necessária a complementação dela através da interpretação dos outros, para, em um consenso de várias impressões, ter-se a melhor leitura possível.

A melhor leitura possível vem com a inclusão dos sentimentos, da experiência, a sensibilidade e profundidade inerentes a cada um. Cada visão é enriquecida pelas outras, acumulando informações, ampliando contextos, incrementando conhecimentos, revelando segredos, acrescentando, sobretudo, à expressão da natureza, a forma como os humanos a recebem e a transmitem.

E assim nasceu a escrita. O registro da experiência intelectual e emocional, em sua forma original, sem as perdas da oralidade, servindo definitivamente como reserva de aprendizado, documentação histórica e informações que facilitariam a vida de todos.

Leio o mundo, em minha individual capacidade. Preciso ler o mundo lido também por outros. Por isso é importante ler. Estimular o intelecto, o pensamento, a imaginação. Incutir na alma o desejo de evoluir, de saber, compreender, descobrir, realizar e, principalmente, sentir.

Ler é quase uma necessidade natural. É um alimento indispensável ao espírito. Sem leitura o espírito é ansioso, faminto, grudado na superfície, como uma pedra, que, em sua imobilidade, necessita de forças alheias para movê-la. Falta-lhe a liberdade. É dependente da energia e do saber de outros. Está, permanentemente, suscetível ao engano.

Uma das mais maravilhosas criações dos homens é a literatura. A história, a ficção, os estudos científicos, a mitologia e a poesia. A trajetória humana, em sua amplitude de sentimentos, de feitos, de desejos e realizações. A grandeza, as contradições, as epopéias, as sagas de toda a civilização em seu transcurso pelas linhas do tempo. Todo um complexo de alimentos para o engrandecimento da alma. Ler é procurar-se no mundo e encontrar-se em si mesmo.

Paulo Viana

Curimã


Zé Curimã, matuto do pé rachado, começou a sentir umas coisas estranhas quando ia para roça. Pelo olho direito via a imagem duplicada. No início, até brincava, apontando para o órgão defeituoso: “Este olho aqui é para cubar moça bonita e receber o apurado do patrão no fim de semana”. Com o passar dos dias, no entanto, começou a se preocupar: a vista começou a ficar meio borrada e depois de umas três topadas em bico do toco, no roçado, resolveu procurar ajuda. Morava nos canfundós do Judas, numa cidadezinha do Rio Grande do Norte, de nome poético e voluptuoso : Caiçara do Rio do Vento. Dirigiu-se ao boticário Filismino, homem versado nos mistérios das raízes de pau e contou suas queixas. O homem lhe receitou uma garrafada que englobava um sem número de meizinhas : malva, jalapa, boldo, carqueja, jurubeba,alecrim, alfavaca,arnica, babosa, capim santo, marcela, meio litro de aguardente, tudo isso colocado junto em uma garrafa e enterrado no chão por quatro dias. Depois de exumada a beberagem foi tomado parcimoniosamente em jejum: uma colherinha no primeiro dia, duas no segundo, três no terceiro, indo num crescendo até o nono dia, quando deveria fazer o movimento contrário pelo mesmo período, subtraindo uma medida do medicamento a cada tomada. Curimã assim o fez, mas ao final, sabe-se lá porque, não teve melhora. Valeu-se, então, de um sobrinho que trabalhava em Recife e para lá partiu, pegando carona em caminhões, até que, uns cinco dias depois, chegou à Veneza Brasileira. Quase não encontra a casa do parente que se escondia em Brasília Teimosa.

Valderedo, o sobrinho, já vivia há mais de dez anos por lá e era fiteiro com uma pequena banquinha próximo ao Mercado São José. Versado nos ínvios caminhos da pobreza, encaminhou Curimã ao Hospital Pedro II que , na época, era o hospital escola da Universidade Federal de Pernambuco. Zé , talvez por conta do estranho da sua doença, teve um atendimento muito humanizado. Os estudantes o internaram e começaram a fazer uma quantidade enorme de exames, até chegar ao diagnóstico. Um tumor benigno que comprimia o nervo óptico do lado direito e que precisava ser operado. Zé teve a sorte de ter como neurocirurgião a sumidade nordestina da época : Dr. Manoel Caetano de Barros. Recuperou-se bem e uns dois meses depois Valderedo o encaminhou de volta à sua Caiçara.

