Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Vem aí o Cariri Cangaço 2013 !


Foi dada a largada para o Cariri Cangaço 2013. O evento que se configura como o maior de todo o Brasil envolvendo a temática do cangaço, reunirá um número jamais visto de estudiosos, pesquisadores, escritores, historiadores, dentre muitos outros profissionais interessados neste que é, um dos fenômenos  mais intrigantes da história do nordeste; segundo o assessor de mídias digitais e marketing do Cariri Cangaço, jornalista Heldemar Garcia, o número de presenças no evento em 2013 “deve chegar de 150 a 170  personalidades de todo o Brasil , pessoas envolvidas no universo da pesquisa do cangaço, um numero realmente surpreendente e nunca visto em nada parecido no país inteiro, é sensacional”. 

Para o Curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo esse número “reflete a credibilidade alcançada pelo evento em todo o Brasil e também fora do país, pois estaremos recebendo pesquisadores do exterior esse ano, graças ao trabalho dedicado de uma grande equipe, primeiro das cidades anfitriãs de nosso Cariri e também do apoio das Organizações envolvidas”. O certo é que mais uma vez o cariri cearense estará recebendo visitantes de todo o país e que durante 6 dias estarão em nossa região, além de participando do Cariri Cangaço, conhecendo o que de melhor temos e fazemos, gerando riqueza e consolidando também o Turismo de Conhecimento.

O Cariri Cangaço acontece nos dias 17 a 22 de setembro de 2013 e terá como palco as cidades de Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha, Missão Velha, Aurora, Barro e Porteiras; para o Vice-Presidente do GECC, Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará, pesquisador Bosco André, “um ponto importante do Cariri Cangaço é perceber o grande trabalho de integração entre todos os municípios, hoje  são  sete  cidades e já temos Lavras da Mangabeira e Brejo Santo ensaiando uma participação. Acho que nenhum outro Projeto tem essa capilaridade e esse nível de trabalho em conjunto em nosso cariri”. 

Todo o trabalho de construção e formatação do evento, a programação, as conferências, os convidados, as visitas técnicas, os debates e todas as novidades do Cariri Cangaço, vc acompanha aqui, através deste  Cariricaturas ou visitando: 

www.cariricangaco.com

Cariri Cangaço - Redação

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Festival, Cordas Ágio, por Pachelly Jamacaru

Belíssimo Concerto para "todas as idades", aconteceu ontem no Teatro Municipal com os Alunos-Mestres do Pe. Ágio a quem fora prestada a devida homenagem! Um desfile de talentos Clássicos e Populares. O que de mais importancia ressaltar... A valorização do repertório dando ênfase às músicas dos artistas do Cariri. Bravôoooo!

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

NOTICIA DO JORNAL "O POVO" NOS IDOS DE 1930


 
A palavra de Lampeão, o monarcha selvagem dos sertões

Os dados e as informações sobre que escrevemos esta reportagem foram colhidos do próprio Lampeão pelo sr. José Alves Feitosa, que há semanas, no alto sertão, com elle conversou demoradamente.

Offerecendo à A Noite essas notas interessantíssimas, o sr. Feitosa, offertamo-la, nós, aos nossos gentilíssimos leitores, a quem não queremos mais poupar o prazer curioso de sentir um bocado da psychologia pittoresca e da vida romanesca do jaguar terrivel dos sertões.


NO PÉ DA SERRA

Cabia o crepusculo sobre o escampado arido e esbrazeado daquelle recanto sertanejo do Estado do Ceará, no pé da serra do Araripe: o engenho de rapadura Boa-Vista, a cinco léguas da cidade de Missão Velha, quando o sr. José Alves Feitosa ali chegou.

Um crepusculo doloroso, sertanejo, manchando a paisagem de sombras e difundindo uma melancolia por tudo...
Gentis e acolhedores, os senhores de engenho o receberam, prodigalisando-lhe o conforto de uma hospedagem, onde elle repousaria da viagem exaustiva.
Ahi, foi que se aproximou de Lampeão.
Este assomara à porta, desarmado, fitando o recem-chegado, que o interpellou logo:
- É o capitão Virgulino Ferreira?
- Às suas ordens.
- Já o conhecia através de photographias.
- Ah? Foram esses retratos, de que o sr. fala, que me inutilisaram. Si não tivesse deixado phopographar-me, seria desconhecido e já poderia ter desaparecido, sumindo-me no mundo, indo para longe, ganhar a vida tranquilamente, sem attribulação dessa angustia constante de ser perseguido.
- E o sr. é perseguido? Dizem na capital que a polícia...
- ... não persegue, porque sou amigo dos officiais. É verdade, mas, ainda assim, as trahições, o sr. comprehende.
No anno passado, Isaias Arruda, meu grande amigo, chefe politico cearense, surpreendeu-me numa localidade deste Estado com um cerco policial terrivel, de que me livrei não sei como.
Estas cousas são que magoam...
Uma trahição, o diabo!
Gosto dos officiaes e odeio os chefes de policia.
Não é verdade que eu haja emboscado, para matar ao dr. Eurico Souza Leão. Ignorava que esse chefe de policia viajava, naquelle tempo, pelo sertão...
Se soubesse, com franqueza, eu teria aventurado...
- Como foi assassinado seu irmão?
- É invenção. Elle não foi morto. Está são, vivo e bolindo.
Aquillo foi brincadeira "só para atrapalhar"...
- E Sabino?
- A mesma coisa.
Está vivo, no Riacho do Navio, à frente de alguns homens. Vou encontrar-me, agora, com elle.
- Disse-me, ha pouco, que se pudesse abandonaria o cangaço...
- Sim. Por porque eu não vivo a vida do cangaço, por maldade minha.
É pela maldade dos outros. Dos homens que não têm a coragem de lutar corpo a corpo como eu e vão matando a gente na sombra, nas tocaias covardes.
Tenho que vingar a morte dos meus paes. Era meninote quando os mataram. Bebi o sangue que jorrava da pelle de minha mãe, e beijando-lhe a boca fria e morta, jurei vinga-la...
É por isso, que de rifle de costas, cruzando as estradas do sertão, deixo um rastro sangrento a procura dos assassinos de meus paes.
(...)
É por isso que eu sou cangaceiro.
Não sei quando hei de deixar os horrores desta vida, onde o maior encanto, a maior belleza seria extinguir a maldade daquelles que roubaram a vida de minha mãe e de meu pae a de minhas irmãs.
Dizendo isto, Lampeão ergueu-se, tomando o chapéo.
Despediu-se do nosso informante.
À porta um seu companheiro o "arreou", isto é, entregou-lhe as cartucheiras e o mosquetão, um fuzil Mouser cortado na extremidade do cano.
Apertando as mãos hospitaleiras de Rosendo, o dono da rustica engenhosa, o monarcha sanguinolento dos sertões tomou a estrada poeirenta para as incertezas do seu destino.
Deante da maravilha da vida de Lampeão cheia de episodios romanescos e impressionantes como aquelle em que ha a scena commovente e soberba do juramento sobre a bocca hirta de uma mãe, quem ousará atirar a primeira pedra sobre o quadrilheiro immortalisado nas chronicas sangrentas do sertão?

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COPIADO DO BLOG CARIRICANGAÇO.BLOGSPOT.COM

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

POR QUÊ A REPUBLICA? TEXTO I


A Proclamação da República Brasileira foi um levante político-militar ocorrido em 15 de novembro de 1889 que instaurou a forma republicana federativa presidencialista de governo no Brasil, derrubando a monarquia constitucional parlamentarista do Império do Brasil e, por conseguinte, pondo fim à soberania do imperador Pedro II. Foi, então, proclamada a República dos Estados Unidos do Brasil.
A proclamação ocorreu na Praça da Aclamação (atual Praça da República), na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Império do Brasil, quando um grupo de militares do exército brasileiro, liderados pelo marechal Deodoro da Fonseca, destituiu o imperador e assumiu o poder no país.
Foi instituído, naquele mesmo dia 15, um governo provisório republicano. Faziam parte, desse governo, organizado na noite de 15 de novembro de 1889, o marechal Deodoro da Fonseca como presidente da república e chefe do Governo Provisório; o marechal Floriano Peixoto como vice-presidente; como ministros, Benjamin Constant Botelho de Magalhães, Quintino Bocaiuva, Rui Barbosa, Campos Sales, Aristides Lobo, Demétrio Ribeiro e o almirante Eduardo Wandenkolk, todos membros regulares da maçonaria brasileira.