Lá chegou um pouco mais magro e mais falante, com o cocuruto ainda pelado, mas já empenando. Cidadezinha sem meios de comunicação, rapidamente Curimã se transformou na celebridade do lugar : uma espécie de Neymar na Vila Belmiro. Recolheu-se um pouco, fez mistério, mas à noite, não pode resistir à tietagem. Reuniu uma centena de curiosos no oitão da casa e começou a narrar sua peregrinação às terras de Manuel Bandeira. Botou um pouco de tempero na história, exagerou daqui, esticou dacolá. Às duas horas da manhã não tinha chegado nem em Recife ainda. A seção foi então suspensa e, no dia seguinte, reabriram-se os trabalhos, com a mesma audiência. Como não temos a intenção de fazer um romance, vamos resumir a história de Curimã, centrando no mais interessante do relato: os detalhes da investigação diagnóstica e do tratamento.

Curimã necessitou fazer vários exames especializados. Dentre eles, uma punção na coluna para recolher e estudar o líquido que por ali existe e que tem o nome complicado de Céfalo-Raquidiano. Assim descreveu Zé , suas agruras naquele dia, para uma platéia volumosa e boquiaberta.

--- Me botaram dobrado dentro de uma cumbuca. Aí chegou um carcará com uma suvela e começou a enfiar no meu cangote, sem pena, meu sinhô!Parecia que enviava a gaita em saco de milho. Vuco-vuco-vuco ! Só não caguei porque não tinha merda pronta! Quando ele parou, pensei que tinha acabado , mas nada ! Começou a chupar um negócio do meu Tum-tum, tanto, tanto que até os cabelos arrepiados se pentearam em procura do xunxo! Quando terminou parece que eu tinha botado Brilhantina Glostora na cabeleira !

No dia seguinte, Curimã foi encaminhado a uma Clínica Radiológica especializada em exames neurológicos. Fico na sala de espera, meio cabreiro, observando a clientela: um com a boca torta, outro com a banda morta, aquele cego, este mouco, aquele tresvariando. Pelo carrego dos companheiros imaginou que sua situação não era das melhores. Lá para as tantas, saiu uma mocinha numa maca, da sala de radiologia, toda se contorcendo, em plena crise convulsiva. Zé, espantado, fez a pergunta que lhe pareceu mais cabível naquelas horas:

--- Espere ! Todo que entra lá dentro, sai assim ?

Curimã teceu loas intermináveis ao Dr. Manoel Caetano. Aquilo sim é que era um médico ! Salvou minha vida, sem qualquer pagamento! Deus te dê fartura e felicidade e te livre do mal vizinho! Perguntado como estava pela multidão de curiosos, disse que estava muito bem, graças a Deus e ao Dr. Manoel Caetano. Precisava agora só pagar a promessa que havia feito com os Nove Reis Magros. Algum dos circunstantes achou aquilo estranho :

--- Ainda bem que você se recuperou, Zé ! Devia ser muito chato aquilo de tá vendo tudo duplicado. Mas você não tá enganado, rapaz ? Os Reis Magros são apenas três !

--- Três ? Mas rapazes , é mesmo ? Pois acho que foi isso! Eu tava vendo tudo dobrado, pois depois da cirurgia do Dr. Manoel Caetano , curei : comecei a ver tudo triplicado !

J. Flávio Vieira

CONVITE - União das Associações dos Filhos e Amigos do Cariri em Fortaleza

 CONVITE

A União das Associações dos Filhos e Amigos do Cariri convida Vossa Senhoria e Excelentíssima família para o II ENCONTRO (BAILE DE CONFRATERNIZAÇÃO)

Data: 05.11.2011
Local: Náutico Atlético Cearense
Hora: 22:00h
Banda: Brasas Seis
Convite: R$ 15,00

Contatos:

Wagner Dantas - 9603-2220
Wilton Soares(DEDÊ) (85) 9613-3936
Pedro Jorge: 8785-6582
José Alexandre:8872.8308
Delano Freitas: 9903.2283
Paceli Luna:8895.9032
Leto Rocha: 9603.0750

PRESSÁGIOS - a Exposição de Bruno Pedrosa no Espaço Cultural UNIFOR

O momento foi de alegria pura. Bruno Pedrosa repartiu-se entre sorrisos e atenções. Vindo da Itália, debulhou suas obras mais recentes entre os que admiram sua arte e aportou em Fortaleza para essa exposição denominada "PRESSÁGIOS". 