A Situação Política do Brasil em 1889O governo imperial, através do 37º e último gabinete ministerial, empossado em 7 de junho de 1889, sob o comando do presidente do Conselho de Ministros do Império, Afonso Celso de Assis Figueiredo, o Visconde de Ouro Preto, do Partido Liberal, Proclamação da República do Brasil
A Proclamação da República Brasileira foi um levante político-militar ocorrido em 15 de novembro de 1889 que instaurou a forma republicana federativa presidencialista de governo no Brasil, derrubando a monarquia constitucional parlamentarista do Império do Brasil e, por conseguinte, pondo fim à soberania do imperador Pedro II. Foi, então, proclamada a República dos Estados Unidos do Brasil.
A proclamação ocorreu na Praça da Aclamação (atual Praça da República), na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Império do Brasil, quando um grupo de militares do exército brasileiro, liderados pelo marechal Deodoro da Fonseca, destituiu o imperador e assumiu o poder no país.
Foi instituído, naquele mesmo dia 15, um governo provisório republicano. Faziam parte, desse governo, organizado na noite de 15 de novembro de 1889, o marechal Deodoro da Fonseca como presidente da república e chefe do Governo Provisório; o marechal Floriano Peixoto como vice-presidente; como ministros, Benjamin Constant Botelho de Magalhães, Quintino Bocaiuva, Rui Barbosa, Campos Sales, Aristides Lobo, Demétrio Ribeiro e o almirante Eduardo Wandenkolk, todos mehttp://psgnutricaoecia.blogspot.com.br/2010/06/bandeira-por-4-dias.htmlmbros regulares da maçonaria brasileira.

A Situação Política do Brasil em 1889O governo imperial, através do 37º e último gabinete ministerial, empossado em 7 de junho de 1889, sob o comando do presidente do Conselho de Ministros do Império, Afonso Celso de Assis Figueiredo, o Visconde de Ouro Preto, do Partido Liberal, percebendo a difícil situação política em que se encontrava, apresentou, em uma última e desesperada tentativa de salvar o império, à Câmara-Geral, atual câmara dos deputados, um programa de reformas políticas do qual constavam, entre outras, as medidas seguintes: maior autonomia administrativa para as províncias, liberdade de voto, liberdade de ensino, redução das prerrogativas do Conselho de Estado e mandatos não vitalícios para o Senado Federal. As propostas do Visconde de Ouro Preto visavam a preservar o regime monárquico no país, mas foram vetadas pela maioria dos deputados de tendência conservadora que controlava a Câmara Geral. No dia 15 de novembro de 1889, a república era proclamada.
A Perda de Prestígio da Monarquia Brasileira
Muitos foram os fatores que levaram o Império a perder o apoio de suas bases econômicas, militares e sociais. Da parte dos grupos conservadores pelos sérios atritos com a Igreja Católica (na "Questão Religiosa"); pela perda do apoio político dos grandes fazendeiros em virtude da abolição da escravatura, ocorrida em 1888, sem a indenização dos proprietários de escravos.
Da parte dos grupos progressistas, havia a crítica que a monarquia mantivera, até muito tarde, a escravidão no país. Os progressistas criticavam, também, a ausência de iniciativas com vistas ao desenvolvimento do país (fosse econômico]], político ou social), a manutenção de um regime político de castas e o voto censitário, isto é, com base na renda anual das pessoas, a ausência de um sistema de ensino universal, os altos índices de analfabetismo e de miséria e o afastamento político do Brasil em relação a todos demais países do continente, que eram republicanos.
Assim, ao mesmo tempo em que a legitimidade imperial decaía, a proposta republicana - percebida como significando o progresso social - ganhava espaço. Entretanto, é importante notar que a legitimidade do Imperador era distinta da do regime imperial: Enquanto, por um lado, a população, de modo geral, respeitava e gostava de dom Pedro II, por outro lado, tinha cada vez em menor conta o próprio império. Nesse sentido, era voz corrente, na época, que não haveria um terceiro reinado, ou seja, a monarquia não continuaria a existir após o falecimento de dom Pedro II, seja devido à falta de legitimidade do próprio regime monárquico, seja devido ao repúdio público ao príncipe consorte, marido da princesa Isabel, o francês Conde D'Eu).
Embora a frase de Aristides Lobo (jornalista e líder republicano paulista, depois feito ministro do governo provisório), "O povo assistiu bestializado" à proclamação da república, tenha entrado para a história, pesquisas históricas, mais recentes, têm dado outra versão à aceitação da república entre o povo brasileiro. É o caso da tese defendida por Maria Tereza Chaves de Mello (A República Consentida, Editora da FGV, EDUR, 2007), que indica que a república, antes e depois da proclamação, era vista popularmente como um regime político que traria o desenvolvimento, em sentido amplo, para o país.

Antecedentes da Proclamação da RepúblicaA partir da década de 1870, como consequência da Guerra do Paraguai (também chamada de Guerra da Tríplice Aliança) (1864-1870), foi tomando corpo a ideia de alguns setores da elite de alterar o regime político vigente. Fatores que influenciaram esse movimento:
• O imperador dom Pedro II não possuía filhos, apenas filhas. O trono seria ocupado, após a sua morte, por sua filha mais velha, a princesa Isabel, casada com um francês, Gastão de Orléans, Conde d'Eu, o que gerava o receio em parte da população de que o país fosse governado por um estrangeiro.
• O fato de os negros terem ajudado o exército na Guerra do Paraguai e, quando retornaram ao país, permaneceram como escravos, ou seja, não ganharam a alforria de seus donos.

A Crise Econômica
A crise econômica agravou-se em função das elevadas despesas financeiras geradas pela Guerra da Tríplice Aliança, cobertas por capitais externos. Os empréstimos brasileiros elevaram-se de 3 000 000 de libras esterlinas em 1871 para quase 20 000 000 em 1889, o que causou uma inflação da ordem de 1,75 por cento ao ano.

A Questão Abolicionista
A questão abolicionista impunha-se desde a abolição do tráfico negreiro em 1850, encontrando viva resistência entre as elites agrárias tradicionais do país. Diante das medidas adotadas pelo Império para a gradual extinção do regime escravista, devido a repercussão da experiência mal sucedida nos Estados Unidos de libertação geral dos escravos ter levado aquele país à guerra civil, essas elites reivindicavam do Estado indenizações proporcionais ao preço total que haviam pago pelos escravos a serem libertados por lei. Estas indenizações seriam pagas com empréstimo externo.
Com a decretação da Lei Áurea (1888), e ao deixar de indenizar esses grandes proprietários rurais, o império perdeu o seu último pilar de sustentação. Chamados de "republicanos de última hora", os ex-proprietários de escravos aderiram à causa republicana.
Na visão dos progressistas, o Império do Brasil mostrou-se bastante lento na solução da chamada "Questão Servil", o que, sem dúvida, minou sua legitimidade ao longo dos anos. Mesmo a adesão dos ex-proprietários de escravos, que não foram indenizados, à causa republicana, evidencia o quanto o regime imperial estava atrelado à escravatura.
Assim, logo após a princesa Isabel assinar a Lei Áurea, João Maurício Wanderley, Barão de Cotegipe, o único senador do império que votou contra o projeto de abolição da escravatura, profetizou:
"A senhora acabou de redimir uma raça e perder um trono!" (Barão de Cotegipe)
A Questão Religiosa
Desde o período colonial, a Igreja Católica, enquanto instituição, encontrava-se submetida ao estado. Isso se manteve após a independência e significava, entre outras coisas, que nenhuma ordem do Papa poderia vigorar no Brasil sem que fosse previamente aprovada pelo imperador (Beneplácito Régio). Ocorre que, em 1872, Vital Maria Gonçalves de Oliveira e Antônio de Macedo Costa, bispos de Olinda e Belém do Pará respectivamente, resolveram seguir, por conta própria, as ordens do Papa Pio IX, não ratificadas pelo imperador e pelos presidentes do Conselho de Ministros, punindo religiosos ligados à maçonaria.
D. Pedro II, aconselhado pelos maçons, decidiu intervir na questão, solicitando aos bispos que suspendessem as punições. Estes se recusaram a obedecer ao imperador, sendo condenados a quatro anos de trabalho braçal (quebrar pedras). Em 1875, graças à intervenção do maçom Duque de Caxias, os bispos receberam o perdão imperial e foram colocados em liberdade. Contudo, no episódio, a imagem do império desgastou-se junto à Igreja Católica.