Até dezembro, seus trabalhos estárão expostos no Espaço Cultural da UNIFOR. Portanto, ainda será possível, para quem não viu a mostra de sua arte, ter a oportunidade de apreciar os trabalhos abstratos, banhados das cores quentes que percorrem a alma desse sempre nordestino - Bruno Pedrosa.

Admiração e respeito pelo trabalho no corredor do tempo
A sempre presente Ignez Fiuza

O entusiasmo de Bruno Pedrosa
George Macário e João Cândido Portinari
A reflexão diante da obra
A amizade de sempre - Edilma e Bruno Pedrosa - dois artistas plásticos irretocáveis
A admiração evidente pelo trabalho de um gigante em seus Presságios


Claude Bloc

Junto com Kadhafi quem mais morrerá? José do Vale Pinheiro Feitosa

De todas as conveniências e soluções que o assassinato de Muammar Kadhafi resultar, uma é inegável. Existe uma população armada pelas potências ocidentais, Europa, mais a Inglaterra e os EUA. A morte de Kadhafi foi uma ação de intervenção estrangeira na Líbia.

A intervenção estrangeira foi executada pelos povos mais envolvidos neste tipo de ação desde o século XV. A base do colonialismo é Européia e a estrutura do imperialismo é da junção pós-segunda guerra dos EUA com a Europa ocidental, até o fim da União Soviética.

A destruição física da Líbia promovida pela OTAN e com o armamento entregue aos rebeldes por ela não é um capítulo terminal de uma ditadura. Pelo contrário é o capítulo mais evidente do princípio de guerras em consequência da crise do capitalismo. Quem acompanhou o fim das colônias na África e os movimentos de libertação da Ásia bem sabe o quanto são processos destrutivos e pendulares. Situações políticas contraditórias se sucedem em hegemonia em questão de horas.

A morte de Kadhafi já deu o réquiem deste momento: o assassinato dos inimigos políticos do império. Só em 2011 os EUA e a Europa estiveram envolvidos em três grandes e evidentes assassinatos. Esta prática pode se ampliar de modo a tornar a política algo parecido com as máfias em luta. Nada impede, por exemplo, que um presidente americano ou europeu sofra atentado.

O outro lado é o cinismo que todo assassinato “mafioso” trás e o quanto afasta a sociedade da democracia e da construção de síntese nos ambientes contraditórios. Ora a morte comemorada do inimigo é a mesma comemorada pelo inimigo sobre nossos mortos. Quem não tem medida para evitar tais assassinatos, sabe disso tudo, resta-lhe o cinismo.

Querem observar algo cínico? A Arábia Saudita e o Marrocos, alguém tem visto alguma catilinária televisiva ou jornalista contra tais regimes? Está bem podem alegar que o povo não se encontra nas ruas, mas o Yemen? Qual a razão da sobrevivência do regime? Há uma aliança entre EUA e o regime, tai a morte eleitoral daquele líder da Al Qaeda. As imagens na televisão são absolutamente cínicas: a multidão na rua e o presidente restabelecido dos tiros levados, cercado por uma enorme assembléia de membros do regime.

Retornando ao efeito pendular e instável desta ordem. Como ficam os interesses da China, do Brasil e de muitos outros países que foram estimulados a investir na unidade territorial e produtiva da Líbia? Vão ter que pagar pedágio para Europeus e Americanos? E aí todo mundo vai aceitar barato tais medidas?

Quem acompanhou toda emergência do fim destes regimes fechados e a longo prazo, especialmente em populações ávidas por uma boa qualidade de consumo, sabe o quanto são instáveis. Existe em todo o norte da África, a rondar as forças em luta, a possibilidade que desta primavera logo surja um outono, com o crescimento de regimes religiosos fundamentalistas. A possibilidade de regimes autoritários de viés fascista aumenta muito nestes momentos. Além, é claro, uma desagregação nacional como ocorreu na Somália, por exemplo.