A Questão Militar
Os militares do Exército Brasileiro estavam descontentes com a proibição, imposta pela monarquia, pela qual os seus oficiais não podiam manifestar-se na imprensa sem uma prévia autorização do Ministro da Guerra. Os militares não possuíam uma autonomia de tomada de decisão sobre a defesa do território, estando sujeitos às ordens do imperador e do Gabinete de Ministros, formado por civis, que se sobrepunham às ordens dos generais. Assim, no império, a maioria dos ministros da guerra eram civis.
Além disso, frequentemente os militares do Exército Brasileiro sentiam-se desprestigiados e desrespeitados. Por um lado, os dirigentes do império eram civis, cuja seleção era extremamente elitista e cuja formação era bacharelesca, mas que resultava em postos altamente remunerados e valorizados; por outro lado, os militares tinham uma seleção mais democrática e uma formação mais técnica, mas que não resultavam nem em valorização profissional nem em reconhecimento político, social ou econômico. As promoções na carreira militar eram difíceis de serem obtidas e eram baseadas em critérios personalistas em vez de promoções por mérito e antiguidade.
A Guerra do Paraguai, além de difundir os ideais republicanos, evidenciou aos militares essa desvalorização da carreira profissional, que se manteve e mesmo acentuou-se após o fim da guerra. O resultado foi a percepção, da parte dos militares, de que se sacrificavam por um regime que pouco os consideravam e que dava maior atenção à Marinha do Brasil.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

PATATIVA DO ASSARÉ

Ontem, em meio a uma conversa informal me pediram que eu falasse um pouco sobre Patativa do Assaré. Me surpreendeu o súbito silencio que tomou conta de mim. Na realidade me quedei pensando se falava de Antônio Gonçalves da Silva ou de Patativa do Assaré.

Coincidentemente, nesses últimos dias tenho me debruçado em leituras. Ando atento e relendo algumas pérolas do grande Patativa do Assaré. Me encanta em especial o fato da não existência REAL, do Patativa do Assaré. Me encanta saber que o “PATATIVA” era na realidade um personagem criado pelo agricultor e cantador Antônio Gonçalves da Silva.

Adianto que são poucos os que sabem dessa diferença. Mas ela existe. E eu só pude perceber quando convivi mais tempo com o grande poeta. Houve um tempo em que os contatos pessoais se intensificaram e eu passei a frequentar a sua casa em alguns sábados, unicamente pra conversar.

Numa dessas visitas, descobri o arsenal de livros, já surrados pelo tempo, que foram lidos por ele. Acervos de poesias de Olavo Bilac, Juvenal Galeno, Catulo da Paixão Cearense, estavam guardados em meio a livros de Machado de Assis, e tratados politicos diversos. Só aí pude conhecer as duas faces; a do cidadão, bravo lutador e guerreiro Antônio Gonçalves, e a do personagem por ele criado e nominado pelo Jornalista José Carvalho como Patativa do Assaré.

A grandeza da poética de Antonio Gonçalves da Silva está na verdade escondida na sua capacidade de mimesis e de diégesis quando mistura o homem do campo com o personagem da sua própria poesia. Assim, advogo que emana do homem do campo Antônio Gonçalves da Silva, o personagem Patativa do Assaré e que este é o canal através do qual o poeta dá voz ao seu instinto poético/político/ativista.

Senão vejamos quando o próprio Antônio Gonçalves denuncia em suas rimas a sua onipresença nos versos creditados a Patativa quando canta evocando a sua origem sertaneja, a sua ligação com o campo:

Poeta, canto da rua,
Que na cidade nasceu,
Cante a cidade que é sua,
Que eu canto o sertão que é meu.

Na estrofe acima, vê-se Mimetizado e falando ao povo pela voz de Patativa do Assaré, em palavras recheadas de uma clara e invejável oralidade - não menos importante das erudições lusitanas - destacando as denuncias feitas por ele quando reclama da forma desigual com que é tratado o homem do campo. Fato este que caminha para as desastrosas consequências geradas pela desigualdade social como: miséria, fome, insalubridade, etc. Ou seja, através do personagem Patativa, ele fala das agruras sofridas pelo homem do campo. Classe na qual se insere Antônio Gonçalves da Silva.

Ou em outro trabalho quando deixa aparecer a sua visão social e politica, denunciando as causas do sofrimento dos sertanejos:

Não é Deus que nos castiga
nem é a seca que obriga
sofrermos dura sentença
não somos nordestinados
nós somos injustiçados
tratados com indiferença.
Sofremos em nossa vida
uma batalha renhida
do irmão contra irmão
nós somos injustiçados
nordestinos explorados
nordestinados, não.

De toda forma, Antônio Gonçalves da Silva foi um ser humano ímpar, singular. Patativa do Assaré permanece entre nós. Em livros, poesias, denuncias, etc. Consciente do seu papel social e com a clareza de pensamento que lhe distinguiu como poeta e como homem, Patativa do Assaré depõe a favor de sua própria arte diante de si mesmo, ao explicar seus versos no poema acima, eu Digo e não peço segredo, dizendo para Tadeu Feitosa: (Mª Socorro O. Brandão)